CORTAR, SOMENTE NA CARNE DO TRABALHADOR?

O agravamento da situação econômico-financeira do Correios não é surpresa nem novidade. Como também a forma com que as últimas diretorias têm tratado a situação.

Desde o agravamento da prática de utilizar a Empresa como propriedade do partido do Governo de plantão (quando, na verdade, é do Estado) foi radicalizado, a Adcap tem alertado, seja com sugestões, com divulgação de análises dos balanços da Empresa, reuniões, denúncias aos órgãos fiscalizadores e à imprensa, e ações na justiça, todos os atos que atentam contra esse verdadeiro patrimônio do povo brasileiro.

Os discursos dos três últimos presidentes são bastante parecidos. As práticas deles, também! Propõem reduzir despesas e fazer gestão eficaz. Mas não falam em aumentar receitas e, pior, massacram o trabalhador enquanto mantêm e trazem mais pessoas cedidas de outros órgãos e “assessores especiais”, todos para ocupar altas funções e receber gordos salários – puro desperdício.

Conhecemos a realidade dos Correios e entendemos que medidas urgentes devem ser adotadas para colocar a Empresa em rumo certo, recuperando sua boa qualidade de serviços, seus resultados financeiros e seus bons fundamentos. Sabemos que os trabalhadores terão que fazer algum sacrifício (e todos os trabalhadores têm esta consciência). Mas, CORTAR SOMENTE NA CARNE DO TRABALHADOR?

Algumas medidas duras estão sendo anunciadas e adotadas pela diretoria da Empresa, sob a justificativa de que o Correios está na UTI. Não há dinheiro! Os trabalhadores são chamados a contribuir, compreender e fazer sua parte nesse momento de recessão. Mas, como estimular um engajamento que sangra apenas o trabalhador, como se ele fosse culpado pela situação da empresa?

O problema central da Empresa, nos últimos anos, é a gestão. A causa principal do atual quadro foi o aparelhamento político-partidário, de todas as áreas e em todos os níveis. E a consequente não-priorização da empresa, considerando que os objetivos visados eram outros.

Ao invés de discursos salvadores, queremos práticas e atitudes que se coadunem com os princípios adotados como VALORES pelo Correios, expostos na Identidade Corporativa: Ética, meritocracia, respeito às pessoas, compromisso com o cliente, sustentabilidade.

Para lembrança de alguns e conhecimento de outros, os Correios acreditam e praticam os seguintes princípios:

1. Ética, pautada na transparência em seus relacionamentos e em boas práticas de governança;
2. Meritocracia, pela valorização dos empregados por seu conhecimento e competência;
3. Respeito às pessoas, com tratamento justo e correto à força de trabalho;
4. Compromisso com o cliente, garantindo o cumprimento da promessa de eficiência de seus produtos e serviços; e
5. Sustentabilidade, buscando sempre o equilíbrio entre os aspectos social, ambiental e econômico, para garantir a lucratividade, respeitando as pessoas, a sociedade e o meio ambiente.

Basta de discursos vazios e equivocados. Não aguentamos mais ouvir que o nosso problema é que “o mundo mudou, as novas tecnologias estão acabando com o mercado do Correios, calcado no monopólio, blá, blá, blá…” Basta lembrar que sempre fomos líderes no mercado de encomendas (que é concorrencial), que éramos o operador logístico escolhido por grandes empresas clientes, que avançamos no e-commerce e nos transportes gerados por ele. E que tudo isso vem sendo sucateado e se perdendo por incompetência de gestões políticas que se sucedem na Empresa.

Por que a Diretoria não começa dando bons exemplos, devolvendo todos os cedidos que aqui permanecem e dispensando todos os “assessores especiais” e  escolhendo os gestores com base na competência, ou seja, desistindo da prática de fazer dos Correios um cabide para “desempregados e apaniguados políticos”? É mais fácil sangrar o trabalhador do se que justificar com padrinhos?

Continuamos exercendo o nosso papel, de defender os nossos associados, os empregados, o Correios e a sociedade brasileira, que confia, acredita e sempre demonstrou um carinho especial por nós, única empresa presente em todos os 5.570 municípios do Brasil.

Continuamos prontos para colaborar para o desenvolvimento da Empresa. Basta que o discurso corresponda à pratica, que o trato da coisa pública seja feito com responsabilidade e que os trabalhadores sejam tratados com o devido respeito!

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