Governo estuda mudança na estrutura dos Correios, diz ministro
G1
31/08/2017
O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou nesta quinta-feira (31) que o governo estuda uma mudança na estrutura dos Correios e que, entre as propostas em discução, estão a abertura de capital da estatal e até a sua privatização.
“Não existe uma decisão. Hoje temos um esforço grande para melhorar a gestão [dos Correios]”, disse o ministro. Kassab afirmou ainda que existe, dentro do governo, quem defenda a privatização, a abertura de capital e que a empresa “fique como está”.
De acordo com Kassab, qualquer solução para os Correios será feita com “cuidado”. “Defendo também que os Correios tenham um tratamento diferenciado, é uma das empesas mais estimadas pelos brasileiros”, disse.
Em grave crise, os Correios acumulam prejuízo de mais de R$ 4 bilhões nos últimos dois anos. Para reduzir os gastos, a estatal fez uma reestruturação interna, reduziu cargos de chefia e abriu três rodadas do Plano de Desligamento Incentivado (PDI).
Política industrial
Kassab disse ainda que o governo brasileiro vai recorrer da decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) que condenou programas de incentivo à indústria nacional. Entretanto, afirmou ele, o governo também prepara ajustes nessas políticas.
“O governo brasileiro está preparado para qualquer aperfeiçoamento que seja necessário fazer nas políticas públicas de incentivos”, disse.
Entre os incentivos considerados como ilegais pela OMC estão os concedidos para o setor automotivo, de informática e de telecomunicações.
Abrir capital na bolsa é a solução para os Correios?
Exame
30 ago 2017
O gigantesco pacote de privatizações do governo Michel Temer, que vai da companhia de energia Eletrobras à Casa da Moeda, ganhou mais um ativo em potencial nesta quarta-feira: a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A intenção de abrir o capital da empresa foi noticiada nesta quarta-feira pela agência Reuters.Segundo a agência, o governo chegou cogitar colocar os Correios no pacote anunciado pelo governo na última semana. Por fim, decidiu dar mais tempo aos estudos que o Ministério das Comunicações está preparando sobre a combalida companhia. Ainda segundo a Reuters, o governo avalia que abrir o capital traria menos resistência do que privatizar uma das empresas mais emblemáticas do país, criada em 1663.
A notícia levantou temores em economistas por trazer ainda mais complicação a um pacote que já tem 57 ativos anunciados para ser encaminhado até o final do ano. Poucas horas depois, o ministro da integração nacional, Helder Barbalho, anunciou que até a transposição do Rio São Francisco pode entrar no pacote.
“O governo está lançando projeto atrás de projeto. O plano todo tem cara de factóide. Há muita coisa sendo anunciada, mas não se tem detalhe de nada e isso tudo traz angústia para o investidor. Como é possível mostrar interesse nesses ativos se não há nenhuma informação de como o processo será feito?”, diz Sandro Cabral, professor de estratégia do Insper. “A intenção é boa. Mas é frustrante que o pacote não tenha saído de maneira mais organizada. Dá a impressão de que tudo foi feito às pressas sendo que o Moreira Franco [ministro da Secretaria-Geral e responsável pelo Programa de Parcerias de Investimento] está lá para isso”, diz o sócio de um fundo de investimentos que atua no Brasil.
Dentro de um pacote tão grande e disperso, é natural que ativos interessantes se misturem com negócios que não fazem lá muito sentido. Em um congresso realizado no último fim de semana pela bolsa brasileira, a B3, o próprio ministro da Fazenda admitiu que a Casa da Moeda é um tremendo abacaxi. “A questão é o declínio no uso de selos e de cédulas. Ela produziu 3 milhões de cédulas há quatro anos, e neste ano vai ser um [milhão]. E a tendência internacional, como sabemos, é para baixo”, afirmou o ministro Henrique Meirelles.
“O que o governo fez foi apresentar um menu de privatização como uma forma de testar onde há resistência e onde há interesse. Obviamente que uma parte vai ser vendida e a outra, não”, diz Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B.
Nesta equação, apesar dos seguidos prejuízos, os Correios podem estar no time dos negócios promissores, segundo especialistas ouvidos por EXAME. Isso, claro, exige pensar no potencial do negócio, e ter muito, muito estômago.
Qual a saída para os Correios?
Os Correios são uma estatal que parece ter chegado à exaustão após anos de aparelhamento político, preços de serviços defasados e falta de investimentos. Apesar do monopólio no setor, a empresa deve fechar 2017 em seu quinto ano consecutivo de prejuízo. Desde 2013, as perdas acumulas são da ordem de 4,4 bilhões.Enquanto estatais como a Eletrobras e a Petrobras mostraram grandes avanços em sua gestão e no caixa sob o governo Michel Temer, os Correios permanecem como a grande exceção. Na tentativa de resolver a situação financeira, a atual diretoria dos Correios adotou um plano de corte de gastos. A meta é fechar até 350 das 6.470 agências postais e cortar o quadro de 117.400 funcionários da maior empregadora do país. Um plano de demissão incentivada, criado no ano passado, teve a adesão de 5.500 servidores – abaixo dos 8.000 esperados. Segundo a Reuters, a empresa vai reabrir em breve o plano de demissão. Dessa vez, com a meta de obter o desligamento de 3.000 empregados.
Para Tadeu Gomes Teixeira, professor de administração na Universidade Federal do Maranhão e autor de um livro lançado neste ano sobre os Correios, o PDV não é uma medida capaz de solucionar os problemas da empresa. “O caminho dos Correios é muito mais inovar do que diminuir a força do trabalho. Com o programa de demissão os Correios diminuem a sua capacidade de atender cidades mais afastadas e perdem qualidade em seu serviço. Diminuir a folha de pagamento traz um efeito imediato, mas muito ínfimo diante dos problemas da companhia”, diz Teixeira.
Além disso, enquanto Eletrobras e Petrobras têm em seus cargos executivos pessoas renomadas do mercado, os Correios seguem chefiados por indicações políticas. O atual presidente, Guilherme Campos, ex-deputado federal (DEM-SP), era presidente do PSD. Campos foi nomeado por Kassab 21 dias antes da aprovação da Lei das Estatais, que impede que pessoas que participaram da diretoria de partidos políticos ou da organização de campanhas eleitorais nos 36 meses anteriores à indicação assumam a direção de estatais. As oito vice-presidências dos Correios estão ocupadas por apadrinhados de PDT, PSD, PTB e PMDB.
Diante deste cenário, analistas ouvidos por EXAME consideram que uma abertura de capital dos Correios poderia ser um choque importante para a empresa. E, por mais que seu principal negócio – a entrega de correspondências – se mostre obsoleto em um mundo com serviços digitais, economistas acreditam que a empresa deve atrair interessados por ter espaço para crescer em outros segmentos. “O mercado de encomendas, por exemplo, tem crescido e a rentabilidade no transporte de mercadorias é boa. Dentro dos Correios já foram feitos vários estudos que mostram outros setores em que a empresa poderia entrar”, afirma Teixeira.
Uma abertura de capital dos Correios traria o aporte de recursos necessários para a entrada da empresa em novos segmentos e também traria uma gestão profissionalizada para a empresa. Um risco grande, porém, é que locais mais distantes ou violentes deixem de ser atendidos com a transferência dos Correios para o capital privado – é o que acontece com muitas transportadoras privadas, que não entregam em todos os CEPs. Para que isso não aconteça, analistas ressaltam que é importante que qualquer mudança nos Correios seja acompanhada por um órgão regulador, que a obrigue a prestar os serviços. E que monitore.
Outros países já privatizaram suas empresas de entregas, ou abriram o mercado. A Suécia abriu mão do monopólio em 1993, a Holanda privatizou em 1994 e abriu o serviço para a concorrência em 2009. Na Alemanha, 79% das ações do Deutsch Post estão na bolsa desde 2000 e o mercado é competitivo desde 2008. No ano passado, o governo do Japão abriu o capital do Japan Post e arrecadou 12 bilhões de dólares (o processo de privatização começou há dez anos).
Soluções pelo mundo não faltam. Resta saber que ativos do seu cada vez maior pacote o governo conseguirá entregar e que projetos importantes ficarão pelo caminho.
Máquinas quebradas nos Correios atrasam entregas de encomendas
NETV
30/08/2017
Clientes reclamam de atraso na entrega domiciliar e retirada de mercadorias nos Correios
G1
30/08/2017
O atraso na entrega domiciliar ou na retirada de produtos encomendados pelos Correios gerou longas filas e muita reclamação por parte dos consumidores em abril deste ano. Quatro meses depois e a cena se repete. Na Central de Entrega do Recife, no bairro do Bongi, Zona oeste do Recife, relatos de demora e dificuldade em pegar o produto se tornaram frequentes. (Veja vídeo http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/clientes-reclamam-de-atraso-na-entrega-domiciliar-e-retirada-de-mercadorias-nos-correios-no-recife.ghtml)
Geovane Teixeira desistiu de esperar a peça automotiva que encomendou chegar em casa. “Eu fico esperando a mercadoria e não chega em casa, como deveria ser. Tem que vir aqui e perder o dia”. A situação do mecânico não é muito diferente das várias pessoas que chegam ao local na esperança de retirar o produto. A longa e exaustiva fila começa a se formar logo cedo, às 6h.
O consultor de vendas Nicomedes Pereira foi o primeiro a chegar na central. Às 5h, ele já aguardava atendimento. Contudo, garantir o lugar na fila não garante que o consumidor saia do lugar com a mercadoria na mão.
“Eu já vim aqui outras vezes. Eu não consegui pegar o produto. Aí a empresa me ressarciu o dinheiro para fazer uma nova compra. Fiz a compra, vim aqui e mesmo assim o produto consta que está aqui, mas não consigo pegar”, reclamou.O atendimento acontece de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h. Porém, nesta quarta-feira (30), os Correios resolveram abrir as portas mais cedo, por volta das 6h. Para os clientes, os funcionários alegam que a demora ocorre devido a falta de pessoal na equipe.
“Nós temos um déficit de 26 pessoas e essas foram contratadas semana passada, são temporários. Eles estão tirando todos esses objetos que estão atrasados. A previsão é que esses objetos vão estar regularizados até domingo. Inclusive, nós estamos trabalhando sábado e domingo. A gente sabe que o desejo de vocês e receber o objeto, mas, assim, a informação está chegando para que vocês tenham a noção de como estão as coisas”, disse um funcionário para um grupo de pessoas que estão sentadas aguardando a liberação do produto. (Veja vídeo abaixo)Em nota, os Correios afirmou que os atrasos na entrega de objetos são fatos eventuais e precisam ser analisados um a um. Os prazos para entrega diferem de acordo com a localidade, bem como o tipo de serviço contratado pelo remetente.
O órgão alegou que não está medindo esforços para aprimorar os processos de tratamento e distribuição da carga. A máquina de tratamento de encomendas, por exemplo, está sendo atualizada para ampliar ainda mais a capacidade de tratamento de objetos por hora.“Além disso, para amenizar os atrasos, os Correios vêm realizando mutirões nos fins de semana para aumentar o escoamento da carga”, comentou em nota.
Correios analisam possível greve em setembro
Diário dos Campos
29/08/2017
Trabalhadores dos Correios realizam assembleias para aprovação de indicativo de greve, prevista para o dia 19 de setembro, mas que pode ser antecipada para o dia 11. No Paraná, as assembleias serão realizadas nos dias 30 e 31, em Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa, Guarapuava, Telêmaco Borba e Terra Roxa. As decisões terão validade para todo o estado.
No último dia 22, o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Emmanoel Pereira, paralisou as negociações da campanha salarial até o dia 31 de dezembro, exigindo que os trabalhadores não realizem greve até o final do ano. A decisão aconteceu durante uma audiência de mediação que era exclusivamente para discutir a cobrança de mensalidade do plano de saúde dos trabalhadores da ECT. Neste mesmo dia, estava agendado o início das negociações da campanha salarial entre funcionários e diretoria da empresa. A antecipação das assembleias foi uma convocação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), após participar da audiência no TST. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom PR), a categoria foi surpreendida com a decisão do TST e precisou convocar as assembleias com urgência.
“É mais um golpe contra o trabalhador com a proteção do judiciário, pois as novas regras da reforma trabalhista começam a vigorar no dia 11 de novembro.
Após essa data, os trabalhadores que não tiveram seus acordos coletivos de trabalho homologados até o último dia da data-base da categoria, perderão todos os benefícios e passarão a ser regidos exclusivamente pelas obrigatoriedades da CLT, ou pior, do que sobrou dela”, opinou o secretário geral do Sindicado dos Trabalhadores dos Correios do Paraná, Marcos Rogério Inocêncio.
Reivindicações
Os trabalhadores querem 8% de reposição salarial, vale refeição de R$ 45 e vale cesta alimentação de R$ 440. A categoria é contra as ameaças de privatização da estatal e reivindica a realização de novos concursos públicos, segurança às agências dos Correios e que os trabalhadores não tenham que arcar com o rombo do Postalis. Também é contra a mensalidade e retirada de dependentes do plano de saúde.
Supremo retira sigilo de inquérito contra Renan Calheiros no caso Postalis
CONJUR
29 de agosto de 2017
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo do inquérito que investiga condutas delituosas supostamente praticadas pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no âmbito do Postalis, instituto de previdência dos Correios. No despacho, o ministro também determina a remessa dos autos à Polícia Federal para diligências.No último dia 9, o relator determinou a instauração do inquérito, requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacando que, nesta fase, não é necessário que a verificação de indícios de materialidade e de autoria ocorra com o rigor que se examina a existência de justa causa para dar início a uma ação penal.
“Basta à instauração do inquérito que a notícia-crime tenha probabilidade de efetivamente se referir a um fato criminoso”, destacou. No caso dos autos, segundo o ministro, um primeiro exame revela elementos de participação direta do parlamentar nos fatos narrados.
O ministro apontou que os fatos narrados pela Procuradoria-Geral da República se referem a operações financeiras milionárias feitas pelo fundo Postalis com a compra de papéis de empresas de fachada que seriam geridas por Milton Lyra e Arthur Machado — o primeiro, como consta dos autos, muito ligado ao senador Renan Calheiros. Acrescentou que relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras apontou movimentação financeira incompatível com o faturamento das empresas de Milton Lyra.
Além disso, em seu acordo de colaboração premiada, o senador cassado Delcídio Amaral declarou que Milton Lyra era o operador de diversos políticos do PMDB e que era um dos poucos interlocutores de Renan Calheiros. Por sua vez, o doleiro Alberto Youssef, também em colaboração premiada, corroborou a influência do senador no fundo Postalis.
Lyra afirma que “não é e nunca foi intermediário do repasse de qualquer quantia a congressistas”. O empresário diz que jamais teve negócios com o fundo Postalis ou quaisquer empresas de fachada. “Milton Lyra é o principal interessado na conclusão das investigações, para o que colabora integralmente no esclarecimento das falsas acusações, como essas, das quais tem sido vítima”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa dele à ConJur.
Ao retirar o sigilo do inquérito, Barroso sustentou que o relato “é detalhado, e se fez acompanhar de termos de colaboração premiada, relatórios de inteligência financeira, tudo a demonstrar haver nos autos elementos suficientes para justificar a instauração de investigação para melhor apuração dos fatos, com a consequente realização das diligências requeridas”. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.
Inq 4.492
Direção Nacional da ADCAP.