Convergência Digital
15/03/2013
Atentas à maior margem de manobra concedida aos Correios com a Lei 12.490/2011 – que ampliou a atuação da ECT – empresas particulares que atuam no segmento de serviços postais eletrônicos trabalham para que parte dos serviços sejam terceirizados pela estatal.
As perspectivas de negócio são discutidas, com a participação – e patrocínio – dos Correios, em eventos internacionais realizados no país. O primeiro deles, World Mail Express Américas aconteceu no Rio de Janeiro no fim do mês passado. O próximo – Post Expo Latin America 2013 – será realizado na próxima semana, em Brasília.
Participante de ambos, Marcio Artiaga, da Digital Post – uma das grandes interessadas nesse filão – sustenta que a crescente digitalização muda o mercado de entregas, concentrando o negócio na logística, visto que é aí que está 90% dos custos envolvidos.
“Há um movimento natural de migração para o digital. Bancos, utilities e seguradoras são grandes clientes – as 20 maiores empresas representam quase 30% do volume dos Correios. E essas empresas querem migrar para o digital. O Itaú gasta por ano mais de R$ 1 bilhão, só com postagem, enviando extratos – quer convencer os clientes a não receberem isso em papel”, diz Artiaga.
O objetivo principal é entrar no mercado batizado de correio híbrido: basicamente, usar a tecnologia para enviar documentos de forma eletrônica, fazendo a impressão local. “Somos pioneiros nesse campo que tem três ou quatro players. Sou fornecedor e podemos ser complementares. O que a gente quer é vender serviços para os Correios”, completa o executivo.
A primeira aproximação dos Correios com esse tipo de serviço, no início dos anos 2000, foi, no entanto, muito conturbada. A empresa chegou a fazer uma licitação internacional para contratar um único fornecedor, mas o tema acabou virando caso de polícia e foi parar na CPI dos Correios – especialmente depois que a CGU indicou superfaturamento da ordem de 400%.
Para o setor privado, o ambiente mudou com a nova legislação. Nela não só os Correios ficam com a competência de explorar serviços postais eletrônicos – além de serviços financeiros e de logística integrada – como podem “firmar parcerias comerciais que agreguem valor à sua marca e proporcionem maior eficiência de sua infraestrutura, especialmente de sua rede de atendimento”.