Valor Econômico
27/02/2013
Joakin Thrane, da DHL: “O controle de rastreamento também é outro fator da confiança dos empresários, além da agilidade nos serviços prestados”
Agilidade na entrega e uma ampla gama de ferramentas de rastreamento para tornar mais fácil preparar e acompanhar as remessas de produtos exportados são os pontos fortes das estratégias dos fornecedores de transporte de cargas expressas para aumentar sua carteira de serviços prestados para as pequenas e médias empresas brasileiras que pretendem ampliar seus negócios no exterior.
O planejamento é global. A UPS, por exemplo, que atua na área de logística, oferecendo uma ampla gama de soluções, incluindo o transporte de pacotes e cargas, lançou em dezembro, para clientes brasileiros e de outros países da América Latina, o programa on-line promocional “Expanda seus negócios com a UPS, que concede vantagens adicionais para as pequenas e médias empresas que desejam aumentar suas vendas para o mercado internacional.
O principal foco é reforçar a expansão das PMEs na América Latina, indica Daniel Souza, gerente de operações air cargo da UPS Brasil.
Além de opções mais convenientes às necessidades e ao orçamento das empresas, o programa oferece uma série de serviços que proporcionam maior segurança, melhor controle e visibilidade das remessas.
“O gerenciamento é feito por meio de tecnologias de rastreamento, controle, faturamento e processamento de remessas que automatizam as atividades de exportação e importação, evitando fatores que podem implicar perda de dinheiro”, explica Souza. “Além disso, os clientes têm acesso a mais de 220 países e territórios, o que amplia suas oportunidades de negócios”, afirma.
Embora não revelem quanto as PMEs representam no seu portfólio de negócios, por considerar essa uma informação estratégica, os operadores de transporte de cargas tratam esse segmento com especial interesse. No caso da DHL, uma das maiores empresas de serviços de envio expresso, aéreo e marítimo, transporte terrestre, contratação de soluções de logística e serviços de correspondência internacional, a presença dos pequenos e médios negócios é bastante significativa. Representam 92% de 2,8 milhões de clientes da DHL globalmente, informa Joakin Thrane, CEO da companhia no Brasil.
Segundo ele, uma pesquisa realizada em 2011 demonstrou que a DHL Express é responsável por 46% da preferência das empresas de micro, pequeno e médio portes no que diz respeito a remessas internacionais. “Entre os motivos estão confiança das empresas e o nosso comprometimento com os clientes. O controle de rastreamento também é outro fator da confiança dos empresários, além da agilidade nos serviços prestados”, afirma.
Para a FedEx Express, divisão Mercosul, este segmento também cresce de importância, de acordo com Denise Thomazotti, gerente de marketing. Ela cita dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), relativos a 2011, segundo os quais as pequenas e médias empresas representam 73% do número de exportadoras, com valor médio exportado por empresa de US$ 192,8 mil. “A FedEx compreende o significado desse fortalecimento, seus desafios e as oportunidades inerentes, tanto que foi a primeira empresa do setor a lançar um programa especializado e que presta assessoria, consultoria, produz boletins e newsletters sobre o comércio internacional, realiza congressos e seminários, assim como descontos promocionais. Esse programa já beneficiou mais de quatro mil companhias no Brasil e 28 mil em toda região da América Latina”, conta ela.
A pauta de exportação das PMEs é bastante diversificada. De acordo com os dados do MDIC, em 2011, o número de empresas de médio porte que exportaram aumentou 0,5%. Passaram de 5.681 em 2010 para 5.710 em 2011. Em relação a valores, o segmento apresentou crescimento de 7,6%, passando de US$ 8,198 bilhões, em 2010, para US$ 8,819 bilhões, em 2011.
O principal setor exportador foi o de máquinas e equipamentos mecânicos, sendo que as exportações corresponderam por 11,9% do total. Em seguida, estão madeira e obras (8,5%); obras de pedras (6,1%); plásticos e obras (4,6%); e móveis e mobiliários médicos (3,3%).
Os Correios, que correm para se tornar também uma empresa de “classe mundial” no segmento de transporte de cargas para o exterior, apostou na oferta de mais facilidades para diminuir a burocracia elevada, custos expressivos, ausência de opções logísticas em cidades do interior e falta de informação sobre o mercado exportador, especialmente para micro e pequenas empresas exportadoras. Criou o Exporta Fácil, em que o cliente, ao invés de ter de lidar com um grande número de documentos, preenche apenas um termo, o AirWay Bill (AWB), que contém as principais informações sobre a remessa.
O programa foi desenvolvido em parceria da Receita Federal, Banco Central, da Secretaria de Comércio Exterior, Câmara de Comércio Exterior e de outros órgãos relacionados às exportações, com objetivo de simplificar os processos postais e alfandegários, e permite efetuar exportações no valor de até US$ 50 mil por pacote de até 30 quilos.
Os obstáculos ao incremento das exportações dos pequenos e médios negócios, de fato, não são poucos, admitem os operadores do transporte de cargas. Segundo Joakim Thrane, da DHL Express, o custo da área de logística no Brasil pode chegar a 13%, consumindo uma margem alta das receitas das empresas.
Além disso, as PMEs precisam vencer dificuldades tipicamente brasileiras para ser competitivas no exterior, como incentivos fiscais e de crédito insuficientes e altas taxas de juros. “Em decorrência de seu porte, muitas empresas não se sentem capazes de atuar sozinhas no mercado internacional”, atesta Denise Thomazotti, da FedEx, que lançou uma série de vídeos com respostas às principais dúvidas dos seus clientes quanto a emissão de certificados de origem, de faturas comerciais e política de drawback, entre outras.
Apesar de tudo, as perspectivas são favoráveis ao crescimento dos negócios e algumas empresas investem nesse sentido.
A recente aquisição do Rapidão Cometa pela FedEx coloca a operadora em situação privilegiada, avalia Denise. “Com essa aquisição, a FedEx é agora a empresa privada com maior infraestrutura em transporte aéreo e terrestre junto do Brasil, ficando mais próximas das pequenas”, diz ela. Já as projeções da TNT Express, que também oferece serviços personalizados para diferentes demandas dos clientes, são de crescer 20% em seu faturamento, este ano, no Brasil.