A imprensa trouxe a notícia de interesse da JSL na compra dos Correios. (https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/mantemos-o-interesse-em-comprar-os-correios-e-queremos-anunciar-pelo-menos-mais-uma-aquisicao-neste-ano-diz-ceo-da-jsl/)
Não obstante tratar-se de uma companhia de logística renomada no mercado nacional, é interessante observar que temos aí empresas de portes completamente diferentes. Faria sentido, portanto, uma situação inversa: os Correios terem interesse na aquisição da JSL ou de parte dela. Aliás, essa alternativa já foi cogitada anteriormente, quando os Correios chegaram a estudar empresas de logística que poderiam ser adquiridas para complementar seus serviços ao mercado.
Para deixar isso mais claro à audiência, basta comparar alguns números das duas companhias, como a receita líquida e o lucro líquido de 2020:
Informações
Receita Líquida
JSL
2.827
Correios
17.249
Lucro Líquido
JSL
41
Correios
1.530
Antes, porém, de uma questão econômica ou de interesse comercial nos Correios, é necessário considerar que há outras questões precedentes a serem apreciadas, como a da constitucionalidade dessa privatização e do interesse público aí envolvido. A constitucionalidade é questionada pela ADI-6635, tramitando no STF e com parecer da PGR sobre a inconstitucionalidade da iniciativa do governo. Já o interesse público não foi sequer debatido com a mínima profundidade necessária, haja vista a tramitação injustificadamente expressa do PL-591/2021 na Câmara dos Deputados.
Sem enfrentar essas questões, o projeto de privatização dos Correios torna-se mera especulação, capaz de suscitar manifestações apressadas que não poderão ser sustentadas à frente, até por se referirem a uma ideia sem viabilidade institucional, econômica ou política.
ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios