Ex-assessor dos Correios que intimidou repórter do EXTRA vai depor sobre ameaças

GLOBO ONLINE
13/5/2014


A Polícia Civil vai ouvir, ainda esta semana, o carteiro e ex-assessor técnico da Diretoria Regional do Correios no Rio de Janeiro João Maurício Gomes da Silva, de 35 anos. Ele deve ser intimado hoje para depor no inquérito em que é acusado de ameaçar uma equipe do EXTRA. Na manhã da última sexta-feita, Janjão, como é conhecido, bateu com o seu carro propositalmente contra o da equipe de reportagem e, depois, jogou seu veículo, em alta velocidade, contra o do jornal. O acidente foi evitado pelo motorista da equipe, que desviou a tempo.

 

O inquérito aberto na 32ª DP (Tanque) vai apurar a tentativa de dano e de exposição a perigo contra a equipe do EXTRA. Esse não é o único caso em que João Maurício Gomes da Silva é investigado.

 

Na ocasião em que bateu com seu carro contra o veículo da equipe de reportagem, composta pela repórter Flávia Junqueira, o fotógrafo Fábio Guimarães e o motorista Bruno Guerra, Janjão recebia em sua casa, na Rua Projetada C, em Curicica, uma equipe da Polícia Federal, do Núcleo de Repressão a Crimes Postais, que investiga fraudes de até R$ 15 milhões no plano de saúde dos funcionários do Correios. Janjão seria apontado como o cabeça do esquema de cirurgias superfaturadas e internações fantasmas.

 

Em outubro, a PF indiciou João Maurício por peculato e ele foi exonerado do cargo de assessor técnico da Diretoria Regional do Correios. Até então, em função de articulações políticas, era apontado como sendo o segundo homem mais forte na estatal no Rio.

 

Com ensino superior incompleto, Janjão entrou na empresa em 1997, como carteiro. Engrenou na vida sindical e, em 2007, foi secretário nacional da Federação Nacional de Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Fenect). Petista declarado, Janjão foi nomeado, em 2011, assessor técnico da Diretoria Regional do Rio, por Omar de Assis Moreira, diretor do Correios no estado.

 

Com a ascensão, o salário de Janjão passou de R$ 1.350 para cerca de R$ 12 mil.

 

Reprovado na sabatina

 

A nomeação ignorou as normas do manual de RH da empresa: os requisitos mínimos para ser assessor técnico são ter quatro anos de empresa e dois anos como chefe de divisão ou gerente de região operacional.

 

A Administração Central do Correios afirmou que a indicação para cargos de assessoria em Diretoria Regional do Correios é feita pela própria Diretoria Regional, com base no histórico funcional, desempenho e perfil dos empregados.

 

Em nota, a estatal alegou que, “a regra prevê que, em todos os casos em que os empregados não alcançam a pontuação mínima prevista para ocupar função, passem por análise de perfil, realizada por uma banca multidisciplinar. À época da nomeação em questão (2011), por regra administrativa, todos os processos já com parecer da banca eram submetidos à Administração Central apenas por formalidade”.

 

Janjão passou por uma entrevista em Brasília, mas teria sido reprovado. Foi numa segunda sabatina que o funcionário ganhou passe livre.

 

Em seu depoimento na PF, em outubro, Janjão afirmou conhecer o médico Carlos Alberto Alonso Filho. De acordo com denúncias, ele se apresentaria em nome do Correios para propor negociatas com médicos, hospitais e fornecedores de próteses.

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