A matéria veiculada hoje pela Agência Estado a respeito do POSTALIS, adiante transcrita, traz uma informação muito importante para os participantes – a área financeira do POSTALIS, que é responsável pelos investimentos do instituto, e, portanto, pelos péssimos resultados obtidos nos últimos anos, permanece dirigida por pessoas que foram punidas pela PREVIC exatamente por não cumprirem as regras sobre aplicações estabelecidas para os fundos de pensões.
A manutenção dessas pessoas na condução do POSTALIS e a não apuração de responsabilidades dos péssimos resultados de 2011 e 2012 constituem, na visão da ADCAP, atos de gestão temerária por parte da Direção da Empresa, responsável pela indicação da Diretoria do instituto e também, naturalmente, pela manutenção nos cargos de diretores e gestores condenados.
O aprisionamento político-partidário do POSTALIS tem gerado prejuízos imensos para a ECT e para os participantes e é necessário que se dê uma basta nessa situação, que se passe a limpo o instituto, profissionalizando sua gestão, eliminando interferências indevidas em sua gestão e apurando adequadamente as responsabilidades pelos resultados visivelmente distintos – para pior – com relação aos demais grandes fundos de pensão.
Nesse sentido, a ADCAP já apresentou, à direção da ECT e do POSTALIS, diversas sugestões de melhorias, nenhuma das quais até agora adotada, sob alegações de cunho burocrático/legal. Assim, permanecemos tendo no POSTALIS diretores e conselheiros politicamente indicados, com as consequentes interferências político-partidárias daí decorrentes, nenhum contrato de gestão firmado entre a ECT e o POSTALIS, embora a própria PREVIC tenha algo nessa linha firmado com seu Ministério supervisor, divulgações de informações superficiais que não explicam onde estão nossas aplicações e qual sua posição atual (alguém sabe, por exemplo, como estão os resultados do POSTALIS em 2013?).
O POSTALIS não pertence ao Governo, não pertence a um partido e nem a nenhum grupo político. O POSTALIS pertence à ECT e a seus trabalhadores e precisa ser respeitado e bem administrado, para assegurar o atingimento dos objetivos para os quais foi criado.
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PREVIDÊNCIA PEDE SAÍDA DE DIRETOR DE FUNDO DOS CORREIOS
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) determinou o afastamento por dois anos do atual diretor-financeiro do fundo de pensão dos Correios, Ricardo Oliveira, por investimentos que deram prejuízos ao Postalis de, ao menos, R$ 762 milhões. Mantido com recursos dos Correios e dos servidores da estatal, o fundo é o terceiro maior do Brasil, considerando o número de associados, e um dos principais investidores institucionais do País, com patrimônio de R$ 7,7 bilhões.
A Previc, responsável por fiscalizar os fundos de pensão, também aplicou multa de R$ 40 mil a Oliveira, em decisão publicada no dia 21 de agosto.
A despeito da orientação da Previc, Ricardo Oliveira será mantido no cargo, segundo informou o Postalis ao Estado. O fundo não comentou os motivos da punição pela Previc.
Carta. Dez entidades ligadas a fundos de pensão e aos trabalhadores dos Correios encaminharam, na última semana, carta à presidente Dilma Rousseff e aos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) pedindo a saída de Ricardo Oliveira do cargo e de “todos os demais responsáveis pelas decisões de investimentos que impuseram perdas ao Postalis que terão de ser cobertas pelos Correios e pelos servidores”.
Mudança de voto. O afastamento do diretor financeiro do Postalis já foi defendido por seus colegas no ano passado, mas uma reviravolta o manteve no cargo.
Em novembro, o conselho deliberativo, por quatro votos a dois, deliberou pela demissão de Oliveira por causa dos prejuízos ao fundo. Treze dias depois dessa decisão, contudo, o conselheiro Reginaldo Alcântara mudou o voto, revertendo a demissão de Oliveira.
Na ata da reunião, à qual o Estado teve acesso, os conselheiros favoráveis ao afastamento apontaram que o déficit num dos planos de investimento do Postalis saltou de R$ 392 milhões para R$ 762 milhões de 2011 para 2012.
“Agrava-se a situação em função do atual diretor financeiro ter sido gerente de aplicações e membro do comitê de investimentos do Postalis antes de assumir a diretoria, tendo conhecimento da real situação das aplicações do fundo”, registraram os conselheiros em defesa do afastamento.
Ao mudar seu voto, o conselheiro Reginaldo Alcântara justificou ter pensado melhor. “Não está claro para mim que o diretor financeiro, muito embora tenha sido gerente de aplicações, tenha que ser responsabilizado por nós.”
Investigação. Na mesma reunião, de 2012, os diretores citam investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais dos Estados Unidos, acerca de uma corretora contratada para investir recursos do fundo que resultou em prejuízo ao Postalis de U$ 16,2 milhões. A existência da investigação foi revelada pelo jornal Valor Econômico.
A investigação apura fraude nos valores de comissões de operações realizadas em dois fundos de investimento pela Atlântica Administração de Recursos Ltda, corretora constituída nos Estados Unidos e contratada pelo Postalis. A corretora aplicou US$ 46 milhões do Postalis em dois fundos.
Oliveira foi indicado para a diretoria financeira por apadrinhados do PMDB. O partido controla o Postalis ao lado do PT, que indicou o presidente.
Procurado pela reportagem do Estado, Ricardo Oliveira não quis dar entrevista.
Fonte: O Estado de S.Paulo / 08 de outubro de 2013