“O Estado e suas empresas estatais ou controladas não pertencem aos políticos e nem a partidos. O que aconteceu com a PETROBRAS e hoje mobiliza todo o país deveria ser um grande alerta sobre a necessidade de se repensar os mecanismos de governança, para que não tenhamos novos casos assim.
Mas não vou falar hoje da PETROBRAS. Quero falar de uma empresa estatal que já orgulhou muito os brasileiros, por seus feitos, por sua história, pela qualidade de seus serviços, e que hoje tem isso colocado em risco, como denunciam seus próprios funcionários, devido ao aparelhamento político que vem ocorrendo naquela instituição, após a chegada do PT ao poder.
Falo dos Correios, uma estatal com mais de 120.000 trabalhadores honrados, muitos carteiros, atendentes e operadores de triagem, entre outros, que, com seu trabalho quase sempre anônimo levam as cartas e encomendas até nossos domicílios.
Pois esses trabalhadores se preocupam com o processo de politização que se instalou nos Correios, com a contratação de pessoas sem concurso público para altos cargos, as cessões frequentes de servidores da administração direta que nada conhecem dos serviços postais e que vão para a Empresa exercer funções de gestão ou de assessoramento superior, e também a utilização intensiva de critérios apenas políticos para a indicação de chefias. Isso tudo está destruindo os próprios valores básicos dos Correios, especialmente a meritocracia, que historicamente foi praticada naquela Empresa.
E esse processo destrutivo de valores já é responsável também por uma visível queda de qualidade dos serviços postais e nos próprios resultados financeiros dos Correios.
E, pelo que tenho visto e ouvido, não tenho dúvida que se esse processo não for estancado, em breve teremos mais uma estatal dependente do Governo Federal, até que encontrem uma maneira de privatizá-la. Isso mesmo! E não será a oposição que estará defendendo essa privatização, mas sim o Governo que, por sua incompetência, terá levado uma empresa que sempre conseguiu se sustentar bem com seus próprios recursos para a inviabilidade.
Os trabalhadores apontam a falta de concurso público para reposição de vagas em aberto há mais de 3 anos, a situação de quase falência do Postalis – Instituto de Previdência dos Correios, a desestruturação do plano de saúde, a insegurança no ambiente de trabalho decorrente de seguidos assaltos e muitos outros problemas que a administração atual não tem tido a competência de resolver.
Nenhum governo tem o direito de fazer isso com as estruturas de Estado. Algumas estatais como os Correios são muito importantes para o País, contam com quadros de trabalhadores qualificados e experientes e necessitam de ser bem administradas. Não podem ser submetidas a processos de aparelhamento político e nem destruídas por má administração.
As inúmeras lições do caso PETROBRAS precisam ser aprendidas e transformadas em regras e práticas de governança que protejam as empresas estatais ou controladas de más intenções e de práticas indevidas.
Os Correios precisam hoje de uma atenção especial, para não retroceder a uma situação já vivida no passado, quando o antigo Departamento de Correios e Telégrafos era sabidamente o maior cabide de empregos do Governo Federal. Era também um órgão ineficaz, burocratizado e caro para o Estado. Que essa história fique no passado e que nosso correio possa voltar a ser uma empresa de ponta e que possa atender bem o seu setor. ”