Governo federal vai criar a CorreiosPar

 

Valor Econômico
17/04/2013

O governo prepara a criação da CorreiosPar, uma subsidiária da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), para cuidar das participações minoritárias da estatal em segmentos onde ela ainda não opera ou atua de forma incipiente. “O nosso esforço é para colocá-la de pé ainda em 2013”, disse ao Valor o presidente da ECT, Wagner Pinheiro.

Segundo ele, o projeto da nova empresa já foi levado ao conselho de administração dos Correios, presidido pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. “A indicação do conselho é positiva. Estamos trabalhando na formatação da CorreiosPar, mas ela terá uma estrutura muito enxuta, apenas para organizar as nossas participações minoritárias”, acrescentou o executivo.

Poderão ficar sob gestão da CorreiosPar as participações da estatal em negócios como o trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. A ECT está disposta a investir R$ 300 milhões no grupo vencedor do leilão, como “sócia estratégica” do projeto, em troca de uma fatia de até 5% no capital da futura concessionária do trem-bala.

Também deve ficar sob o guarda-chuva da nova subsidiária a operadora virtual de telefonia móvel dos Correios. A estatal busca uma parceria com uma grande empresa do setor para comprar minutos no atacado e vendê-los no varejo, em suas agências, em um modelo conhecido pela sigla técnica MVNO. Trata-se de um negócio relativamente comum na Europa, mas inédito no Brasil.

Outro segmento em que a ECT pretende crescer neste ano, provavelmente em parceria com empresas privadas que atuam no ramo de tecnologia da informação, é o de serviços postais eletrônicos. A estatal já tem um projeto pioneiro, com tribunais de justiça estaduais, e quer estendê-lo para bancos e operadoras de cartões de crédito. O objetivo é encurtar o longo caminho que normalmente se percorre entre a impressão e o envio da fatura aos clientes, digitalizando documentos.

“A nossa intenção é construir parcerias com o setor privado em cada um desses ramos”, afirmou Pinheiro. Ele destacou os avanços da estatal nos últimos dois anos, com 13 mil contratações e a aquisição de 14 mil veículos, além da construção, reforma ou ampliação de 700 unidades operacionais. Estão sendo criados cinco a oito novos centros de triagem.

Na sexta-feira da semana que vem, segundo o executivo, a ECT terá uma reunião de seu conselho de administração para aprovar o balanço de 2012. Pinheiro não entrou em detalhes sobre o resultado financeiro, mas antecipou que foi superada a marca de R$ 1 bilhão de lucro no ano passado. Em 2011, os Correios chegaram perto disso, mas uma greve de 28 dias e a complementação de dividendos pagos ao Tesouro por exercícios anteriores deixaram o lucro em R$ 883 milhões. “Desta vez, superamos R$ 1 bilhão”, adiantou o executivo.

De olho em cumprir o planejamento estratégico para o ano 2020, que tem a redução de 20% das emissões de gases-estufa como meta de responsabilidade socioambiental, a estatal tem explorado a possibilidade de comprar motocicletas elétricas para suas entregas. Quatro motos – duas em São Paulo e duas em Belo Horizonte – já estão rodando desde janeiro, como parte de um projeto-piloto. A perspectiva é concluir um termo de referência, até o fim deste ano, para ter os critérios que vão balizar a eventual ampliação da frota. Uma decisão sobre a aquisição ou não de mais motos precisará de respaldo do governo, já que esses equipamentos são mais caros, no início.

De acordo com Rui Almeida, diretor técnico da Ribamotos, que fornece as motos elétricas para os Correios, o custo de cada equipamento varia entre R$ 12,5 mil e R$ 14,5 mil. “Mas há uma redução de 60% a 75% no gasto com combustível”, afirma. A autonomia é de 90 a 120 quilômetros rodados, dependendo se a bateria é de lítio ou de silício. A empresa representa, no Brasil, a alemã VMoto-Emax, que fabrica essas motos na China, para baratear os custos de produção. Os Correios vão fazer uma pesquisa de mercado para levantar outros possíveis fornecedores e então definir os critérios no termo de referência.

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