Frequentemente, a ECT tem lançado mão de afirmar que os problemas do Postalis se limitam ao plano BD e a aplicações antigas, como se isso isentasse as direções da ECT e do POSTALIS da responsabilidade sobre o quadro atual. Trata-se de uma falácia, que ilude os trabalhadores menos avisados.
Plano BD
O plano BD, que apresenta atualmente um déficit atuarial acumulado em 2013 e 2014 de quase 3 bilhões de reais. É realmente o maior problema do instituto. Aplicações realizadas anteriormente de forma desastrosa e a incapacidade da atual gestão de corrigi-las ao longo do tempo estão levando o plano rapidamente para um quadro que se aproxima da insolvência, ou seja, da incapacidade do plano honrar com as obrigações de pagar os benefícios atuais e futuros dos participantes.
A esse déficit ainda não foi adicionado outro valor, relativo a dívida da própria ECT, causada pela suspensão do pagamento de suas obrigações em função do saldamento desse plano. Só para lembrar, a decisão de saldamento foi EXCLUSIVA dos Correios. Em se mantendo a inadimplência dos Correios, o déficit será maior ainda.
Para se resolver este déficit, os Correios nos convidarão, participantes e assistidos, em breve a dividir a conta, o que se chama “equacionamento”. Assim seremos “convidados” a pagar metade do rombo causado pela própria ECT, no caso da suspensão do pagamento de sua dívida de saldamento, e pela diretoria do Postalis, responsável pelos resultados negativos dos investimentos, pois essa Diretoria vem sendo indicada EXCLUSIVAMENTE pelos Correios. Esse é o modelo de sociedade proporcionada pelos Correios a seus trabalhadores: dividimos a conta na formação dos recursos (o que é justo); o sócio ECT escolhe sozinho todos os diretores no Postalis para administrar a sociedade; e, se os administradores indicados por ela administram mal os recursos, aplicando em investimentos duvidosos, e gerando rombos milionários, somos convidados a pagar metade dessa conta.
O pior é que as contribuições extraordinárias, que já estamos pagando, e as futuras não garantem muita coisa, haja vista os resultados negativos que a administração do Postalis vem obtendo nas aplicações desse plano. Para se ter uma ideia, o resultado do investimentos da diretoria do Postalis no plano BD neste ano (até setembro) foram: -19,6% dos valores investidos em renda fixa, -73,7% em renda variável, -3,9% em investimentos estruturados, -65% em investimentos no exterior. Apenas de positivo temos os empréstimos aos participantes (a parcela que pagamos dos empréstimos que tomamos junto ao Postalis). Esse é o resultado do Plano BD neste ano. E será para cobrir estes desastrosos resultados que nos convidarão em breve a aumentar nossas contribuições.
Plano Postalprev
Sobre o plano Postalprev, a ECT e o POSTALIS têm afirmado que “não existe déficit no plano PostalPrev, que atende cerca de 115 mil participantes ativos, e está atualmente equilibrado“. Falácia também! O plano Postalprev tem apresentado rentabilidade abaixo da inflação, como demonstra o próprio Postalis em Números. O que acontece nesse plano (e que não é dito) é que o baixo rendimento é automaticamente convertido em redução do valor a ser recebido no futuro pelos participantes, não havendo a figura do equacionamento, como há no BD. Ou seja, nesse caso o equacionamento é exclusivamente nosso. Simples assim. A ECT, nossa sócia, contribui junto conosco (o que é justo); escolhe sozinha os diretores do Instituto, mas, para esse plano, o prejuízo (baixo rendimento) é assumido apenas por nós, com a redução dos benefícios. Os péssimos resultados das aplicações são automaticamente convertidos em redução de valores a receber no futuro e o plano fica sempre “equilibrado”.
Assim, não são apenas as aplicações antigas (muitas inexplicáveis, sem transparência e sem apuração de responsabilidade) que tem se mostrado desastrosas no Postalis. As mais recentes, feitas a partir das captações de contribuições do Postalprev também não têm oferecido rentabilidade adequada, penalizando os participantes, que teriam resultado muito melhor se suas contribuições acrescidas da parte da Empresa fossem simplesmente depositadas em cadernetas de poupança. Para se ter uma ideia, os resultados dos investimentos nesse plano neste ano foram: +3,91% em Renda Fixa, -10,76% em Renda Varável, +2,74% em Investimentos Estruturados e +11% em Operações com Participantes (empréstimos).
Conclusão
A ADCAP já desafiou inúmeras vezes o POSTALIS a se comparar com seus pares, a assinar um contrato de gestão com os Correios, enfim a dar mais transparência a suas ações e resultados. E, como tais sugestões não foram acatadas e o instituto continua dando monumentais prejuízos, a ADCAP solicitou à PREVIC intervenção no POSTALIS, única medida que, na visão da associação, será capaz de repor a verdade dos fatos e assegurar a responsabilização dos que deram causa aos bilionários prejuízos do POSTALIS.
Diretoria Executiva da ADCAP Nacional.