Moradores reclamam que encomendas não têm sido entregues pelos Correios na Serra, ES
G1 ES
11/04/2017
Moradores da Serra, Grande Vitória, reclamam que as encomendas que chegam ao Centro de Distribuição dos Correios em Novo Horizonte não têm sido entregues às casas. Além disso, quem vai até o local buscar o que está esperando precisa enfrentar longas filas.
Em resposta, os Correios informaram que o Centro de Distribuição em Novo Horizonte vai ter mais funcionários, sendo um total de quatro atendentes. Além disso, prometeu melhorar o local e disse que o horário de atendimento vai ser maior.
“Não tem cabimento. E o pior é que eles não têm estrutura nenhuma para atendimento ao público. Isso aqui é uma coisa antiga, que era esporádico, vinha uma pessoa ou outra por dia. Agora, se tornou comum todo mundo vir aqui pegar a encomenda, porque eles não entregam”, falou o representante comercial Cleto Max Gomes.
O vigilante Adenildo Andrade também pagou para ter uma entrega mais rápida e estava revoltado. “Nós pagamos por um serviço e não estamos sendo atendidos pelo serviço. Eles alegam que vão até nossa residência entregar os documentos e, na realidade, não estão indo, estão enganando a população”, disse.
Depois de passar no centro de distribuições na parte da manhã, o funcionário público Hilton Vasconcellos voltou ao local à tarde para tentar pegar a encomenda. Ele garante que a equipe dos Correios não passaram na casa dele.
“Na minha casa, tem uma câmera. Cheguei aqui e eles falaram: ‘eles passaram na sua casa duas vezes’. Mas nós olhamos lá e não aparece. Eu deixo tanto meu filho, como minha sogra e meu irmão para ver as correspondências que chegam e não chegou nenhuma delas”, contou.
Segundo o encarregado operacional Eduardo Martins, os Correios não estão entregando muitas encomendas, que são devolvidas aos remetentes.
“Semana passada, dois produtos meus voltaram ao remetente. Chegou, não consegui rastrear, eles vieram e devolveram ao remetente. Liguei para o remetente e pedi o reenvio. Hoje, está aqui a prova. Eles reenviaram e já está informando numeração inexistente, sendo que o endereço está correto”, destacou.
As pessoas que estavam na fila do centro de distribuições falaram que os problemas na entrega de documentos e encomendas começaram depois que os Correios anunciaram o fechamento de 250 agências em todo o país até o final deste ano, sendo que cinco delas estão no Espírito Santo. “Eu acho uma falta de respeito com o cidadão, que paga as coisas direito e não tem o serviço adequado”, disse Martins.
Os Correios negam que os empregados estejam fazendo ‘operação tartaruga’, por causa do fechamento de cinco agências no estado.
Funcionários dos Correios programam greve geral para o dia 26 de abril
Jornal de Uberaba
11/04/2017
“Deliberamos pela greve geral, em todo o país, a partir das 22h do dia 26 de abril. Se a empresa não recuar, acontece a greve por tempo indeterminado”. A fala é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de Uberaba e Região (Sintect-URA) ao falar sobre a situação dos trabalhadores dos Correios, Wolnei Cápolli, em entrevista exclusiva ao JORNAL DE UBERABA.
Segundo Cápolli, atualmente, os Correios têm um déficit de 19 mil trabalhadores. “Temos o histórico de vir pedindo melhores condições de trabalho desde 2011. Tivemos o último concurso dos Correios realizado em agosto de 2011. De lá para cá, não tivemos mais contratações, ou seja, de maneira formal, não se entrou ninguém mais nos Correios. Em contrapartida, saíram muitos atendentes, carteiros e operadores de triagem e transbordo (OTTs). Estamos com um déficit de 19 mil trabalhadores, falando em termos de Brasil. Em Uberaba, não deixa de ser diferente, visto que houve uma expansão territorial, principalmente com o programa Minha Casa, Minha Vida, vimos o surgimento de muitos conjuntos habitacionais, tanto que muitos deles ainda estão sem o serviço de Correios”, comenta.
Presidente do Sintect-URA prossegue. “Em Uberaba, temos aproximadamente 250 trabalhadores para 8 unidades de Correios. Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE), dois Centros de Distribuição Domiciliar (CDDs) e 5 agências. Entretanto, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) anunciou que serão fechadas 250 agências em todo o Brasil. Em Uberaba, a princípio, serão fechadas duas unidades”, ressalta.
Cápolli falou sobre as reivindicações da categoria. “Tivemos nos últimos dois anos, a passagem de três presidentes. O que sentimos é que primeiro presidente queria preparar os Correios para o futuro. Já o segundo, falava de forma declarada que não sabia nada sobre os Correios. E o terceiro, o atual, veio pleiteando a privatização da empresa. Uma forma de privatizar a empresa, que nós sindicalistas entendemos, é fazer o que vem sendo feito: não ter contratações, não pagar o plano de saúde dos funcionários. O que pedimos, hoje, é que a empresa, ao invés de anunciar cortes de benefícios, chame a unidade dos trabalhadores para fazer um pacto em prol da empresa. Colocamos nas pautas de negociações o reajuste salarial, mas uma coisa que o Sindicato Geral já fez várias vezes foi abrir mão desse reajuste salarial, após a empresa mostrar que estava em situação de dificuldade, e trocar por benefícios como aumento do vale alimentação, aumento na cobertura do plano de saúde, etc. Agora, tudo que conseguimos negociar, estão tentando tirar de nós. Estamos dispostos a negociar, mas a empresa quer enfiar a retirada de direitos e benefícios “goela abaixo”. E isso não vamos aceitar”, explicou.
Presidente do Sintec-URA participou do Conselho de Sindicatos (ConSin), em Brasília, quando foi decida pela greve geral, em todo o país. “Participamos, na última semana, em Brasília, do Conselho de Sindicatos (ConSin), com praticamente todos os sindicatos de trabalhadores de Correios do Brasil. Foi decidido, de forma unânime, que vamos encarar essa dificuldade da forma como ela está posta. A retirada de benefícios e direitos não vamos aceitar de forma alguma. Deliberamos pela greve geral a partir das 22h do dia 26 de abril. Se a empresa não recuar, acontece a greve por tempo indeterminado”, afirmou.
Hacker. Presidente do Sintect-URA ainda falou sobre o fato do email do sindicato (sintect.ura@terra.com.br), ter sido hackeado, na última quinta-feira (6). “Essa situação já foi resolvida. Ficamos sabendo que o nosso e-mail havia sido hackeado, por outras pessoas. A orientação que damos é de que se alguém tiver recebido um e-mail do Sintect-URA com o assunto ‘conversa do WHATSAPP.JPG’, não abra. Essas mensagens, além de serem totalmente inverídicas, são de cunhos criminosas, sugerindo que seu anexo não seja aberto, visto tratar-se de vírus. Mas, os próximos e-mails que forem enviados, podem abrir, sem preocupação, pois o problema foi todo resolvido. Medidas judiciais urgentes serão tomadas no sentido de ser identificado o autor desse impropério, responsabilizando-o sob as penas da lei, com respectivo enquadramento em crime cibernético”, concluiu.
Demissões e privatização: o que está por trás do suposto déficit nos Correios
Rede Brasil Atual
09/04/2017
Fundada em 1663, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), uma das mais antigas do país, vive no governo do presidente golpista, Michel Temer, a pior fase de sua história. A direção da estatal alega um déficit acumulado de mais R$ 4 bilhões nos últimos dois anos para impor uma agenda de reestruturação, que passa pela demissão de milhares de funcionários e o fechamento de mais de mais de 250 unidades próprias em todo o país.
O Plano de Demissão Voluntária (PDV) da estatal, lançado no começo deste ano, obteve a adesão de 5,5 mil empregados; a meta inicial era atingir oito mil. Por causa disso, a direção dos Correios estuda adotar um plano de demissão motivada, que poderia atingir funcionários concursados, mesmo que eles não queiram pedir desligamento da empresa.
A medida é polêmica e, se for levada adiante, abrirá precedente para demissão unilateral de funcionários concursados em diversas empresas públicas federais. Os Correios possuem 117 mil empregados e mais de 6.400 agências próprias, além de outras mil conveniadas. A estatal entrega por dia, em média, mais de 30 milhões de correspondências e encomendas em todo o país.
Déficit?
A principal justificativa para o resultado negativo nas contas dos Correios é o aporte para financiar o plano de saúde dos funcionários. Do total de R$ 2,1 bilhões em prejuízos apurados em 2016, cerca de R$ 1,6 bilhão seria apenas referente à alocação de gastos para o plano de saúde. Ocorre que a maior parte desse gasto, na verdade, é uma projeção contábil da empresa para manter o benefício do pós-emprego, ou seja, o plano de saúde dos aposentados.
“A empresa, há cerca de três anos, mudou seu balanço contábil para incluir uma dívida futura com o plano de saúde, com base em estimativas da expectativa de vida dos aposentados. Os Correios não têm que desembolsar esse recurso agora, mas estão usando esse argumento para pedir um sacrifício aos seus trabalhadores, prejudicando o atendimento ao público”, aponta José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou na semana passada que os Correios terão que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização e que o governo federal não vai aportar nenhum recurso na empresa. Segundo sindicatos e a federação dos trabalhadores dos Correios, no entanto, o governo deve pelo menos R$ 6 bilhões aos Correios por conta de repasses indevidos da estatal ao Tesouro Nacional ao longo dos últimos anos.
A “ameaça” de privatização vem sendo repetida pelo presidente da companhia, Guilherme Campos, que trava uma batalha sem precedentes com os empregados da empresa para cortar gastos e benefícios. Além da mudança no plano de saúde, com elevação da cota paga por cada empregado, o presidente dos Correios suspendeu as férias dos funcionários até abril de 2018.
Poderosos interesses
Apesar de insistir na tese de privatização caso a estatal não equilibre as contas, o próprio presidente dos Correios admite que esse seria o pior momento para a uma operação dessa natureza. “O ativo está muito depreciado e sua avaliação atual está bem abaixo de seu valor real”, declarou Guilherme Campos em recente entrevista.
Investidores estimam que os Correios poderiam valer de R$ 3 a R$ 5 bilhões, apesar de sua receita anual ultrapassar os R$ 18 bilhões. Dessa receita total, mais de 54% provêm de serviços exclusivos que só a empresa opera por deter o monopólio do setor no país. A quebra desse monopólio por meio da privatização poderia atrair gigantes de outros países, como as norte-americanas Fedex e DHL.
Além da entrega de cartas, correspondências e encomendas, os Correios conduzem grandes operações logísticas, como a distribuição de livros didáticos e das provas do Enem. Presente em todos os municípios do país, a empresa ainda é responsável pela inclusão bancária de milhões de brasileiros, por meio do Banco Postal, única instituição financeira presente em mais de 1.600 municípios do país. “Nós sabemos que o capital privado não tem interesse nos pequenos municípios, onde o volume de negócios é pequeno. Ficariam com o chamado filé e abandonariam o atendimento nas regiões periféricas”, afirma a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em artigo recente.
Ela ressalta que a privatização dos serviços de correios não é uma tendência mundial e poucos países permitem isso. “Dos 192 correios do mundo, só oito estão 100% privatizados e outros 11 contam com participação acionária da iniciativa privada”.
Correios avaliam exigir reparação da CBDA por danos à imagem
VALOR ON-LINE
8/4/17
Após informarem na quinta-feira (6) que rescindirão o contrato de patrocínio de R$ 11,4 milhões com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), os Correios notificaram a entidade nesta sexta-feira (7) e devem exigir devolução do que já repassaram para ela neste ano.
A estatal também pode pedir reparação civil por dano à sua imagem, como consta do contrato celebrado entre ambos no final de 2016.
As medidas têm sido tomadas pela empresa nos desdobramentos da prisão do ex-presidente Coaracy Nunes e outros dois dirigentes da entidade – o diretor financeiro, Sergio Alvarenga, e o consultor do polo aquático, Ricardo Cabral – em ação da Polícia Federal. Eles são acusados de desvio de dinheiro público.
Outro diretor da confederação, Ricardo de Moura, tinha mandado de prisão em seu nome, mas não fora preso até a tarde desta sexta (7).
Nos quatro primeiros meses de 2017, a estatal repassou à CBDA R$ 1,4 milhão dos R$ 11,4 milhões previstos para o acordo de patrocínio, que tem dois anos de duração.
A partir do acerto da rescisão, ela tem dispositivo para cobrar o aporte feito de volta. “De acordo com as regras do contrato, se a decisão final for pela rescisão do contrato, será feita conciliação das contas, avaliando-se o que já foi cumprido do contrato”, afirmou a empresa, em nota. Para dar andamento ao término do contrato, os Correios encaminharam à entidade esportiva uma minuta de rescisão. A patrocinada, porém, terá o direito de apresentar uma espécie de defesa.
Ainda assim, a reportagem apurou que é difícil que a empresa volte atrás. A intenção da diretoria é encerrar o acordo.
Cláusula do contrato previa, além da prerrogativa de rescindir o vínculo, também exigir multa ou acionar a CBDA na Justiça por dano. “Os Correios podem exigir multa por questões específicas descritas no contrato. Além disso, quando o caso, a reparação civil por dano é previsto em lei”, complementou a empresa do governo.
Até o momento, entretanto, não houve deliberação neste sentido. Tampouco há alguma posição quanto à eleição de um novo presidente para a confederação, o que deve ocorrer em maio. Correios e CBDA firmaram o primeiro contrato de patrocínio em 1991, e nos últimos 26 anos estabeleceram a relação mais duradoura do esporte olímpico nacional. Na renovação feita no final do ano passado, houve redução superior a 70% na comparação com o período anterior.
Nomeado pela Justiça em março para controlar a CBDA até a eleição de um novo presidente, o advogado Gustavo Licks disse à reportagem que manter o patrocínio da estatal é “emergencial” no momento.
Ele trabalhou ao longo desta sexta no intuito de tecer uma defesa para mantê-lo.
O interventor também espera ser recebido na sede da empresa, em Brasília, na próxima semana. “O corte ainda não é definitivo. Vamos tentar alguma solução, pelo menos mantê-lo ao menos até o final do ano”, afirmou.
Licks assegurou que, por ora, todos os eventos do calendário serão mantidos. Caso haja rescisão total, haverá uma reavaliação caso a caso.
“A CBDA e os atletas não se confundem com aquelas pessoas mencionadas na operação da polícia”, emendou.
O advogado também disse que espera realizar eleições para a presidência da entidade “o mais rapidamente possível”. Sua ideia é fazê-las em maio. “Não estou aqui para me perpetuar no cargo.”
O Ministério do Esporte disse que, se comprovadas as irregularidades, também pedirá devolução de recursos.
Elite da natação pede que Correios mantenham patrocínio após escândalo
UOL
8/4/17
César Cielo, Thiago Pereira, Bruno Fratus, Joana Maranhão, Leonardo de Deus, Ana Marcela Cunha… a elite da natação brasileira se uniu neste sábado para apelar aos Correios para a estatal rever sua decisão de interromper o patrocínio à modalidade.
A empresa havia anunciado o fim da parceira na quinta-feira, depois que uma operação da Polícia Federal prendeu Coaracy Nunes, presidente afastado da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), sob a suspeita de desvio de recursos públicos comandado por ele e outros três dirigentes da entidade, Sergio Alvarenga, Ricardo Cabral e Ricardo de Moura. Moura foi o único que não foi preso na quinta, quando a operação Águas Claras foi deflagrada.
Outras cinco pessoas sofreram condução coercitiva no decorrer do processo. Os Correios mantinham acordo de patrocínio com a CBDA há 20 anos, e neste sábado vários atletas se manifestaram através de seus perfis nas redes sociais tentando convencer a estatal a rever a decisão e mante o repasse. Eles aproveitaram a comemoração pelo dia da natação, 8 de abril, para postar suas mensagens.
“Aos CORREIOS:”, escreveu Cesar Cielo, o nadador brasileiro mais bem-sucedido na história, “nós dividimos conquistas e sempre estivemos juntos. No dia da natação (8 de abril) a minha homenagem vai ao maior parceiro da natação brasileira. Obrigado por tudo! #FicaCorreios.”
Thiago Pereira, o maior medalhista da história dos Jogos Pan-americanos, que se aposentou em março, postou uma foto com sua coleção de medalhas e a frase: “Jogos Pan-Americanos, 2003-2015: eu não estava sozinho. Os correios estavam comigo. #ficacorreios #anataçãoprecisadevocês”
Joana Maranhão, que mesmo antes do escândalo eclodir sempre criticou o que chamava de “ditadura da CBDA”, também pediu à estatal para manter o patrocínio, assim como Bruno Fratus, que também representou o Brasil na Olimpíada do Rio. De acordo com o processo da operação Águas Claras, os Correios repassariam R$ 11,4 milhões à CBDA em 2016 e 2017. Neste ano, a quantia era de R$ 5,35 milhões. Os Correios afirmaram que já haviam reduzido com pesar o patrocínio à confederação por questões de orçamento, mas o impacto negativo do escândalo fez com que a empresa buscasse as “medidas legais cabíveis previstas para rescindir o atual contrato de patrocínio”, válido para o período de 2017 a 2019.
Lei de responsabilidade das estatais precisa ser respeitada
VALOR ECONÔMICO
7/4/17
A lei 13.303, aprovada em junho de 2016, foi uma das primeiras respostas do Congresso e do Planalto à estupefação geral com o vasto esquema de corrupção descoberto pela Lava-Jato, unindo partidos políticos, empresários, diretorias e gerências de empresas estatais. Além de criar sistemas de compliance e auditoria, a lei restringiu a invasão em massa dos cargos técnicos diretivos de estatais e bancos públicos por pessoas despreparadas para o cargo, cuja função, revelaram as investigações da Lava-Jato, era subtrair dinheiro público para seus colegas e para si próprios. Os procuradores de Curitiba estão provando com cifras e nomes o que se suspeitava – a apropriação de bens públicos por quadrilhas comandadas por políticos inescrupulosos.
O presente jogou luz sobre o passado, em um esquema que vem de longe. Quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, disse que o seu PP queria indicar alguém para “aquela” diretoria da Petrobras que “furava poço”, não estava interessado no petróleo que jorraria, mas nos bilhões que vinham à tona com ele. A extensão dos esquemas de cooptação dos órgãos do Estado por apadrinhados políticos vai até aonde a vista alcança. O mais recente escândalo, ainda em cartaz, ocorreu na Operação Carne Fraca, seguindo o figurino padrão: Há achacadores dentro da máquina estatal, um ou vários chefes, empresas que querem facilidades que os subornam, enriquecimento ilícito e propina para campanhas eleitorais.
Os congressistas concordaram em limitar suas próprias ambições com a lei de responsabilidade das estatais, como ficou conhecida. Criaram uma armadilha para suas ambições e vem tentando escapar dela. A nomeação política continua correndo solta. Como o Valor informou ontem, a prática persiste, sem alardes. Técnicos com experiência na aviação civil, que saíram da Infraero, por exemplo, foram substituídos por pessoas ligadas ao PR, o partido do ministro Maurício Quintella. Quatro vice-presidências dos Correios são feudo do ministro Gilberto Kassab e seu PSD, onde também atua o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), da tropa de choque de Eduardo Cunha, e relator do impeachment de Dilma Rousseff.
Há tentativas discretas de burlar a lei, como ocorreu no caso da Itaipu Binacional, em março. A escolha para a diretoria foi feita como sempre, entre correligionários e apadrinhados, e foi submetida à sanção do presidente Michel Temer. Os indicados foram apontados pelo jornal “O Globo” como membros do PSD e PPS, em desacordo com as regras da lei, e todas as nomeações para a estatal foram suspensas. O setor elétrico é uma vítima frequente desses esquemas. Doze anos depois, a Justiça do Rio indiciou Roberto Jefferson e mais seis pessoas por corrupção em Furnas e Aécio Neves continua perseguido por suspeitas de que tirou proveito de indicações para cargos na estatal.
Havia grande controvérsia sobre a necessidade da lei. Diante das evidências generalizadas de tenebrosas transações, pareceu lógico criar regras para preservar da espoliação política as funções especializadas da máquina pública e entregá-las a quem tem competência para fazê-lo. Exigiu-se 4 anos de experiência na área de atuação para o qual se busca a nomeação, prática mínima de três anos de chefia e formação acadêmica compatível com o cargo. Estão impedidos candidatos ao cargo que participaram de estruturas decisórias de partidos ou organização de campanhas eleitorais nos 3 anos anteriores. Ministros, secretários de Estados, titulares de mandatos legislativos, ocupantes de cargos superiores na administração pública não podem mais ser indicados ao Conselho de Administração.
Mas nenhuma lei para de pé se sua execução não for fiscalizada e seus autores não a respeitarem. Indicações políticas nada têm de errado e são rotina nas democracias. Em um ambiente político degradado como o brasileiro, com partidos artificiais, sem programas, a conduta antirrepublicana nas nomeações tornou-se a norma, não a exceção (que existe). A ausência de uma burocracia competente e estável no Estado é devida em parte ao loteamento desregrado. Grande parte dos políticos não está interessada em escolher os melhores para a máquina pública e garantir seu ótimo funcionamento, mas cobiça exatamente as diretorias que “furam poços”. Ainda que falha, a lei das estatais deve ser aplicada à risca, contra a vontade de dezenas de partidos que compõem a base aliada e estão nela, como estiveram com o PT, para fazer o que não deveriam.
MPF-CE denuncia funcionário dos Correios que desviava encomendas
Por G1 CE
07/04/201
O Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) apresentou denúncia à Justiça Federal contra um funcionário dos Correios por crime de peculato. De acordo com a investigação que resultou na ação, o servidor, empregado no Centro de Triagem dos Correios em Fortaleza, desviava bens do fluxo postal para revender a terceiros. A denúncia é do procurador regional da República Francisco Araújo Macedo Filho.
A situação foi percebida a partir da análise das imagens do circuito interno realizada por outros funcionários dos Correios. A polícia, ao ser chamada ao local, encontrou o funcionário com dois aparelhos de telefone celular e vários pacotes de Telesenas para resgate sob sua posse. Diante das provas, ele foi preso em flagrante.
Ao ser interrogado, o funcionário confessou que roubava bens do fluxo postal. O funcionário disse que revendia aparelhos celulares para uma loja de assistência técnica, mas que os donos do estabelecimento não tinham conhecimento da procedência dos produtos. Em sua defesa, ele afirmou ainda que fazia isso para custear despesas de saúde do filho.
Peculato é um crime de desvio de dinheiro público, ou outro objeto, por funcionário que tem a seu cargo a administração de verbas públicas. É crime específico do servidor público e trata-se de um abuso de confiança pública. Quem comete este tipo de crime está sujeito a uma pena de reclusão de dois a 12 anos e pagamento de multa.
Estatais à míngua
FOLHA DE S.PAULO
7/4/17
No ápice do programa nacional de privatizações, nos anos 1990, houve quem alardeasse que o país caminhava para um modelo de Estado mínimo. Os fatos desmentiriam cabalmente tais temores.
Não apenas as despesas e as receitas governamentais mantiveram-se em expansão contínua, só agora freada, como o poder público conservou em suas mãos uma ainda formidável coleção de empresas dos mais diversos perfis.
Apenas a administração federal dispõe hoje de 48 estatais sob seu controle direto –entre elas, a maior companhia do país em patrimônio, a Petrobras, e a maior instituição financeira, o Banco do Brasil.
O número chega a 154 se somadas as empresas subsidiárias dos grupos mais portentosos, como o petroleiro, o elétrico e o financeiro.
Com as privatizações retiradas da pauta política, o aparato estatal expandiu-se, em quantidade e peso na economia, ao longo dos governos petistas –em ensaio de emulação, com nova roupagem ideológica, do Estado empresário cujo auge se deu no regime militar.
Verifica-se agora, em detalhes mais precisos, a ruína vertiginosa de tal projeto. Conforme dados recém divulgados, os investimentos das companhias federais caíram a R$ 56,5 bilhões no ano passado, num recuo de 60% ante o volume de 2013 (o maior deste século).
Devastada pela corrupção, posta às claras em dimensões inauditas, e pela queda dos preços do óleo, a Petrobras encabeça com ampla dianteira o colapso. Empresas como Eletrobras e Correios ainda buscam remendos para suas contas.
De positivo, registre-se que o expansionismo desgovernado das estatais acabou coibido pelas instituições da democracia e do mercado. Na era petista, o peso de seus investimentos mal passou dos 2% do Produto Interno Bruto, contra recorde de 7% durante a ditadura.
No entanto, constata-se que o Estado delineado pela Constituição de 1988 –cuja prioridade inequívoca é o bem-estar social– não dispõe de padrões duradouros e satisfatórios para gerir a vasta rede de empresas que herdou.
Quando estão à míngua, como agora, fala-se em austeridade, gestão profissional ou até venda; ao menor sinal de bonança, assanha-se o mundo político por nomeações e negócios que escapam ao controle dos orçamentos regulares.