Estadão
08 de agosto de 2013
BRASÍLIA – Embora praticamente adiado para um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV) ganhou um apoio de peso nesta semana. O governo formalizou e tornou público o apoio dos fundos de pensão de estatais federais ao projeto.
Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa), além do Banco do Brasil Investimentos e da própria Caixa, assinaram uma carta na qual informam que poderão ser sócios com até 49% do capital do futuro administrador do serviço. Para tanto, podem disponibilizar no máximo R$ 620 milhões a preços de 2008, o que dá quase R$ 900 milhões hoje.
A carta dos fundos segue manifestação semelhante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos Correios. Elas são uma resposta a uma queixa unânime dos potenciais interessados no projeto: a inexistência de sócios brasileiros de peso. A manifestação dos fundos produziu um fenômeno: os japoneses, que nem eram mais considerados como parte da disputa, procuraram o governo em busca de mais detalhes.
Assim, o leilão prossegue numa situação surreal. Enquanto no escalão mais alto do governo a informação é que ele não deve ocorrer, na área técnica os preparativos seguem normalmente. A expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff decida a questão ainda esta semana.
Participantes
Na noite de terça-feira, 7, reunida com ministros e assessores envolvidos no leilão, ela foi informada de que se a disputa for mantida na data atual, com a entrega de propostas em 16 de agosto e abertura de envelopes em 19 de setembro, a tendência seria de só os franceses participarem. Há, porém, pedidos dos alemães e dos espanhóis por mais tempo para organizar suas propostas. Por isso foi proposto um adiamento de 90 dias. A dúvida é se, com mais tempo, mais propostas surgiriam. Na terça-feira, 7, os investidores foram recebidos pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, pelo ministro dos Transportes, César Borges, e pelo presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo.
Foi encomendada uma consulta a representantes dos dois consórcios para medir o grau de interesse em entrar no leilão. Por isso, Dilma não bateu o martelo. No entanto, a posição da maioria dos ministros é pelo adiamento do TAV para um eventual segundo mandato de Dilma. Avaliou-se que o projeto é muito caro: são R$ 35,7 bilhões a preços de 2008, o que dá quase R$ 50 bilhões em valores atuais. Gastar isso num projeto que levará anos para ficar pronto quando as ruas clamam por mais investimento em mobilidade urbana parece insensato. “A presidenta tem muita simpatia pelo TAV, mas a realidade se impõe”, disse um auxiliar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.