Valor Econômico
31/07/2013
A Porto Seguro Conecta, operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês) da seguradora Porto Seguro, inicia hoje a venda de serviços aos consumidores. Será a primeira iniciativa do tipo no país desde que o modelo foi regulamentado no país, em 2010. O início das operações será feito nas cidades paulistas de Santos, a partir de hoje, e Campinas, amanhã.
De acordo com José Luis Ferreira da Silva, diretor da Conecta, as localidades foram escolhidas porque apresentam um número significativo de clientes da seguradora e são mercados menores, onde será possível testar o desenvolvimento do serviço. No projeto de expansão, disse Silva, a ideia é chegar à cidade do Rio até o fim do ano, e em São Paulo no primeiro trimestre de 2014.
A Conecta está em funcionamento desde meados do ano passado, mas vinha sendo usada pela Porto Seguro exclusivamente em seu negócio de rastreamento de veículos. No fim de julho, a operadora atingiu a marca de 65,8 mil linhas em serviço, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A operadora funciona no modelo de autorizada, contratando a rede de uma companhia estabelecida e se responsabilizando por toda a oferta de serviços. A Conecta usa a rede da TIM e tem a Datora como parceira tecnológica. Até agora, a Porto Seguro diz ter investido R$ 35 milhões na iniciativa.
As operadoras móveis virtuais surgiram como uma maneira de aumentar a competição no mercado brasileiro. A expectativa inicial era que até o fim de 2012 fossem encaminhados à Anatel 100 pedidos de operação desse tipo de rede. Mas apenas quatro foram feitos até hoje (Porto Seguro, Datora, Sisteer e Terapar). Outras duas iniciativas já foram anunciadas, mas ainda não chegaram ao órgão regulador: Correios e Virgin Mobile. De acordo com a consultoria espanhola Everis, as operadoras de rede virtual no Brasil podem chegar a uma participação de 5% a 10% do mercado de celulares.
De acordo com Silva, a meta da Porto Segura Conecta é ter um milhão de clientes entre voz e serviços de monitoramento em um período de cinco anos. Com um volume baixo se comparado aos milhões de adições feitas anualmente pelas operadoras tradicionais, a MVNO não pretende competir diretamente com elas por espaço no mercado, diz Tiago Galli, gerente-geral da operadora. A ideia é que a empresa seja uma ferramenta para tornar mais fiéis clientes e corretores, como já ocorre com produtos como o cartão de crédito Porto Seguro e a assistência para computadores e eletrodomésticos incluída nos seguros residenciais.
Segundo Galli, a Conecta pretende ter como principal diferencial a qualidade do atendimento aos clientes. Um exemplo disso é o processo de portabilidade – quando o assinante muda de operadora sem trocar o número do telefone. “Vamos fazer todo o monitoramento do processo e ligar para o usuário para atualizá-lo sobre o andamento. Quando o processo for concluído, o pessoal de atendimento vai ligar para avisar o cliente e testar se está tudo certo”, disse o executivo.
Os clientes da Conecta terão direito a um “smartphone reserva” por até 30 dias, caso seu aparelho oficial precise ir para o conserto. Também será oferecido gratuitamente um serviço de localização que permite ao cliente saber, por exemplo, onde estão seus familiares. A compra de smartphones poderá ser feita com descontos de até 50% quando pagas com cartão da Porto Seguro. E os gastos mensais poderão convertidos em 10% de desconto na contratação ou renovação do seguro para carros. “Se juntar o desconto do telefone, mais o do cartão e de outras ofertas, o cliente consegue baixar muito o valor do seguro”, disse Silva.
A Porto Seguro Conecta terá, inicialmente, três pacotes pós-pagos com franquias de 200, 400 e 800 minutos de ligações para telefones fixos e celulares e mensalidades de R$ 110, R$ 195 e R$ 350, respectivamente. Quem fizer a portabilidade pode optar por um plano que cobra apenas o que é consumido no mês.
Todas as ofertas terão pacote de SMS e um gigabyte (GB) de franquia de dados para acesso à internet (a princípio só na tecnologia 3G). Os clientes poderão fazer chamadas para 15 países (entre eles Estados Unidos, França, Argentina e Chile) com preço de ligação local. As vendas dos chips serão feitas pelos corretores da companhia, que receberão comissão, assim como ocorre com os seguros. De acordo com Galli, os preços do serviço de roaming internacional serão divulgados em breve.