Das 10 maiores empresas do mundo, 6 são estatais, diz conselheira da Caixa Econômica
Tribuna da Internet
29/01/2020
O assunto é repetitivo, mas vale à pena insistir, quando se trata de defender os interesses nacionais. O problema é tão grave que em setembro do ano passado foi lançada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, para se contrapor à mensagem diariamente transmitida pela grande mídia, que desde sempre vem atuando em favor dos interesses do capital estrangeiro.
Um dos destaques da cerimônia, realizada na Câmara Legislativa de Brasília, foi o pronunciamento da executiva Maria Rita Serrano, membro do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.
SUPERESTATAIS – “Tudo que é público tem corrupção, e no setor privado não tem. Lá a governança funciona que é uma maravilha”, ironizou Maria Rita Serrano, assinalando: “Talvez a grande diferença seja o fato de que o privado olha para o consumidor e o público tem que olhar o cidadão. Essa é a diferença fundamental”, continuou a representante da CEF, que também é coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.
“Para muitos no Brasil, o modelo ideal são os Estados Unidos. E lá existem sete mil estatais. Dados do ano passado do instituto Forbes, que é um instituto liberal, revela que das 10 maiores empresas em ativos do mundo, seis são estatais dos Estados Unidos, da China e da Europa”, ressaltou Maria Rita, revelando dados importantíssimos que a grande imprensa procura ocultar.
REESTATIZAÇÃO – Maria Rita Serrano destacou que entre 2000 e 2017, ao menos 884 serviços foram reestatizados no mundo, segundo o TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade, sediado na Holanda.
Citou reestatizações ocorridas em países centrais do capitalismo, como Estados Unidos e Alemanha. E isso ocorreu porque, segundo o TNI, as empresas privadas que assumiram concessões públicas, como abastecimento de água e energia, priorizavam o lucro e os serviços se tornaram ineficientes e caros.
“As reestatizações, portanto, foram feitas em defesa dos interesses da população”, sintetizou.
NOÇÃO DE SOBERANIA – “Por que a Alemanha detém 20% do controle acionário da Volkswagen? Por que a França tem 15% do controle acionário da Citroën e da Renault?”, questionou Maria Rita Serrano, explicando.
“Isso acontece porque esses países têm noção da importância da soberania. Eles sabem que se não tiver alguma inserção nesse processo, as empresas simplesmente vão embora e o país perde empregos, perde qualidade de vida. Oitenta por cento do controle do petróleo mundial é exercido por empresas estatais. A saúde na Inglaterra é pública. Nós estamos na contramão do que o mundo está fazendo. O que a gente vive são grandes mentiras que, repetidas várias vezes, vão se tornando verdadeiras.”
BANCOS PÚBLICOS – Em seu impressionante pronunciamento, Maria Rita enfatizou a importância de discutir essas informações com a população e lembrou que, desde 2015, foram realizadas mais de 150 audiências públicas em câmaras municipais e assembleias legislativas pelo país para debater a importância dos bancos públicos.
“Temos de reproduzir esse debate com a população, temos de falar com empresários, com produtores rurais, sobre a importância dos bancos públicos e das empresas públicas.”
Na verdade os bancos públicos estão enfrentando um processo intenso de sucateamento desde que o governo Temer tomou o poder, em 2016, política que continua no governo atual.
ÁREAS ESTRATÉGICAS – Também teve grande repercussão o discurso de Juvandia Moreira, funcionária do Bradesco e presidente da Contraf-CUT. “Esse desmonte não é feito só vendendo a empresa ou vendendo uma subsidiária, é feito desmontando no dia a dia. Desde a saída de Dilma Rousseff, com o governo Temer e agora com Bolsonaro, já são mais de 20 mil trabalhadores desligados nos bancos públicos. É um desmonte de áreas e setores estratégicos.”
Juvandia ressaltou que foi definido um calendário com uma série de ações, atividades e audiências públicas em todo o Brasil para debater a importância da defesa das empresas públicas. “Já fizemos muitas atividades e continuaremos fazendo. Temos audiências marcadas nos municípios, assembleias legislativas, nas câmaras de vereadores, no Brasil inteiro dialogando com a população sobre a importância dos bancos públicos na vida das pessoas.”
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No mundo postal há pouquíssimos correios privados. E os grandes correios citados como de capital aberto, como Alemanha e Japão, são controlados pelos respectivos governos, que não abrem mão disso, pois sabem da importância de o Estado
controlar esse serviço.
No Brasil, extremistas pregam a venda de tudo o que é estatal, incluindo os Correios, ignorando propositalmente o que acontece no resto do mundo.
Essas posições extremas colocam o interesse público em risco por aqui. (ADCAP)
ECT perde receita em grandes clientes
No ano passado, até novembro, o faturamento cresce 0,5% para R$ 17,9 bilhões e o prejuízo é de R$ 148 milhões
Valor
29/01/2020
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) acumulou prejuízo de R$ 148 milhões no ano passado, até novembro, enquanto a receita cresceu 0,5%, para R$ 17,94 bilhões.
No grupo de seus dez maiores clientes, que respondem por 35% das vendas, a receita cai em oito deles, em especial na área de serviço postal. A receita desse grupo, até outubro, encolheu 2,9%.
Com a substituição das faturas e mensagens de marketing impressas em papel por arquivos eletrônicos, os Correios vêm perdendo receita nos últimos anos. Esta área de serviços postais equivale a 41% da receita da estatal.
Na divisão de encomendas e logística, que representa 49,8% da receita, a estatal registra crescimento. Mas ao contrário da área de serviços postais, onde a ECT tem o monopólio, há concorrência no mercado de entrega de mercadorias. A administração destaca no relatório a importância dessa área para reduzir a exposição às “receitas que tendem à extinção”.
Entre os dez maiores clientes dos Correios as vendas caíram 2,9% em 2019, até outubro, com destaque para Claro, Telefônica Brasil e Caixa Econômica Federal. As vendas para as varejistas on-line Mercado Livre e B2W cresceram.
Maior cliente dos Correios, o Mercado Livre também tem feito parcerias com empresas de logística como Azul Cargo Express, Sequoia, DHL e Jadlog. Com isso, a estatal perde espaço nos negócios do maior shopping virtual do país.
O relatório informa também que as despesas acumuladas até outubro foram de R$ 16,442 bilhões, alta de 2,1%. Parte desse aumento deve-se ao pagamento de indenizações do programa de demissão voluntária (PDV), que somaram R$ 146,4 milhões. “A tendência [é de] que a economia gerada pela redução do quadro de pessoal pelo PDV ao longo do ano dilua o impacto ocorrido, porém, ainda é preocupante a empresa não apresentar crescimento real da receita”, diz o departamento de controladoria da ECT, no relatório.
Entre outubro e novembro, o prejuízo diminuiu em R$ 84,37 milhões. Os produtos entregues durante a Black Friday deram fôlego à empresa. Segundo uma fonte, as vendas de Natal também devem ajudar a reduzir ainda mais o prejuízo. Despesas com o plano de saúde dos funcionários também devem ter caído até dezembro.
Procurada pela reportagem, a ECT respondeu que o balanço e o relatório da administração serão publicados até 30 de abril. “A atual administração permanece orientada a recuperar os indicadores financeiros, a sustentabilidade e a eficiência operacional”, afirmou a estatal. Acrescentou que o resultado operacional é positivo.
No ano passado, Floriano Peixoto Vieira Neto, presidente dos Correios, e sua equipe começaram a implementar um programa para cortar despesas de R$ 2,26 bilhões, entre 2019 e o fim de 2020. Algumas das medidas eram revisar as rotas aéreas postais noturnas, diminuir benefícios adicionais dos trabalhadores e renegociar contratos com fornecedores.
O Valor apurou que em uma reunião do conselho de administração, em dezembro, foi discutida uma nova estrutura organizacional. A proposta é separar a área de tecnologia que atualmente está ligada às áreas de gestão estratégica e finanças. Essa mudança, se aprovada em assembleia geral, aumenta de seis para sete o número de membros da diretoria executiva. Também seriam criados seis departamentos, oito gerências corporativas e reduzidas três superintendências executivas. A nova estrutura aumenta em 4,6% o orçamento anual de funções fixas, sem considerar os encargos.
Na reunião do conselho também foi aprovada a possibilidade de contratação de até R$ 250 milhões de crédito de curto prazo junto ao Banco ABC Brasil, para ser utilizado como capital de giro. A administração ainda não decidiu se tomará o empréstimo.
Funcionários dos Correios sinalizam nova greve para 18 de março
28/01/2020
FOLHAPRESS
Após disputas judiciais envolvendo o plano de saúde de funcionários dos Correios e a vigência do acordo coletivo, a categoria sinaliza nova greve a partir de 18 de março.
A Findect (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios) e a Fenect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios) divulgaram nesta terça-feira (28) que devem orientar os sindicatos a aderirem à paralisação, alinhados à convocação das centrais sindicais.
Na última quinta-feira (23), o ministro Luiz Fux, vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu os efeitos de decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) favorável aos funcionários dos Correios até que ocorra o trânsito em julgado do dissídio coletivo de greve.
O julgamento dos embargos de declaração do dissídio coletivo deve acontecer no dia 17 de fevereiro, no TST, em Brasília.
“Diante do descumprimento do acordo coletivo e do reajuste imposto pelo STF de quase 100%, os trabalhadores dos Correios deliberaram hoje por uma greve a ser construída nacionalmente”, afirmou a Findect.
Em outubro, o TST decidiu que os Correios pagariam 70% do valor do plano de saúde, enquanto os titulares pagariam 30%. No mês seguinte, o ministro Dias Toffoli, do STF, deu liminar suspendendo decisão do TST e determinando a coparticipação de 50% no plano de saúde.
Na última semana, o TST decidiu, por meio de liminar, suspender os efeitos de um ato administrativo dos Correios (motivado pela liminar de Toffoli) e voltar à divisão inicial, de 70% para a empresa e 30% para os funcionários.
Fux, então, derrubou essa decisão do TST até que houvesse o julgamento dos embargos de declaração do dissídio coletivo.
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Os brasileiros têm nos Correios uma empresa que alavanca a criação de centenas de milhares de empregos, nos fornecedores, nos clientes que usam os serviços postais em seus e-commerces, nos franqueados e em toda uma cadeia produtiva que funciona sem depender de dinheiro do governo. Por que mexer em algo que funciona e gera empregos para os brasileiros? Não pode ser apenas “porque eu quero”. O patrimônio dos brasileiros merece respeito. Diga não à privatização. #TodosPelosCorreios
Direção Nacional da ADCAP.