Adcap Net 19/12/2017 – Plano de saúde dos Correios banca até os pais e perde R$ 1,8 bilhão – Veja mais!

Plano de saúde dos Correios banca até os pais e perde R$ 1,8 bilhão

Folha SP
19/12/2017

Se as despesas das estatais com planos de saúde já são altas, ao representar mais do que o dobro do setor privado nas modalidades mais caras, no caso dos Correios elas são mais do que o triplo.

A assistência bancada pela empresa por funcionário supera os R$ 12.000 por ano, já que o benefício é estendido não somente aos dependentes mas também aos pais e às mães dos empregados.

Atualmente, os Correios têm 108 mil funcionários na ativa e 32 mil aposentados, mas paga as despesas de saúde de 400 mil pessoas. “No ano passado tivemos um prejuízo de R$ 1,5 bilhão”, afirmou o presidente dos Correios, Guilherme Campo. “O Postal Saúde [plano da estatal] teve um prejuízo de R$ 1,8 bilhão. Se essa situação não for resolvida, o plano vai quebrar, e a empresa também.”

A estatal vem tentando negociar, sem sucesso, um enxugamento do plano com os funcionários. Agora, a questão está no TST (Tribunal Superior do Trabalho) e será julgada no início de 2018.

Para a diretora de comunicação da Fentect (federação dos trabalhadores dos Correios), Suzy Cristiny da Costa, é uma “falácia” a possibilidade de a empresa quebrar.

“O que existem são lançamentos contábeis que a empresa optou por fazer agora, com o objetivo de privatizar os Correios”, declarou.

A Infraero informou que aprovou um novo modelo para seu plano de saúde, em que o empregado contribui de acordo com sua faixa salarial e etária. As mudanças estão sendo negociadas com os trabalhadores.

GESTÃO LEVIANA DEIXOU OS CORREIOS EM FRANGALHOS

Diário do Poder
19/12/17

Gastando R$12 bilhões por ano com funcionários, além de benefícios jamais vistos nem mesmo em sociedades socialistas, os Correios se encontram em situação tão ruim que nem a privatização a salvaria. Dificilmente apareceria comprador para uma empresa com serviços em declínio e 108 mil empregados com estabilidade no emprego, obrigada a bancar plano de saúde para 450 mil, incluindo até cônjuges e os pais.

Correios já têm prejuízo de R$ 2 bi no ano

VALOR ECONÔMICO
19/12/17

Mesmo após uma série de medidas para reduzir gastos, como fechamento de agências próprias e corte de patrocínios, o prejuízo da estatal em 2017 já alcançava R$ 2,03 bilhões até novembro 17% a mais do que o déficit do mesmo período do ano passado.

A sangria financeira na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não foi estancada pelo novo governo. Mesmo após uma série de medidas para reduzir gastos, como fechamento de agências próprias e corte de patrocínios, o prejuízo da estatal em 2017 já alcançava R$ 2,03 bilhões até novembro 17% a mais do que o déficit do mesmo período do ano passado.

Será o terceiro ano seguido no vermelho, superando todas as estimativas pessimistas feitas pelo próprio governo. Em meio às discussões sobre uma eventual privatização dos Correios, a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) apresentou ao Palácio do Planalto uma projeção que apontava prejuízo de R$ 1,3 bilhão neste ano.

Em uma tentativa desesperada de inverter a trajetória, o ministro Gilberto Kassab (da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) cruzou a cidade e foi despachar na semana passada com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho.

Os Correios vinculados ao Ministério das Comunicações judicializaram sua disputa com sindicatos em torno do Postal Saúde, empresa responsável pela gestão do convênio médico dos trabalhadores, que representa mais de 80% do rombo acumulado nos últimos três exercícios.

As duas partes passaram o ano inteiro buscando um acordo, mas as tentativas de mediação do TST fracassaram por causa da resistência dos sindicatos à proposta dos Correios. A companhia acaba de entrar com uma ação judicial para reduzir seus aportes e Kassab foi pedir a Ives Gandra que o julgamento ocorra logo no início de 2018. Quanto mais a agonia se prolongar, conforme advertiu o ministro na conversa, mais perto se estará do colapso.

A cada R$ 100 com gastos do plano de saúde, os Correios bancam R$ 93 e os trabalhadores arcam com R$ 7. Hoje o benefício abrange funcionários da ativa e aposentados, mas se estende nas mesmas condições para cônjuges, filhos e pais. Na ação judicial, a estatal pleiteia bancar 100% dos gastos, mas restritos aos empregados (ativos ou inativos), sem dependentes. Dispõe-se ainda a transferir 15% do resultado líquido em caso de lucro para abater os custos do convênio.

“É essencial para o nosso equilíbrio e a nossa sustentabilidade”, disse o presidente da ECT, Guilherme Campos, que relativiza o déficit verificado neste ano. Para ele, o resultado foi muito prejudicado pelo programa de demissões voluntárias, que teve a adesão total de mais de 6 mil pessoas. A reserva contábil para o pagamento dos incentivos às demissões está sendo feita no balanço de 2017. Ela representa uma despesa adicional de R$ 1,2 bilhão nas contas, mas sem o mesmo impacto imediato no fluxo de caixa porque as indenizações são parceladas em oito anos.

“Sem o PDV e as despesas com o Postal Saúde, estaríamos terminando este ano praticamente no zero a zero”, afirmou o presidente. Segundo ele, isso significa que as medidas de austeridade e racionalização tiveram reflexo. Houve fechamento de agências aos sábados, redução do número de unidades da rede própria (sem mexer nas franqueadas), corte de patrocínios culturais e esportivos, adiamento de férias para trabalhadores a fim de economizar com o adicional, que é de 70% (e não 30%), por acordo coletivo.

Muitos sindicatos e associações de empregados, porém, desconfiam que a cartilha apregoada por Campos ex-deputado federal e hoje vice-presidente nacional do PSD busca deteriorar as contas da empresa tão somente para tornar menos complicada sua privatização no futuro.

Eles apontam que algumas iniciativas promissoras ficaram estancadas ou tiveram pouco avanço. Um projeto de lei apresentado em maio pela deputada Maria do Rosário (PTRS) dá à administração pública federal a prerrogativa de contratar diretamente os Correios para serviços postais. “Estimativas menos otimistas da própria estatal calculam o valor de R$ 20 bilhões [como potencial de receitas]”, afirmam Maria do Rosário e os demais coautores do projeto.

Um aspecto destacado pelos críticos é a queda em torno de 5% nas receitas da empresa. A tentativa de relicitação do Banco Postal, que engordava o caixa dos Correios, fracassou. Concorrentes no mercado de encomendas expressas, que não constituem monopólio, também avançam.

Diante dos três anos seguidos de prejuízo que já totalizam mais de R$ 6 bilhões , os indicadores operacionais sofreram um tombo. O número de indenizações por perdas, atrasos e roubos de objetos saltou de 7.534 em 2015 para 12.434 em 2017 (até outubro). Houve aumento de R$ 140 milhões para R$ 187 milhões, na mesma comparação, como forma de reparo aos clientes.

Questão de tempo

O GLOBO
19/12/17

No período 2006 a 2011, levaram os Correios a perder mais de 90% do seu patrimônio líquido

O governo já sabe que os Correios devem começar 2018 em situação financeira muito crítica.

A previsão é de que neste ano o rombo (passivo a descoberto) será recorde e só poderá ser atenuado com injeção emergencial de dinheiro, direto do Tesouro.

Em análise das contas da estatal nos últimos seis anos, a Controladoria Geral da União concluiu que os prejuízos acumulados, no período 2006 a 2011, levaram os Correios a perder mais de 90% do seu patrimônio líquido.

No relatório à Presidência da República, a Controladoria deixa claro que é real o “risco à continuidade operacional”.

No Palácio do Planalto, discute-se se a decisão de privatizar a empresa deve ser tomada ainda no primeiro trimestre ou deixada para o sucessor de Michel Temer.

MPT vê assédio moral e abuso de presidente dos Correios contra funcionários

JOTA
18/12/17

Ministério Público do Trabalho afirma que o presidente dos Correios, Guilherme Campos, praticou assédio moral e abuso numa ação para forçar funcionários a aderirem ao plano de demissão voluntária da empresa.

A avaliação consta no parecer da procuradora do Trabalho, Renata Coelho, enviado ao Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região na ação civil pública movida pela Associação dos Profissionais dos Correios, com pedidos de danos morais, contra o presidente da empresa. Para a entidades, declarações de Campos à imprensa configuram assédio e coação aos trabalhadores. O presidente dos Correios nega.

Segundo o MP, houve um movimento do presidente dos Correios para forçar moralmente e economicamente trabalhadores a aderirem ao PDV sob pena de sofrerem medidas duras como a alteração do plano de saúde.

“O réu agiu de forma pessoal e ilícita ao buscar os mais variados meios para propagar ideias que incutiram temor e insegurança. Não tinha dever de fazê-lo, não era necessário à sua gestão que o fizesse e não pode, por isso, escusar-se sob o manto da pessoa jurídica que gere. Em verdade praticou verdadeiro assédio moral, cometeu abuso, excedeu sua esfera de atribuições e invadiu a esfera moral dos trabalhadores. Responsável é, ainda que estivessem os Correios como co-réu. Não foi o cargo ou a organização que o obrigou a praticar os atos danosos e sim o réu que se valeu do cargo e das informações privilegiadas que possuía para chamar a mídia e por meio dela cometer abuso e gerar terror com ameaças”, escreveu a procuradora.

“Inadmissível pensar que um gestor possa praticar todo e qualquer ato em seu cargo e adquira uma espécie de imunidade ampla e irrestrita, fazendo com que o ente da administração pública, seja direita ou indireta, arque sozinho com todas as consequências de ilicitudes”, completou.

Na avaliação da procuradora, Campos se valeu do cargo e das informações privilegiadas que possuía para “chamar a mídia e por meio dela cometer abuso e gerar terror com ameaças”. “Não foi o cargo ou a organização que o obrigou a praticar os atos danosos”, disse.

Segundo a advogada Karoline Martins, que representa a ADCAP pelo escritório Cezar Britto & Advogados Associados, as declarações do presidente dos Correios são temerárias e não deveriam ser proferidas por um gestor público que comanda uma das maiores empresas do país.

“O senhor Guilherme Campos, em suas falas à imprensa, de caráter bastante ofensivo, tenta justificar o déficit financeiro da empresa culpando os trabalhadores. Porém, há dados reunidos por federações e sindicatos, que representam os trabalhadores dos Correios, que comprovam que este déficit é fruto de sucessivos atos de má gestão”.

Uma das declarações questionadas é de abril, quando Campos afirmou : “temos um estudo encomendado e a possibilidade de demissão motivada ainda está na pauta. A empresa não tem condições de arcar com a sua folha de pagamento”.

À Justiça do Trabalho, a defesa de Campos afirmou que “não existe ameaça perpetrada, o que existe é uma realidade de crise econômico-financeira enfrentada pela ECT, sendo que os números não mentem. […] Logo, não há que se falar em ameaça para adesão ao Plano de Demissão Incentivada – PDI, mesmo porque a Autora não produz qualquer prova de que seus associados tenham sido imbuídos de “uma falsa sensação de única opção segura”.

“Veja-se, sob o aspecto financeiro, que em 2012 o déficit da ECT foi de R$ 949 milhões; em 2013, de R$ 1,6 bilhão; em 2014, de R$ 1,4 bilhão; em 2015, R$ 1,7 bilhão; em 2016, R$ 16 milhões, e em 2017, já acumula R$ 487 milhões.”

“Em decorrência desses resultados, aliados às expectativas futuras de resultados da ECT, que mantêm a tendência de déficit de fluxo de caixa, durante o ano 2016 promoveram-se ações no sentido de captar recursos financeiros por meio de operação de crédito, na modalidade de Capital de Giro, no valor de R$ 750 milhões, que deverá ser pago com juros. Consoante demonstrado alhures, a situação econômica-financeira da ECT passa por um momento de extrema delicadeza, ao que várias medidas têm sido adotadas com o objetivo de amenizar o deficit das contas e oportunizar a continuidade da prestação dos serviços postais e garantia dos empregos dos mais de 100.000 (cem mil) empregados desta Empresa Pública”. (Fonte: JOTA 18/12/17)

Contratos dos Correios com consultoria chegam a 80 milhões

O Antagonista
18.12.17

Os Correios também assinaram com a Accenture contrato de R$ 44,4 milhões para “consultoria técnica-especializada visando o assessoramento e orientação à CorreiosPar no processo de estruturação de negócios e de operações de M&A”.

O valor se soma aos R$ 35,58 milhões de outro contrato com a mesma consultoria para ajudar no processo de “transformação” dos Correios, seja lá o que isso signifique.

Os dois contratos somados chegam a R$ 80 milhões. Essa consultoria deve ser boa mesmo.

Aportes para bancar estatais dependentes somaram R$ 13,35 bi em 2016

ESTADÃO
18/12/17

Informação foi divulgada em boletim do Tesouro Nacional; de 2012 ao ano passado, a empresa que mais recebeu recursos foi a Embrapa, com injeções de R$ 12,6 bilhões no total

Os aportes do Tesouro Nacional para bancar as atividades estatais dependentes continuaram crescendo em 2016 e atingiram R$ 13,35 bilhões, segundo a primeira edição do boletim “Aspectos Fiscais do Relacionamento entre o Tesouro Nacional e as suas Participações Societárias”, divulgada nesta segunda-feira, 18, pelo órgão. É o maior valor desde 2012, quando as subvenções injetadas pelo Tesouro somaram R$ 6,5 bilhões.

As empresas estatais dependentes são aquelas que têm custos bancados com recursos do Orçamento Federal. Suas receitas próprias não são suficientes para bancar as atividades. Por isso, elas precisam de ajuda do Tesouro.

O que o boletim mostra é que esse socorro cresceu ano a ano desde 2012, até atingir um recorde no ano passado, justamente em meio à crise fiscal e à necessidade crescente de o governo se endividar para bancar seus próprios déficits.

Sem reforma da Previdência, perderemos a confiança do mercado, diz secretária do Tesouro.

Aportes. A União controla 16 estatais dependentes de forma direta e outras duas de forma indireta, por meio de uma autarquia. Entre 2012 e 2016, essas empresas, que atuam em diferentes setores, receberam no total R$ 49,1 bilhões em subvenções do Tesouro.

A empresa que mais recebeu recursos nesse período foi a Embrapa (R$ 12,6 bilhões), seguida pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que recebeu R$ 5,5 bilhões, e pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), que contou com R$ 4,6 bilhões de subvenção.

No conjunto de todas as estatais (não só as dependentes), o governo tem tido um custo muito maior do que o retorno (sobretudo em dividendos). Entre 2012 e 2016, apenas em um ano essa relação foi positiva, maior que 1 (1,36 em 2014). Em todos os outros anos, a relação ficou abaixo de 1, o que indica dispêndios superiores aos retornos obtidos.

O ano passado foi o pior em termos da relação retorno x custo. Ficou em 0,20. “Essa evolução está associada, no período entre 2012 e 2016, ao aumento continuado dos gastos com subvenção e à queda das receitas com dividendos”, afirma o boletim.

Os custos incluem não só as subvenções para as estatais dependentes mas também a injeção de capital por meio de instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCDs) e de adiantamentos para futuro aumento de capital (AFACs).

“Cabe ressaltar que a melhoria do desempenho das empresas em 2017 aponta para a elevação da estimativa de receitas com dividendos, ainda que não o suficiente para superar as despesas com subvenções, as quais continuam se mantendo em patamares bastante elevados”, diz o documento.

Risco. Correios e Infraero são estatais não dependentes, mas correm o risco de passarem a depender do Tesouro Nacional para sustentar suas operações. O boletim não menciona diretamente essa possibilidade, mas reconhece que a situação financeira dessas empresas é difícil. Ambas vêm tendo prejuízos seguidos desde 2013.

O governo criou um grupo de trabalho para discutir a situação dos Correios no ano passado. A finalidade do grupo, segundo o boletim, é “propor e acompanhar a adoção de medidas para garantir a sustentabilidade operacional da empresa”.

Entre essas iniciativas estão a implementação do plano de demissão incentivada, a recomposição tarifária, a renovação do contrato do Banco Postal com o Banco do Brasil, a racionalização da estrutura e da rede de agências e a modernização da companhia.

A Infraero, por sua vez, tem registrado prejuízos recorrentes “em função da redução do movimento operacional de passageiros, aeronaves e carga aérea, assim como da perda de receitas resultante da concessão dos seus principais aeroportos sem a correspondente redução de despesas na mesma magnitude, sobretudo de pessoal”.

Segundo o boletim, estão sendo adotadas medidas de saneamento da empresa, com reflexo na redução do prejuízo em 2016.

O governo enviou ao Congresso Nacional recentemente um projeto de lei para criar um programa de recuperação e melhora empresarial para evitar que mais estatais federais passem a depender de recursos públicos para se manter. As empresas vão ter indicadores econômicos e financeiros monitorados para que seja possível aplicar medidas prévias, que evitem a piora da situação das companhias. “É uma espécie de ‘recuperação judicial’ das estatais”, comparou o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Fernando Ribeiro Soares, em entrevista ao Broadcast no início de dezembro.

Crise econômica reduz adesão à campanha de Natal dos Correios

A Tarde
17/12/17

Em um papel em branco, Gabriel, 4 anos, rabiscou um dinossauro com lápis azul e amarelo. Em outro, Beatriz, 8, escreveu uma lista extensa com, pelo menos, oito sugestões de presentes, que vão desde uma boneca até um tablet de última geração, alegando bom comportamento durante o ano. Já João, 9, pediu um brinquedo para ele e outro para o irmão caçula, para evitar brigas dentro de casa.

Estas e cerca de outras 24 mil cartas da campanha Papai Noel dos Correios foram disponibilizadas para adoção este ano, em Salvador. A crise econômica, no entanto, pode comprometer a realização dos desejos de todos os alunos de 130 escolas municipais da cidade e crianças em estado de vulnerabilidade social selecionadas para participar da iniciativa.

Até a última semana, apenas 50% da totalidade de cartas haviam sido resgatadas na agência central dos Correios de Salvador, localizada na Pituba. A quantidade, de acordo com a coordenação da campanha na capital, é considerada pequena se comparada aos anos anteriores, quando, às vésperas do Natal, mais 20 mil pedidos já estavam sob a posse dos padrinhos.Em contrapartida, o número de pedidos também aumentou. O responsável pela coordenação da iniciativa no estado, Nelson Jorge Santana, também atribui este aumento à situação econômica do país. “Notamos, este ano, que cresceu a quantidade de pedidos de itens básicos, como materiais escolares, roupas e sapatos. Nas cartas, muitas crianças relatam, também, que os pais estão desempregados”, afirmou.

A maioria das cerca de 10 mil pessoas que adotou as cartinhas, porém, tem pressa em realizar o desejo das crianças: até a última quinta-feira, sete mil presentes já haviam sido entregues na agência central da Pituba para, posteriormente, serem entregues às escolas onde as crianças estudam. Os que ainda não deixaram os presentes na agência têm até amanhã para fazê-lo.

Padrinhos
O número de cartinhas adotadas, este ano, pode não ter sido contemplada a contento em comparação aos anos anteriores, no entanto, no que depender da professora da rede municipal Nair Lima, 40 anos, boa parte dos alunos da escola onde trabalha não vai ser esquecida por Papai Noel.Na última semana, ela mobilizou amigos e parentes próximos e os convenceu a participar de uma rede de solidariedade: cada um deveria escolher um dos pedidos da campanha vindos dos seus alunos.

“Eu, melhor que qualquer pessoa, conheço a realidade dos meus alunos. Parte deles não deve ganhar presente de Natal, pois os pais não têm condições. Então, resolvi convocar alguns amigos para me ajudar nesta empreitada”, disse.

Nesta semana, os garotos receberão os presentes das mãos do Papai Noel, sem nem imaginar que os mimos chegaram por meio da “pró” Nair. Ela garante que o presente, na verdade, quem ganha é ela. “Nada neste mundo paga o sorriso dessas crianças. É um prazer sem medida”, garantiu.

Todos os anos, Sueni Velena Cardoso Costa, 40, participa da campanha Papai Noel dos Correios. Este ano, ela escolheu uma carta que a tocou: no papel colorido, a criança pedia material escolar para poder estudar no próximo ano.

“Este ano, eu dei preferência a esta carta porque me tocou bastante o pedido dela. A criança se privou de pedir um brinquedo, como muitas outras, para garantir seus estudos. Minha vontade era de conseguir realizar o desejo de muito mais crianças”, disse.

INICIATIVA RECEBE PEDIDOS INUSITADOS

Entre uma infinidade de cartas, os brinquedos e aparelhos tecnológicos estão entre os pedidos mais recorrentes. No entanto, a campanha, desde a criação, há 28 anos, tem recebido pedidos inusitados.

Este ano, chamaram a atenção da coordenação duas cartas. Em uma delas, a menina Sophia, 2, pede um fogão para a mãe. Na carta, escrita pela mãe da criança, ela narra um cenário de tristeza por não poder utilizar o equipamento para preparar as refeições da criança.

“Minha mãe, que está desempregada, cozinha, muitas vezes, em um fogão a lenha improvisado no quintal de casa e não pode fazer o meu mingau do jeito que ela queria”, afirma a mãe da criança, que escreve em nome de Sophia. Segundo a coordenação da campanha, o pedido da garotinha foi adotado na última semana.

A aposentada Carmelita dos Santos Montes, 70, foi à sede dos Correios para depositar um pedido: reencontrar as duas irmãs, que perderam o contato com ela há mais de 50 anos. Natural de Ilhéus, a idosa contou que espera ganhar este presente de Natal: “Vi na televisão a campanha e resolvi pedir ao Papai Noel para me ajudar. Gostaria muito de revê-las”.

Direção Nacional da ADCAP.

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