Adcap Net 11/07/2017 – Desconto de aposentados dos Correios por rombo de fundo de pensão chegará a 20% – Veja mais!

Presidente dos Correios afirma que agência deve permanecer

Diário do Litoral
11 JUL 2017

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a agência da Avenida Nossa Senhora de Fátima, na Zona Noroeste não deve ser fechada. A declaração foi feita durante reunião com o presidente da Câmara Municipal de Santos, Adilson Junior (PTB) e os vereadores Geonísio Aguiar (PSBD) e Fabiano Reis (PR), ontem, na sede da empresa, em São Paulo.

“Não podemos afirmar agora, até por conta da situação dos Correios e do processo de fechamento de várias agências em todo o Brasil, mas até dezembro ela fica aberta e a tendência é que continue assim”, afirmou Campos.

Geonísio Aguiar, o Boquinha, declarou que a reunião foi esclarecedora, pois os vereadores levaram ao presidente da entidade um diagnóstico com a importância da única agência dos Correios existente no bairro.

“A agência atende cerca de 17 mil pessoas por mês e oferece um ótimo atendimento para quem mora naquela região. O presidente só não bateu o martelo em relação ao que vai acontecer após dezembro, porque realmente o órgão está em uma situação financeira difícil, mas praticamente garantiu que esse prazo vai se estender”, afirmou Boquinha.
Além da permanência da sede, os vereadores transmitiram a reivindicação de funcionários e moradores em relação aos problemas de acesso ao centro de distribuição dos Correios na região. Sobre isso, o presidente afirmou que já tinha conhecimento da situação, por conta das reclamações do sindicato dos funcionários dos Correios e que pretende buscar um novo imóvel para o serviço.

Está prevista também, nas próximas semanas, a visita do superintendente regional dos Correios, Sérgio Repolho, à Baixada Santista, para, ao lado dos vereadores, conhecer a agência da Zona Noroeste e o centro de ¬distribuição.

Os parlamentares consideraram a reunião muito positiva e Campos reconheceu que a manutenção da agencia ganhou força graças à ação política dos deputados federais Beto Mansur (PRB) e João Paulo Tavares Papa (PSDB), e agora dos três vereadores da cidade.

“É uma região periférica, onde mora um terço da população da cidade, e que muitos moradores precisam buscar suas entregas e correspondências na própria agência dos Correios. A região, que já perdeu a agência do Banco do Brasil e a Farmácia Popular, não poderia ficar sem mais esse serviço”, afirmaram os vereadores.

Histórico
Em junho, a única agência dos Correios que atende a Zona Noroeste, localizada na Avenida Nossa Senhora de Fátima, 715, havia sido notificada sobre a ¬transferência da unidade para um novo local, o que aconteceria em agosto.

Com a notícia, houve mobilização política e horas depois, a empresa informou que o prazo para o fechamento da agência seria dezembro. Preocupados com apenas a prorrogação das atividades, os vereadores se comprometeram a continuar acompanhando a situação para evitar o fechamento da agência no fim deste ano.

Desconto de aposentados dos Correios por rombo de fundo de pensão chegará a 20%

O Estado de São Paulo
10 Julho 2017

Entre os beneficiários de fundos de pensão com déficit, os do Postalis (patrocinado pelos Correios) são os que se encontramem situação mais dramática. O corte atual em suas aposentadorias beira os 18% e, até o fim do ano, deverá chegar a 20%.

Dos dois planos de previdência do Postalis, o mais antigo é que apresenta déficit – de R$ 7,4 bilhões. Esse plano tem 84,2 mil participantes e todos contribuem para cobrir o rombo.

Romez Chicani, de 67 anos, vê os descontos sendo feitos de sua aposentadoria mês a mês desde 2013. “Nos enfiaram isso (os descontos) goela abaixo”, diz indignado. Chicani trabalhou nos Correios como motorista até 2009, quando saiu em um PDV (Plano de Demissão Voluntária). Hoje, deveria ter um benefício bruto de R$ 1.656,79, mas R$ 296,89 (17,92%) são retidos para equacionar o déficit. Outros 2,73% passarão a ser descontados por causa do prejuízo de 2015 – o de 2016 ainda não foi discutido. “É difícil, viu? Para mim, esse valor é muito importante. Dá quase R$ 3 mil por ano. Seria uma viagem que eu poderia fazer com minha mulher.”

Chicani e a esposa vivem com a aposentadoria dos Correios e outra de R$ 3 mil do INSS. Ele se mostra irritado sobretudo com o fato de que os descontos serão feitos por 23 anos. “Acha que vou viver mais 23 anos? Eu vou pagar isso é pelo resto da minha vida”, afirma. “Nos roubaram. Milhões de reais foram aplicados entre aspas. Onde já se viu comprar empresa falida?”Negligência. Chicani se refere à compra de debêntures do Grupo Galileo, realizada em 2011, que teve como garantia as mensalidades do curso de medicina da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro. A Galileo, no entanto, acabou falindo. Esse é apenas um dos casos suspeitos em que o Postalis se envolveu. O Tribunal de Contas da União (TCU) já detectou prejuízo de R$ 1 bilhão ao fundo gerado por investimentos negligentes.

A esperança de Chicani – e de outros aposentados do Postalis – é que multas emitidas pela Justiça resultem em indenizações. O acordo de leniência da J&F, por exemplo, resultou em R$ 2 bilhões para a Funcef (fundo da Caixa Econômica Federal) e R$ 2 bilhões para a Petros (da Petrobrás).

O Postalis informou que, desde os escândalos envolvendo o nome do fundo, reforçou as exigências para que um investimento seja aprovado. As análises, por exemplo, passaram a ser feitas pelo Comitê de Investimentos e por um dos órgãos colegiados do fundo. “O Postalis vem trabalhando para melhorar a sua governança e já conseguiu importantes avanços para assegurar que os investimentos sejam feitos de maneira mais segura, transparente e com menor exposição a riscos”, afirmou em nota.

Trabalhador cobre rombo de fundos de pensão

O Estado de São Paulo
10 Julho 2017

Era 1953, quando, aos 23 anos, Maria Augusta dos Santos começou a trabalhar na área administrativa da Caixa Econômica. Trinta anos depois, ela deixou o banco com uma aposentadoria de R$3.564, em valores atualizados. Agora, aos 86 anos, teve uma redução no seu salário: o contracheque vem com um desconto de R$ 99,90 – valor que, a partir deste mês, aumentará para R$ 379,20. Maria Augusta é uma das centenas de milhares de aposentados que estão pagando a conta por casos de má gestão e desvios em fundos de previdência complementar.

Assim como ela, cerca de 142 mil funcionários e aposentados da Caixa e dos Correios sofrem descontos mensais para cobrir rombos dos fundos Funcef e Postalis, respectivamente. O número dos que terão de arcar com o prejuízo de fundos de pensão ficará ainda maior, já que cerca de 77 mil trabalhadores da Petrobrás foram notificados de que, até o fim do ano, também passarão a contribuir para a redução do déficit de R$ 26,8 bilhões de um dos planos da Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros). O porcentual dos descontos será definido nos próximos meses.

Como os funcionários, as patrocinadoras (Correios, Caixa, Banco do Brasil e Petrobrás) também aportam recursos para cobrir os rombos – 50% é pago por elas e 50% pelos trabalhadores.Embora também esteja sob investigação, a administração da Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, é considerada mais responsável por especialistas. No entanto, há um plano no fundo do BB cujo déficit alcança R$ 13,1 bilhões e que reúne contribuições de 103,1 mil profissionais. Por enquanto, esses funcionários não sofrem com descontos, já que os investimentos feitos pela Previ renderam, nos últimos anos, o suficiente para equacionar parte do rombo. Essa tendência, porém, pode mudar se os investimentos não remunerarem, neste ano, o suficiente para cobrir o resultado negativo de R$ 1,44 bilhão de 2016.

CPI. Os déficits bilionários dos fundos começaram a ser motivo de preocupação para os trabalhadores quando surgiu a CPI dos Fundos de Pensão, em 2015. As apreensões ganharam força no ano passado, com a Operação Greenfield, da Polícia Federal. Tanto as investigações da CPI como as da operação apontam desvios bilionários nos fundos. Um dos casos mais polêmicos é o de um investimento feito pela Funcef na Sete Brasil, empresa de sondas para a exploração de petróleo que se mostrou foco de corrupção na Lava Jato. O aporte de R$ 1 bilhão na companhia é apontado como uma das fontes de prejuízo na Funcef.

“Não tenho culpa que houve roubo (no fundo)”, diz Maria Augusta. “Agora, estão descontando de mim. Tenho 86 anos, estou bastante doente e há mês em que gasto mais de R$ 1 mil com remédios”, afirma a aposentada, que também recebe benefício do INSS.

EMPRESAS Com perda menor em maio, Correios terão novo PDV

VALOR ECONÔMICO
10/7/17

Sem terem atingido a meta definida no início deste ano, que previa o desligamento de 8,2 mil empregados e recebeu 6.263 adesões, os Correios vão reabrir o plano de demissões voluntárias (PDV) com novas condições. Desta vez, os critérios serão mais flexíveis e qualquer funcionário com pelo menos 15 anos de casa poderá aderir. A primeira versão do programa era restrita a trabalhadores com mais de 55 anos de idade e já aposentados pelo INSS.

“Houve muita reclamação de gente que queria ter entrado, mas não se enquadrava nas exigências”, afirma o presidente dos Correios, Guilherme Campos. Ele espera a abertura do novo PDV ainda no segundo semestre, o que depende de aval de órgãos como a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento. Da mesma forma que no programa anterior, a expectativa é diluir os pagamentos por oito anos. Hoje o contingente está em 110 mil empregados.

Apesar da sangria financeira, a companhia teve em maio o menor prejuízo mensal desde 2013, conforme números recémcompilados. O resultado ficou negativo em R$ 13 milhões, alimentando as esperanças de uma recuperação na segunda metade do ano. No acumulado dos cinco primeiros meses, a perda ficou em torno de R$ 800 milhões.

Algumas ações adotadas recentemente, segundo Campos, começam a surtir efeito e explicam os dados mais saudáveis de maio.

Na sexta-feira, houve uma importante reestruturação administrativa. Com a ajuda da Accenture, consultoria internacional contratada no fim do ano passado, foram extintos 20 departamentos e cerca de 400 gerências.

A cúpula da estatal também está sendo reorganizada para sair de um modelo de unidades de negócios para uma estrutura mais funcional. No organograma anterior, cada vice-presidência na área de operações – postal, rede de agências, encomendas e logística – tinha uma estrutura própria, o que levava à duplicidade de funções em setores como marketing e comercial.

Agora, a divisão será em quatro áreas: comercial, operacional, negócios públicos, canais de varejo e atacado. “Isso vai aproveitar sinergias, reduzir custos e dar focos”, afirma o presidente. Para ele, a volta do recesso judiciário deve definir o futuro dos Correios. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) fará a mediação para uma tentativa de acordo entre a empresa e sindicatos em torno da Postal Saúde. Criada em 2014 para gerir diretamente o convênio médico dos funcionários, a empresa tem sido responsável por um déficit anual da ordem de R$ 1,8 bilhão – número que representa entre 80% e 90% do prejuízo total dos Correios nos últimos dois anos. Atualmente, para cada R$ 100 em despesas médicas do plano, a estatal banca R$ 93 e os beneficiários colaboram com somente R$ 7. Os Correios fizeram uma proposta que poderia cortar até dois terços dos gastos de custeio da Postal Saúde. A ideia é assumir 100% das despesas dos empregados, sem nenhuma coparticipação, mas vetando dependentes. Hoje o convênio é extensivo, sem ônus, a pais, cônjuges e filhos. Essa fórmula gera um inchaço na carteira do plano: apesar de ter 140 mil titulares (entre ativos e aposentados), a Postal Saúde soma 400 mil vidas.

CORREIOS

A proposta inicial foi recusada pelos sindicatos e o ministro Emmanoel Pereira, do TST, é relator da tentativa de mediação. “Se ela [a mediação] não prosperar, vamos judicializar o assunto. E a judicialização virá junto com as discussões do novo acordo coletivo”, afirma Campos. A data-base para negociação de reajustes salariais dos carteiros é agosto.

Questionado se não teme um ambiente propício à deflagração de greve, ele respondeu: “Esse risco está sempre presente. Se está frio, querem fazer greve. Se faz calor, também querem greve. A Postal Saúde pode matar os Correios. Do jeito que está, não dá para ficar”. Nos últimos dois anos, a estatal teve prejuízo na casa de R$ 2 bilhões. Uma projeção levada ao Palácio do Planalto, três semanas atrás, falava em novo rombo de R$ 1,3 bilhão em 2017. Campos diz, porém, que essa estimativa se baseava em uma premissa errada: a multiplicação pura e simples do resultado verificado no primeiro trimestre – pior período do ano.

O dinheiro dos fundos de pensão acabará em 2034

ISTO É DINHEIRO
8/7/17

O advogado Luís Ricardo Marcondes Martins, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp) tem uma tarefa difícil pela frente. Ele precisa convencer alguns milhões de brasileiros e brasileiras que faz sentido poupar, hoje, para garantir uma aposentadoria mais folgada em 20 ou 30 anos. Há dois grandes obstáculos para isso. O primeiro é a renda do brasileiro, cronicamente baixa. Se já fica complicado esticar o salário até o fim do mês, reservar uma fatia para guardar para o futuro é mais difícil ainda. O segundo é fazer o brasileiro confiar seu dinheiro, por muitos e muitos anos, aos gestores de fundos de pensão. Periodicamente, algumas dessas entidades, que administram R$ 814 bilhões em conjunto, e que são os maiores investidores institucionais do País, migram das páginas econômicas dos jornais e revistas para as policiais. A saída, diz Ferraz, é melhorar a governança dos fundos. Ele falou com a DINHEIRO:

DINHEIRO – Os fundos de pensão têm frequentado as páginas policiais. Como fazer as pessoas confiar no sistema? LUÍS RICARDO MARCONDES MARTINS – Os fundos de pensão, não, por favor. Os problemas têm ocorrido em alguns deles, muito poucos, e sempre nos mesmos dois ou três. Não dá para generalizar, pois o sistema de fundos de pensão fechados conta com mais de 300 entidades. Os problemas de governança são uma exceção. E, sim, eles provocam arranhões na imagem do sistema, mas são pontuais, são casos de polícia.

DINHEIRO – Os problemas de governança dos mesmos dois ou três fundos de pensão, a saber, Petros, da Petrobras; Funcef, da Caixa Econômica Federal; e Postalis, dos Correios, são recorrentes. O que fazer? MARTINS – O gênio do crime, o fraudador, ele vai existir em qualquer segmento. Isso acontece. As saídas são transparência e educação. No caso da transparência, dos procedimentos, nossa principal proposta é que todos os fundos de pensão tenham um conselho de investimentos, algo que não existe atualmente.

DINHEIRO – Como isso funcionaria? MARTINS – Por lei, os fundos de pensão têm dois órgãos decisórios: o conselho diretor e o conselho fiscal. Seus membros são indicados pelos participantes do fundo, que são os trabalhadores, e pela empresa patrocinadora. Ambos os conselhos têm quatro membros, dois indicados pelos participantes e dois pela patrocinadora. O conselho de investimentos, a ser criado, teria, também, conselheiros independentes. Ele analisaria todas as decisões de investimento do fundo. Não teria poder de propor nada, só poderia vetar.

DINHEIRO – Os investimentos dos fundos de pensão na Sete Brasil, que deveria produzir os navios-sonda para explorar o pré-sal, custaram bilhões aos participantes dos fundos. Como fazer para evitar problemas desse tipo? MARTINS – Sempre há o risco de uma determinada atividade não dar certo. Mas temos de diferenciar se o prejuízo ocorreu devido aos riscos normais de qualquer negócio porque a atividade não deu certo, ou se o prejuízo foi provocado por fraude e por má-fé na hora de investir. Aí, é caso de polícia, e há vários casos de polícia. DINHEIRO – Quais? A Sete Brasil, por exemplo? Ou os investimentos da Postalis em títulos do governo venezuelano, que geraram um prejuízo de R$ 1,2 bilhão ao fundo? MARTINS – Não quero citar nomes, mas, na época, vários estudos prévios mostravam que a Sete Brasil poderia ser um bom investimento. Ao que tudo indica, alguns fundos, mais vulneráveis em termos da governança, permitiram que houvesse uma interferência político-partidária na tomada da decisão. Isso levou esses investimentos a não terem o sucesso que se imaginava no início.

DINHEIRO – Como blindar os fundos dessa ingerência político-partidária? MARTINS – A saída é a governança. Para ficarmos no mesmo exemplo, a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, também foi assediada para participar da Sete Brasil. Se ela entrou no negócio, entrou com pouquíssimo dinheiro. Por quê? Porque houve boa governança na hora de investir. Os conselheiros barraram o investimento. Quando o fundo é vulnerável? Quando o dirigente recebe ordem de alguém para fazer alguma coisa, e faz.

DINHEIRO – É possível evitar isso? Como? MARTINS – Além da governança, é essencial melhorar a fiscalização. Uma de nossas bandeiras é fortalecer a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc, que é a responsável por fiscalizar o sistema. Hoje, ela é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Fazenda. Nossa proposta é que ela passe a ter um perfil de agência, como a Aneel ou a Anatel. Nós apoiamos projetos de lei que estão tramitando na Câmara nesse sentido. A Previc tem de ter independência financeira. Seu corpo diretivo tem de ter mandato e autonomia. Hoje, o ministro nomeia e demite o superintendente da Previc. Isso permite ingerência política.

DINHEIRO – O que mudaria na fiscalização?
MARTINS – A Previc estruturou uma central de inteligência para colher informações do mercado, dentro do processo de investimento. Para evitar problemas, é preciso que ela entre em ação antes de o investimento ocorrer. E ela tem feito, corretamente, uma supervisão focada onde o risco está concentrado: nos 17 maiores fundos de pensão, as chamadas Entidades Sistemi-camente Importantes. Neles, a fiscalização tem de ser feita com lupa. Não adianta olhar um fundo de alguns milhões de reais. Os problemas ocorrem nos fundos que têm bilhões para administrar.

DINHEIRO – E nos fundos, o que tem de melhorar? MARTINS – Capacitação e certificação. Criamos a Universidade Abrapp e já capacitamos 5.400 funcionários e dirigentes do sistema. Temos de identificar, entre os participantes, quem está capacitado para tomar decisões. Alguém propõe investir bilhões em algo que pode gerar problemas. O conselho fiscal deveria ser capaz de barrar. A Abrapp também defende que copiemos algo que se faz na Inglaterra, a chamada lei do apito. Se qualquer prestador de serviços para um fundo, um advogado ou atuário, perceber que algo não vai bem, ele é obrigado a denunciar. Se não fizer isso, será considerado conivente, e será processado. Assim, se alguém, que se intitula consultor de investimentos, aparecer no fundo vendendo uma proposta mirabolante, ele também será implicado se houver problema.

DINHEIRO – A Previdência Social é cronicamente deficitária. Os fundos de pensão são financeiramente sólidos? MARTINS – Sim. O sistema, hoje, cumpre suas finalidades. Ele tem R$ 814 bilhões em patrimônio, conta com mais de 2,5 milhões de participantes ativos, que ainda estão contribuindo, e paga R$ 42 bilhões por ano a 750 mil aposentados. Contando os participantes diretos e indiretos, que incluem dependentes e familiares, nós alcançamos mais de sete milhões de pessoas. Em média, pagamos R$ 6 mil por mês para cada assistido. É uma boa aposentadoria.

DINHEIRO – E quanto está entrando em dinheiro novo por ano? MARTINS – Não há dinheiro novo, só dinheiro velho. O sistema está desinvestindo R$ 18 bilhões por ano. Esse patrimônio tende a se esgotar em 17 anos, o que, em previdência, é pouco tempo. Sem ajustes, o dinheiro dos fundos de pensão acabará em 2034.

DINHEIRO – O que causou esse desequilíbrio no sistema? MARTINS – A previdência complementar fechada nasceu como um incentivo para atrair talentos para as estatais. O sistema foi desenhado para um perfil de trabalhador que passava 30 anos na mesma empresa, buscava fazer carreira, valorizava a estabilidade no emprego e queria benefícios, entre eles o fundo de pensão. A nova geração quer coisas diferentes. As pessoas são imediatistas, não vão ficar 30 anos no mesmo emprego. E elas querem que tudo seja simples e flexível. Então, enfrentamos um paradoxo. Temos de manter o que construímos e atender os antigos trabalhadores, e temos também de reinventar o sistema, para atender o perfil desse novo participante, que não tem investido nos fundos tradicionais.

DINHEIRO – Quais são essas propostas? MARTINS – O empresário brasileiro está cada vez menos propenso a contribuir para um fundo de pensão do funcionário. A saída são fundos instituídos, que contam apenas com a contribuição do trabalhador, e são criados por associações, por entidades de classe e por sindicatos.

DINHEIRO – Qual a diferença desses fundos para uma previdência aberta, que já é vendida pelos bancos? MARTINS – Há uma grande diferença. Por lei, os fundos instituídos não têm fins lucrativos e têm de garantir a participação dos participantes dos colegiados. Eles têm mais transparência. Evidentemente, como não buscam lucro, o participante tem um retorno muito maior no longo prazo. A deficiência é que eles não oferecem o mesmo benefício fiscal do que um plano do tipo VGBL, por exemplo. No VGBL, o aposentado só vai pagar imposto sobre os rendimentos. Aplicou 100, rendeu 50, ele paga imposto só sobre os 50. No nosso caso, aplicou 100, rendeu 50, paga imposto sobre tudo. Nós lutamos pela mesma isenção fiscal.

DINHEIRO – Quanto essa renúncia fiscal custaria aos cofres públicos? MARTINS – Em termos absolutos essa renúncia é muito dinheiro, são R$ 4 bilhões por ano. Em termos relativos, é pouco, são 0,09% do Produto Interno Bruto. E vale a pena incentivar a formação de poupança de longo prazo. Eu estou propondo que o participante renuncie ao consumo, não por alguns meses, mas por 20 anos. E eu não vou oferecer nada em contrapartida? O participante vai para outro investimento, de curto prazo.

DINHEIRO – Qual seria a contrapartida para a sociedade? MARTINS – Estamos discutindo uma reforma na Previdência Social. Qualquer que seja o texto aprovado, o brasileiro vai trabalhar mais tempo, contribuir com mais dinheiro e receber menos benefício. Ele vai precisar de mais proteção. Quem vai poder dar essa proteção? É a previdência privada. Hoje, o sistema de fundos fechados está em risco de ficar sem dinheiro até 2034. Com os fundos instituídos, a isonomia tributária, e medidas para atrair novos participantes, tudo muda. Nosso cálculo é que, em 2036, o sistema teria elevado seu patrimônio para R$ 2,5 trilhões. Assim, poderíamos atender 15 milhões de pessoas, o dobro do número atual. Além disso, vamos ajudar a resolver um problema econômico. Nós sabemos que o BNDES não vai mais financiar os investimentos como vinha financiando. Com esse dinheiro, os fundos podem se tornar os financiadores de longo prazo do desenvolvimento econômico. Resolvemos dois problemas, o do INSS e do BNDES. E essas contrapartidas são muito boas para a sociedade.

3 tecnologias que poderiam ajudar (e salvar) os Correios

STARTSE
7/7/17

Tive um problema recente com os Correios, mas fiquei positivamente impressionado com a resposta que recebi. Mesmo assim, poderia ter sido melhor

Como quem assina a newsletter do StartSe já sabe, passei por alguns problemas recentes com os Correios (que sumiram com um pacote que continha meus convites de casamento). A minha surpresa foi na atenção que a empresa me deu depois da minha queixa publica: em questão de horas, até o presidente da estatal tinha me mandado um e-mail tentando me ajudar, fora a iniciativa de vários bons funcionários que, individualmente, vieram colaborar na busca pelo meu pacote.

Eu fiquei (positivamente) impressionado. Conversando com as pessoas eu entendi que o atual presidente dos Correios, Guilherme Campos, é um homem determinado a melhorar toda a situação da empresa – que vem de grandes prejuízos recentemente -, mas que o gigantismo da empresa impede que ela avance na velocidade desejada.

Não vou entrar na discussão se ela precisa (ou não) ser privatizada, mas a imagem que a companhia tem agora diante o público é de um serviço caro e ineficaz. E que quando alguma coisa errada acontece, como foi meu caso, burocrática demais para resolver o problema do cliente. Um detrator, como eu fui, acaba fazendo muito barulho. Isso tem que mudar e eu compreendo que as pessoas que lideram os Correios agora entendem a questão na pele. É necessário diminuir a quantidade de servidores públicos que lá estão sem merecer, reduzir o inchaço da companhia nos últimos anos e acabar com as indicações políticas que foram tão comuns na última década.

Mas não é só a gestão. Talvez nenhum setor tenha ficado tão “ultrapassado” em seu negócio principal nas últimas décadas do que os serviços postais. Não é só os Correios brasileiros (que por anos foram mal administrados), mas gigantes como Fedex e DHL também sofrem. O avanço dos serviços de telecomunicações transformou telegramas em desnecessários, cartas e enfins… quem prefere receber uma conta por carta atualmente e não por e-mail?

Tem tecnologias MUITO boas que podem melhorar e muito a eficiência da empresa. Separei três delas para essa matéria e suas aplicações para os Correios atuais. Uma mudança que poderia salvar a empresa da situação incômoda em que ela se encontra atualmente. E eu sei que a pessoa atualmente no comando se incomoda, pois quer o bem da companhia. Senti isso pelas conversas que tive. Vou ser sincero: tendo entendido isso, meu sonho é colocar 15 diretores dos Correios em um avião para São Francisco e mostrar para eles todas as tecnologias e inovações do Vale do Silício. Pouca gente sabe disso, mas o StartSe realiza missões corporativas para a região, de acordo com a necessidade da empresa contratante. Já levamos, por exemplo, o SPC e em breve vamos levar o Banco do Brasil.

Faríamos um grande serviço para a ECT de mostrar o que existe lá e o que é possível na área de serviços postais. Tenho certeza que isso poderia deixar a companhia mais eficiente, baixar custos e aumentar a percepção do público. Então, se alguém dos Correios ou de outra empresa se interessar, me manda um email (felipe@startse.com.br) e a gente vai conversando.

E se quiser ir numa turma “comum”, recomendamos também dar uma olhada na 2ª edição da Learning Experience. Na primeira, levamos 100 brasileiros para passar 5 dias de inovação intensos no Vale do Silício. E tenho orgulho de dizer que a grande maioria deles já nos veio dizer que esses foram os melhores dias da vida deles. Uma grande satisfação, mesmo.

Automação & Blockchain Vou começar pela primeira tecnologia, aquela que eu acredito que poderia ter resolvido o problema que ocorreu comigo. Antes, deixa eu explicar um pouco do acontecido e como isso poderia ajudar.

Basicamente, minha irmã (em Belo Horizonte) me mandou os convites do meu casamento via Sedex 10. Estávamos com MUITA pressa, por pressões familiares (protocolo). O casamento é só dia 19 de agosto, mas a ÚNICA data que tínhamos para entregar seria no dia 8 de julho. Os convites nunca chegaram.

Reclamamos, mas o fato é que os convites podem aparecer a qualquer momento. Só que a utilidade deles literalmente expirou. O problema é ter comprado um serviço de pressa e ter um processo que demora cinco dias úteis para me dizer se o objeto foi extraviado ou não. Mas enfim… e se soubéssemos o que aconteceu com ele?

Pelo código de rastreamento, a última informação que temos dele é que ele foi encaminhado de Belo Horizonte para São Paulo. Literalmente, existem 600 quilômetros de distância em que esses convites podem estar. É uma área de busca meio grande…

Mas aí entra o blockchain. Pense nele como uma “planilha de Excel descentralizada e imutável, em que cada informação busca a última”. Com Blockchain, aplicado aos serviços postais, seria possível ter um registro das esteiras em que o pacote passou, em que veículo ele entrou e até mesmo quais funcionários (ou robôs) o manipularam.

E tudo isso pode ser automático, como é o Bitcoin, que tem milhares de operações individuais por segundo e que são todas registradas no mesmo blockchain. São pequenos pedaços de informações que, juntas, fazem um todo. A tecnologia é tão “quente” para serviços postais que o USPS (United States Postal Service, os Correios americano) já está estudando quatro aplicações diferentes para ele. Um deles é o gerenciamento de uma “Internet das Coisas Postais”, que tem potencial para melhorar o serviço e abaixar custos radicalmente.

Robôs em logísticas Uma das teorias que levantamos sobre o sumiço do meu pacote é que algum funcionário “da linha de frente” dos Correios tenha roubado. Declaramos o valor dos convites (no caso, R$ 2.000) e era um pacote relativamente pequeno. O que custa para uma pessoa de moralidade duvidosa abrir o pacote em busca de um objeto de valor? (Quebrou a cara, o convite para ele não tem validade nenhuma…).

Me dói pensar isso, mas já ouvimos tantas histórias parecidas que não nos surpreenderia. Fato é que o “erro humano” nem sempre é um “erro”. Por razões como essa, existe uma tendência da substituição de trabalho humano por robôs em todas as empresas de serviço postais do mundo.

A Amazon comprou uma startup de robôs para poder gerenciar seus armazéns. São eles que buscam e organizam cada compra feita na gigante de comércio online nos Estados Unidos. Eles buscam os pacotes, registram, colocam nas esteiras corretas e fazem todo o sequenciamento para que eles cheguem no local correto. Como é uma estatal, duvido que os Correios consiga remanejar facilmente os trabalhadores improdutivos (ou demitir, mesmo) sem grandes dramas jurídicos. Mas robôs poderiam aumentar a eficiência do sistema, além de reduzirem drasticamente certos custos associados com a operação.

Novas tecnologias para entregas de mercadorias Continuando a falar de automatização, que tal automatizar uma coisa importante? O meio da entrega? Para isso, duas tecnologias muito interessantes podem ser usadas: carros autônomos e drones.

Pode ficar muito mais barato e eficiente deixar que vários caminhões que se dirigem sozinhos levem os pacotes de um centro de armazenamento até outro (os famosos CTEs dos Correios!). Vários, mesmo, sem parar, entre todas as cidades. Acredito que o uso de veículos autônomos não é nem uma possibilidade que os Correios pode escapar. E lá, drones garantem a entrega de “última milha”, ou seja, do CTE até o endereço da entrega. Tudo isso sem uma única pessoa envolvida no processo, salvando milhões de reais (e quem paga a conta quando os Correios tem prejuízo é você, não esqueça disso). Com blockchain ainda, tudo que acontece pode ficar registrado automaticamente e fica fácil de entender o destino de cada um dos pacotes individualmente. Novamente, isso é uma coisa que a Amazon está estudando nos Estados Unidos O processo de modernização de uma empresa como os Correios é longo, potencialmente doloroso. Mas é possível. Extremamente possível. E quem conseguir fazê-lo, estará prestando um grande serviço para o Brasil.

Direção Nacional da ADCAP.

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