O mercado vai percebendo os problemas de uma privatização dos Correios

 

A matéria do Estadão intitulada “Privatização dos Correios é uma ameaça”, diz executiva da AliExpress” é mais uma demonstração dos efeitos negativos para o país da desastrada iniciativa do governo federal de tentar privatizar os Correios.

A inquietação do mercado com o desfecho dessa história preocupa os diversos players, que têm nos Correios uma alternativa importante para a entrega de suas encomendas. E isso acaba acarretando a adoção de medidas que não precisariam ser tomadas, como a busca de alternativas de transporte, prejudicando os Correios e as próprias empresas, que incorrem em custos maiores para ter garantia de que não ficarão na mão de um concorrente.

Nunca houve uma fila de interessados às portas do governo clamando pela privatização dos Correios, como quiseram dar a entender alguns irresponsáveis integrantes do governo. O que há, na verdade, é preocupação com o tamanho do problema que o governo pode criar ao entregar os Correios para uma empresa privada, desestabilizando um mercado que tem sua própria dinâmica e que tem nos Correios uma infraestrutura que cobre lacunas, alcança todo o país e oferece condições comerciais conhecidas e estáveis.

A única parte do mercado que esfrega as mãos, na expectativa de encontrar oportunidade nesse negócio do Brasil (e não da China) é o financeiro, com os especuladores, banqueiros e consultores ávidos por se apropriar de uma parte do butim. Todos os outros: clientes, parceiros, fornecedores, população, e até concorrentes acabarão pagando caro se essa desastrada iniciativa for adiante.

ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios

Privatização dos Correios é uma ‘ameaça’, diz executiva do AliExpress

Plataforma chinesa, que está fazendo novos investimentos no País, diz que possibilidade de serviço ir parar nas mãos de um concorrente é ‘ponto de atenção’

Folha SP
23/08/2021

O risco de algum concorrente ficar com os Correios, em um eventual processo de privatização da estatal, não é uma novidade no caminho da atuação das empresas de e-commerce do País, afirmou nesta segunda-feira, 23, a gerente comercial do AliExpress, Viviane Almeida. “É ameaça que temos há muito tempo; é um ponto de atenção”, disse. Quanto ao interesse da empresa chinesa no ativo, ela diz “não ter informação”.

No entanto, ela garante que o AliExpress se move rapidamente para não ficar dependente apenas desse parceiro logístico. “Na evolução do projeto, em curtíssimo prazo, vamos colocar outros parceiros logísticos”, diz. O diretor de “local to local” da companhia, Yaman Alpata, afirma que a empresa investe fortemente para ampliar sua malha logística no País, tendo o plano de abrir um centro de distribuição próprio o mais rápido possível. 

Como parceiros financeiros, além da carteira virtual Alipay, também do grupo Alibaba, o AliExpress tem a Stone para processar pagamentos e o BTG para ajudar na validação de novos lojistas virtuais, já que a plataforma exige ao menos que esses vendedores sejam formalizados com CNPJ.

Sobre críticas da concorrência a “plataformas chinesas” pela falta de emissão de notas e produtos falsificados, Alpata afirma que o AliExpress segue as regras dos mercados em que atua e tem medidas para combater a presença de produtos ilegais em seu comércio eletrônico. “Devem ter se referido a outra empresa chinesa. Cada um deve olhar a sua plataforma”, disse Alpata. 

Projeto está no Congresso

Numa vitória para a agenda de privatizações do governo Bolsonaro e sob críticas da oposição, a Câmara dos Deputados aprovou no início do mês o projeto de lei que abre caminho para a venda dos Correios. Com o aval do Congresso, o governo planeja fazer o leilão da estatal no primeiro semestre de 2022 e se desfazer de 100% da empresa.  O texto ainda precisa passar  por votação no Senado.

Para justificar a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que tem mais de 90 mil empregados e foi criada em 1969, o governo afirma que há uma incerteza quanto à autossuficiência e capacidade de investimentos futuros da companhia. Na avaliação do Executivo, isso reforça a necessidade da privatização para evitar que os cofres públicos sejam responsáveis por investimentos de R$ 2 bilhões ao ano.

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