Polícia Federal investiga operações de fundos de pensão das estatais

Jornal Nacional

27/11/2014

 

Nesta semana, o jornal O Globo mostrou que investimentos feitos por esses fundos teriam dado prejuízo.

 

No Brasil, depoimentos colhidos durante a Operação Lava Jato levaram a Polícia Federal a uma nova suspeita. Desta vez, sobre a administração de fundos de pensão de empresas estatais. Esses fundos já são investigados por outros órgãos de fiscalização.

 

A investigação na Previc – Superintendência Nacional de Previdência Complementar – começou há dois anos, quando foram detectadas as primeiras suspeitas de irregularidades nos fundos de pensão de funcionários da Petrobras – Petros – e Postalis – dos funcionários dos Correios.

 

Nesta semana, o jornal O Globo mostrou que investimentos feitos por esses fundos teriam dado prejuízo. O Petros e o Postalis teriam aplicado R$ 73 milhões na empresa Trendbank, por influência do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

 

Segundo a reportagem, o Postalis teria aplicado R$ 40 milhões em um fundo do banco BNY Mellon, por meio de uma gestora de investimentos indicada pelo doleiro Alberto Youssef. Segundo o jornal, os fundos de pensão de funcionários das estatais são descritos como o “clube do amém”, devido ao direcionamento de investimentos dessas entidades para negócios suspeitos.

 

A conexão entre os fundos de pensão, João Vaccari e o doleiro Alberto Youssef já tinha sido apontada pelo advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, considerado pela Polícia Federal como laranja do doleiro.

 

Ele disse à polícia e à Justiça que o Petros adquiriu R$ 13 milhões em créditos da Indústria de Metais do Vale, como parte de um acerto que incluiu o pagamento de R$ 500 mil em propina a dirigentes do fundo.

 

O dinheiro foi repassado a três intermediários, identificados como Claudio Mente, Rubens de Andrade e Antônio Bahia.

 

A operação, segundo Carlos Alberto, seria para beneficiar o diretor do Petros, Humberto Pires Grault, e outro acima dele, cujo nome disse não recordar.

 

“Foi feito, emitido, uma nota através de uma terceira empresa, uma ou várias, duas ou três, eu não me recordo exatamente. E esse recurso foi desviado para o pagamento de propina para funcionários da Petros. Segundo o senhor Cláudio Mente, os funcionários eram o senhor Humberto Pires e mais um diretor”, disse Carlos Alberto Pereira da Costa.

 

Nos negócios suspeitos com fundos de pensão, o laranja também citou o nome do tesoureiro do PT. Segundo Carlos Alberto, Vaccari esteve várias vezes na CSA, uma das empresas da quadrilha. Possivelmente a fim de tratar de operações com fundos de pensão com Cláudio Mente.

 

A Previc não quis gravar entrevista, mas informou em nota que as irregularidades encontradas nos fundos são “situações atípicas” e que outros órgãos estão colaborando com as investigações, como a Comissão de Valores Mobiliários, a Superintendência de Seguros Privados, o Ministério Público Federal e o Banco Central. A Previc não informa quais os responsáveis que estão sendo investigados. Mas disse que eles foram autuados e estão recorrendo.

 

O secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, declarou que nunca orientou os fundos de pensão, que não ocupava o cargo quando ocorreram os fatos mostrados na reportagem e que só esteve uma vez com o doleiro Alberto Youssef, em situação social.

 

O Postalis declarou que não houve interferência política, nem influência do doleiro nos investimentos.

 

A Petros negou ter recebido notificação da Previc sobre irregularidades e afirmou que todas as decisões sobre investimentos são técnicas.

 

O Jornal Nacional não conseguiu contato com os outros citados.

Outras Notícias