Greve nos Correios tem números e versões contraditórios

EBC

30.01.2014

 

Funcionários dos Correios entram em greve por tempo ideterminado. Até o momento, dez estados e três regionais aderiram à paralisação, que começou às 22h de ontem (29). Segundo nota da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os empregados são contra mudanças no plano de saúde. Os Correios garantem que os serviços postais não foram afetados pela paralisação.A greve foi decidida durante reuniões em Minas Gerais, no Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Piauí; no Amazonas, Paraná, Ceará, em Santa Catarina; em Pernambuco e na Paraíba; no Vale do Paraíba, em Campinas e São José do Rio Preto. Segundo a Fentect, nessas localidades a paralisação atinge de 65% a 70% da categoria. Estão marcadas assembleias até terça-feira (4), em Roraima, Bahia, Alagoas e Sergipe.

 

O desentendimento vem desde abril do ano passado, quando foi criado o Postal Saúde, caixa de assistência que, de acordo com a Fentect, representa a privatização do convênio médico, o Correios Saúde. Estimativa da Fentect é que a estrutura do Postal Saúde custe R$ 120 milhões, a serem bancados não pelos Correios, mas pelos empregados.

 

A diferença é que pelo convênio antigo, os funcionários pagavam de 10% a 20% do valor dos serviços utilizados, de acordo com o salário que recebiam. Pelo Postal Saúde, os preços aumentam e passa a ser cobrada uma mensalidade.

 

No ano passado, os servidores entraram em greve em setembro por cerca de um mês. O caso foi julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) em outubro. Segundo a federação, ficou decidido que a empresa não implementaria a nova assistência sem consultá-la. No entanto, afirma que apesar da determinação do TST, os Correios iniciaram a migração a partir do dia 1º de janeiro.

 

“O salário base da categoria é R$ 1.084. Temos notícias de um trabalhador que pagou R$ 40 por um soro. Outro pagou R$ 132 por um exame necessário a uma cirurgia. Isso não acontecia”, diz o secretário geral da Fentect, Edmar Leite.

 

Por causa do desacordo em torno do plano de saúde, a Fentect entrou com uma ação no tribunal, mas, segundo a entidade, o julgamento foi adiado quatro vezes. “Vamos lutar até o fim pelo benefício que conquistamos em 1985, após uma greve histórica de 30 dias”, diz o diretor da Fentect, James Magalhães.

 

Procurado pela Agência Brasil, os Correios informaram, em nota, que todas agências estão abertas e que os serviços postais funcionam normalmente no país, com 96,12% do efetivo da empresa trabalhando, um total de 121.515 empregados.

 

A nota diz que “não há adesão significativa ao movimento” nas localidades em que as assembleias optaram pela paralisação. De acordo com a empresa, as assembleias contaram com a presença de 1,32% do efetivo. A estatal, no entanto, diz que está recorrendo a um plano de contingência para garantir o funcionamento normal das atividades.

 

Os Correios negam ter descumprido a determinação do TST em relação ao plano de saúde. “Todos os benefícios estão garantidos, incluindo dependentes cadastrados, porcentagem de compartilhamento, não cobrança de mensalidade ou tarifas, rede credenciada e cobertura de procedimentos entre outros”, diz a nota.

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