Valor
25/08/2014
O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, entrou na Justiça e obteve liminar que bloqueia o valor de quase R$ 200 milhões referente a perdas em aplicações em títulos da dívida argentina. A decisão atinge Fabrizio Neves, ex-sócio da Atlântica, gestora do fundo que aplicou nos papéis, e o BNY Mellon, que atua como administrador da carteira. Ambos aparecem como réus na ação aberta pela fundação.
A perda com os títulos representa metade do patrimônio do fundo “Brasil Sovereign II”, que tem o Postalis como único cotista. A aplicação na dívida argentina foi feita de forma irregular, já que, pelo regulamento, o fundo deveria manter ao menos 80% do patrimônio em títulos de dívida pública brasileira.
“A situação é grave e decorrente diretamente das práticas evidentemente irregulares do gestor em desacordo com a regulamentação e finalidade do fundo”, afirma, na decisão, a juíza Carla Faria Bouzo, da 29ª Vara Cível do Rio, onde corre o processo.
A aplicação do fundo do Postalis foi realizada por meio de “credit-linked notes”, títulos emitidos por instituições financeiras no exterior lastreados na dívida argentina. Além do investimento irregular, os papéis teriam sido adquiridos por um valor de aproximadamente US$ 79 milhões superior ao devido.
Após os problemas na Justiça americana que levaram à suspensão do pagamento dos títulos de dívida do governo da Argentina e a reavaliação do valor dos papéis, a BNY Mellon decidiu fazer uma provisão que reduziu em mais da metade o patrimônio do fundo.
Nenhum representante do Postalis foi localizado até o fechamento desta edição para comentar o assunto. Neves também não foi localizado. Em nota, a BNY Mellon informa que a decisão de investimento foi feita pelo gestor do fundo escolhido pelo Postalis e que não se responsabiliza pelas ações da fundação e de terceiros. “Acreditamos que não há fundamento para ação judicial e nos defenderemos vigorosamente”, disse a instituição.