Funcionários dos Correios vão à Justiça contra Guedes por uso de dados mentirosos sobre a estatal
Revista Forum
28 de outubro de 2019
Os funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Salim Mattar, secretário de Desestatização, pelo uso de informações sobre a estatal que eles afirmam ser mentirosas, com o objetivo de manipular a opinião pública e justificar a privatização da empresa. Informação é da coluna de Guilherme Amado, na Época.
Uma das informações que os funcionários afirmam estar errada é sobre o balanço dos Correios, que, de acordo com eles, registraram lucro de R$ 800 milhões nos últimos dois anos. Enquanto isso, o ministro da Economia tem repetido que a empresa dá prejuízo.
Os Correios têm sido o principal alvo do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O presidente chegou a dizer que “privatização começa pelos Correios” e a empresa é uma das 15 incluídas no plano de privatizações de Paulo Guedes, que abarca também Eletrobras, a EBC e a Casa da Moeda.
No entanto, um levantamento do Datafolha divulgado no último mês revelou que a população brasileira não está de acordo com os planos. Segundo a pesquisa, 67% dos brasileiros são contrários às desestatizações e apenas 25% se diz favorável.
Funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra Guedes e Mattar
Reconta Aí
28 outubro
Em sua coluna desta segunda-feira (28) na Época, o jornalista Guilherme Amado afirma que os funcionários dos Correios estudam a hipótese de ir à Justiça contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar.
A justificativa, segundo o colunista, seria “pelo uso sistemático de informações sobre a estatal que eles afirmam ser erradas, com o objetivo de justificar a privatização da estatal.”
Marcos César Alves Silva, vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), contou que uma das informações falsas usadas pelas autoridades é de que a empresa pública tem dado prejuízo.
“O Ministério da Economia sabe, por força de ofício, porque está no site dos Correios, que nos últimos dois anos demos lucro de mais de R$ 800 milhões”, disse.
Alves Silva ressalta que a ação vem como uma resposta dos funcionários que estão “cansados de ver isso acontecendo e a diretoria da empresa silenciosa”.
Ele finaliza dizendo que os “ultraliberais extremistas do governo estão afoitos para provar suas teses extremistas e por isso criam fake news para macular a imagem de estatais que deveriam ter seu trabalho reconhecido”.
Os Correios exercem um papel fundamental na logística de correspondência no Brasil. Sem essa expertise da empresa pública, seria impossível realizar o Enem, por exemplo. Além disso, não há meios de garantir capilaridade de atendimento e inviolabilidade das correspondências se a empresa perder seu caráter público.
O governo anunciou uma lista com 17 estatais a serem privatizadas, dentre elas os Correios, a Telebras, Serpro, Dataprev, Casa da Moeda e Eletrobras.
Correios confirmam fim de contrato com BB no Banco Postal
Valor
28/10/19
Os Correios e o Banco do Brasil não chegaram a um acordo sobre a renovação do contrato do Banco Postal. A parceria entre as estatais será encerrada em 15 de dezembro e a prestação do serviço será descontinuada, apurou o Valor. A informação foi confirmada pela empresa postal.
A partir desta data, a prestação de serviços básicos como saques, depósitos, pagamentos de contas e consultas serão feitos por meio do Balcão do Cidadão, em parceria com mais de uma instituição financeira. O próprio Banco do Brasil negocia adesão a este modelo de serviço.
Em 2018, o Banco Postal estava presente em 6.058 agências e teve receita de R$ 234,61 milhões. O número de agências que oferece o serviço à população caiu 60% entre desde o ano passado, totalizando 2.448 unidades. Entre os municípios sem serviços bancários, passou de 1.929 para 829.
No início do mês, o Valor mostrou que os dois lados estavam negociando a questão, mas que havia dificuldades. O Banco do Brasil queria evitar o pagamento de “luvas” pelo direito de operar o serviços, enquanto os Correios desejavam receber esse bônus para fechar a parceria com o banco estatal ou outra instituição.
O banco público discute os termos para aderir à proposta para prestar serviços bancários sem exclusividade com nenhuma instituição financeira. A ideia no BB é tentar manter operações por meio dos Correios em lugares de mais difícil acesso, em posição complementar à sua própria operação. Esse projeto de ampliar a prestação de serviços nas 6.248 agências espalhadas pelos 5.570 municípios surgiu na administração de Juarez Cunha, que comandou a estatal de remessas por sete meses e foi substituído por Floriano Peixoto junho deste ano.
Uma fonte disse à reportagem que a ideia de Cunha era aumentar a oferta de serviços para mostrar ao governo federal a importância dos Correios e evitar a privatização. Neste mês, um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro incluiu a empresa no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que fará estudos sobre a privatização.
Segundo a estatal, todas as unidades de atendimento dos Correios estarão disponíveis para a prestação do serviço no Balcão do Cidadão, que será formalizado por meio de contratos comerciais entre a empresa e as instituições financeiras. Por Alexandre Melo e Fabio Graner, Valor Econômico.
Direção Nacional da ADCAP.