QUAL O PERCENTUAL ADEQUADO
DE DESPESAS COM PESSOAL NA
INDÚSTRIA POSTAL?
Entre as alegações usadas para tentar cortar salários e benefícios dos trabalhadores nos Correios, é mencionado o percentual que as despesas de pessoal representam no total de despesas da Empresa, como se o número em si pudesse expressar, por si só, alguma coisa, inclusive levando a sugerir que essa despesa específica é causa de possíveis dificuldades financeiras dos Correios.
A indústria postal tem particularidades que os técnicos da área conhecem bem, mas que os burocratas do governo e outros neófitos desconhecem completamente. Uma dessas particularidades é exatamente o fato de as despesas com pessoal serem as mais expressivas nesse tipo de organização, notadamente nas empresas de estrutura monolítica e com grande extensão territorial, como é o nosso caso no Brasil. EUA e Canadá possuem situação assemelhada à brasileira.
Outros correios que se corporatizaram, expandindo-se por meio de subsidiárias mundo afora, como o correio alemão e o francês, já ostentam situação diferente, com um percentual de custos com pessoal significativo, mas com menor proporção com relação aos custos totais.
Antes, portanto, de apresentar um percentual de despesas com pessoal e taxá-lo de elevado sem nenhuma contextualização, a direção da Empresa deveria estudar a situação de seus pares. Além disso, deveria se debruçar sobre seu planejamento estratégico e responder por que a Empresa não busca a ampliação de seus negócios, como seria normal, pois isso naturalmente reduziria o percentual das despesas de pessoal no total, como ocorreu com as demais empresas postais que seguiram em frente e se desenvolveram.
Por fim, é importante esclarecer também que a Empresa não é um órgão público, onde a única alternativa de melhoria de resultados financeiros é cortando custos. Numa empresa, ampliar os negócios e as receitas também influi muito nessa equação. Ignorar isso, atribuindo a evolução das receitas apenas ao mercado e focando atenção exclusivamente em corte de custos, é uma decisão equivocada, que pode comprometer seriamente o futuro da própria Empresa.
Direção Nacional da ADCAP