Folha de SP
25/03/2014
A Amazon já assinou contrato com praticamente todas as grande editoras de livros do país e se prepara para iniciar a venda de livros físicos pela internet até o início de maio, apurou a Folha.
A varejista americana iniciou operações no Brasil em dezembro de 2012, mas passou os primeiros 13 meses vendendo apenas livros digitais e aplicativos.
Os notórios desafios logísticos e tributários do país atrasaram o início da venda de produtos físicos, que começou de forma quase experimental em fevereiro, apenas com o leitor de livros digitais Kindle e acessórios para o aparelho.
Procurada, a Amazon afirmou que não comenta rumores de mercado. Em entrevista à Folha em fevereiro, o presidente da Amazon no Brasil, Alex Szapiro, afirmou que a empresa só entra em um novo mercado quando se vê preparada para oferecer um atendimento que “melhore a experiência do cliente”.
Diferentemente dos EUA, onde a empresa trabalha com um gigantesco centro de distribuição, no Brasil a Amazon optou por terceirizar a operação para a transportadora Directlog e para os Correios.
“A chegada da Amazon terá um impacto grande no mercado e acredito que eles vão crescer muito rápido pela qualidade do serviço”, afirma Carlo Carrenho, consultor editorial e fundador do PublishNews, portal dedicado ao mercado editorial.
Para Carrenho, a Amazon vai imprimir um novo padrão de eficiência ao mercado, pressionando editoras e distribuidoras a agilizar processos logísticos.
“Quando você tenta comprar um livro que não está no estoque das livrarias virtuais, é comum a entrega levar 15, 20 dias. Isso demonstra a falta de eficiência logística na cadeia do livro”, diz Carrenho.
“A Amazon vai exigir o cumprimento de prazos e isso pode gerar um efeito positivo em todo o mercado.”
Independentemente da política de preços, Carrenho acredita que a qualidade do atendimento e a valocidade da entrega serão determinantes para a Amazon conquistar espaço no Brasil.
“Quando a gente fala em Amazon a gente pensa em descontos, mas a velocidade de entrega é crucial na venda de livros”, diz. Ele lembra que mesmo em países como Alemanha, em que o preço de novos lançamentos é controlado por lei para proteger pequenas editoras, a Amazon tem ganhado mercado.