Adcap Net 19/06/2019 – “Deus acima de tudo, Correios no coração de todos”, diz general em carta – Veja mais!

“Deus acima de tudo, Correios no coração de todos”, diz general em carta

Exame
19 jun 2019

Demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos Correios general Juarez Cunha enviou uma carta de despedida aos funcionários na noite desta terça-feira. Na mensagem, exalta os resultados financeiros obtidos nos sete meses em que esteve a frente da estatal.

“Os índices da qualidade operacional superaram todas as metas, a recuperação financeira no último ano apresenta resultados muito favoráveis e as perspectivas futuras são excelentes. Nossa Empresa prossegue num franco processo de recuperação iniciado em 2018.”

O general relembra também sua passagem pelo exército: “Assim como defendi e respeitei todos os soldados do Exército de Caxias, também respeitei e defendi todos os empregados dedicados que orgulhosamente envergam o uniforme azul e amarelo”.

Termina mensagem com uma referência ao slogan de campanha do presidente Bolsonaro. “Brasil Acima de Tudo! Correios no Coração de Todos!”

Juarez deve ser destituído do cargo oficialmente nesta quarta-feira, após reunião do conselho de administração da estatal. Ele foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, que não gostou da postura do general durante uma audiência pública no Congresso sobre a privatização da estatal. Juarez se posicionou contra a privatização e posou para foto com parlamentares da oposição. Para Bolsonaro, foi uma “atitude de sindicalista”.

A fala de Bolsonaro ocorreu na sexta-feira e caiu como uma bomba entre executivos e funcionários da companhia. Um executivo próximo à estatal classificou a fala de Bolsonaro como truculenta e disse que a notícia foi recebida com espanto na empresa.

O general passou o início da semana à espera de uma carta do Ministério da Ciência e Tecnologia com a notícia oficial da demissão. Próximo a Bolsonaro, Cunha ficou abalado com a fala do presidente. Segundo um assessor próximo ao general, Cunha e Bolsonaro são amigos há décadas e frequentaram a casa um do outro. O general cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, assim como Bolsonaro, e é próximo do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.

Apesar da manifestação do presidente, o general foi trabalhar na segunda-feira, se reuniu com funcionários e afirmou que só deixaria o cargo quando a demissão chegasse oficialmente.

Cunha foi indicado para o cargo ainda no governo Temer, em novembro de 2018, ano em que a estatal teve 161 milhões de reais de lucro.

Leia a íntegra da carta enviada pelo general Juarez Cunha aos funcionários:

DESPEDIDA DOS CORREIOS

Meus caros amigos e amigas dos Correios!

Após sete meses à frente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, me afasto do vosso convívio com a consciência tranquila de ter empenhado o melhor dos meus esforços a serviço desta Empresa.

Foram sete meses de trabalho em equipe, num ambiente de muito profissionalismo, dedicação, camaradagem e cooperação, onde obtivemos excelentes resultados.

Os índices da qualidade operacional superaram todas as metas, a recuperação financeira no último ano apresenta resultados muito favoráveis e as perspectivas futuras são excelentes. Nossa Empresa prossegue num franco processo de recuperação iniciado em 2018.

A criação do Projeto Balcão do Cidadão me enche de orgulho, pois os Correios continuarão levando ao cidadão brasileiro, particularmente das localidades mais remotas, seu apoio, traduzido em cidadania e integração nacional.

Orientei minhas decisões com base na ética, na meritocracia e na restrição à influência político partidária. Fundamentei minha liderança na busca dos melhores resultados, no fortalecimento do espírito de corpo e no exemplo. Obtive um eco positivo no âmbito da maioria dos empregados, que alavancaram o moral, a confiança e o orgulho de pertencerem a esta empresa centenária.

Meus amigos!

Há 50 anos, prestei meu sagrado compromisso perante a Bandeira do Brasil. Naquele momento, jurei tratar com afeição os irmãos de armas e com bondade os subordinados. Nunca deixei de cumprir com este juramento. Durante minha longa carreira militar, atingindo o mais alto posto no Exército, cumpri com retidão as palavras professadas diante do nosso invicto Pavilhão Nacional.

Assim como defendi e respeitei todos os soldados do Exército de Caxias, também respeitei e defendi todos os empregados dedicados que orgulhosamente envergam o uniforme azul e amarelo.

Se não fosse para exercitar minhas firmes convicções, eu não poderia ser o Presidente dos Correios. Se não fosse para recuperar os Correios, no contexto da recuperação do nosso País, eu não teria aceitado este grande desafio.

Esse é um momento de serenidade e confiança no futuro. Todos os integrantes da Empresa, desde a Diretoria Executiva até o Carteiro mais jovem, devem se conscientizar da necessidade de prosseguir na jornada de recuperação e modernização da ECT. Há ainda muito por fazer, existem muitos obstáculos a ultrapassar, mas nenhuma barreira poderá reter as ações empreendidas com coragem, dedicação e confiança.

O meu muito obrigado a todos que contribuíram com minha gestão nestes poucos meses. A missão ainda não está cumprida, mas confiamos que esta briosa organização, com 356 anos completos, ainda tem muito a oferecer ao País.
Brasil Acima de Tudo! Correios no Coração de Todos!

O bordão da caixa-preta

O Estado de S.Paulo
19/06/2019

Boa parte do meu livro sobre a era Dilma publicado em 2016 foi sobre o BNDES. Perdia conta de quantos artigos escrevi sobre o banco. Só para esse jornal, devem ter sido mais de 20 ao longo de vários anos. Para sublinhar o ponto, em artigo publicado no dia 9 de janeiro desse ano, intitulado“Oque pode avançar ?”, escrevi esse trecho :“Sobre o BNDES em particular, perdia contado número de artigos que escrevi para esse espaço”. Entretanto, é impossível não escrever sobre o BNDES após a demissão do presidente do banco, Joaquim Levy, no último fim de semana. É impossível deixar de escrever sobre o BNDES ante os espantalhos e factoides que o presidente da República insiste em criar e diante do “bordão da caixa-preta” – não confundir com o cordão da bola preta – que muitos de seus fiéis seguidores insistem em repetir como se rezassem o terço da seita bolsonarista. Levy é um técnico experiente, e como técnico experiente, se recusou a rezar o terço. A oque tudo indica, essa é pelo menos uma das razões para que tenha sido tratado com rudeza e falta de profissionalismo pelo presidente no último fim de semana.

E aí, há caixa-preta no BNDES? Como outros pesquisadores, eu já trabalhei com dados do banco e já interagi bastante com seu corpo técnico. Em 2015 publiquei um estudo pelo Peterson Institute for International Economics em que apontava três distorções causadas pelo crédito subsidiado em abundância: a prática de emprestar bar atopara grandes empresas debaixo risco deixava para o mercado privado empresas de maior risco, induzindo aumento das taxas de empréstimos privados para compensar pelo risco adicional absorvido nos balanços de outras instituições; os repasses opacos do Tesouro para o BNDES, que criavam passivos para o governo na forma de subsídios – esses repasses que vigoraram durante os anos Dilma ajudaram a desequilibrar as contas públicas; a abundância de crédito barato do BNDES forçava o Banco Central a manter as taxas de juros mais elevadas, pressionado para cima a taxa de juros real. Calculei que se o BNDES reduzisses eu balanço expressivamente e acabasse como crédito subsidiado,a taxa de juros real poderia cair empou comais de um ponto porcentual. Foi oque aconteceu. Par achegara essas conclusões, usei os dados disponibilizados nosite do BNDES, que passou por profunda reformulação em 2015 como objetivo dedar transparência às suas operações, além de ter acesso atécnicos do banco, que, com sua generosidade, ajudaram a esclarecer várias dúvidas. Muitos, na época, expressaram profundo desagrado comas práticas que haviam predominado durante boa parte do primeiro mandato de Dilma.

Mas, vejam: o BNDES é um banco estatal. Como banco estatal, ele é um instrumento do governo. Se o governo decidir expandir o crédito para grandes empresas afim dedar impulso às suas políticas de campeões nacionais como na época de Dilma, oque o BNDES pode faze ré pôr seus técnicos para avaliaras operações afim de reduzir os riscos para o banco. O BNDES, como instrumento do governo, não pode negar uma ordem do governo. Portanto, se querem culpar alguém pelos excessos cometidos no passado, inclusive pelos empréstimos aos governos da Venezuela e de Cuba, culpem o governo que instruiu o banco afa zeros empréstimos, não o banco. É verdade que antes de 2015 poucos e sabia sobre as operações do BNDES – mas isso se devia à vontade do governo ao qual o banco está sujeito. De 2015 para cá houve mudanças na estrutura de governança do banco, além da abertura de seus dados. Basta entrar no site da instituição. Está tudo lá, disponível para quem quiser ver. Sem caixa-preta.

Ah, mas o BNDES estava demorando muito para devolver recursos ao Tesouro? Pois considerem: se o Tesouro foi irresponsável ao repassar recursos ao BNDES para que pudesse emprestar mais alongo prazo, o Tesouro, o governo, não podem agora ser irresponsáveis querendo que a instituição se desfaça às pressas desses recursos. Eles foram usados para empréstimos de longo prazo, que não têm, por óbvio, liquidez imediata. Portanto, desfazer os desmandos do passado é bem mais lento e difícil do que se imagina. Ah, mas o BNDES Par deveria se desfazer de suas ações para pagar o governo mais rápido. Espera lá. O BNDES Par é uma gestora de recursos, ou o braço de investimentos no mercado do BNDES. Como toda gestora, o BNDES Partem deter cautela a ose desfazerdes eu sativos. Sair vendendo ações a qualquer preço é prejudicial para o preço da ação da empresa em questão, assim como para a higidez da gestora, e, em última análise, para ado próprio BNDES. Se o governo apressadinho quiser tudo parajá corre o risco de abalara gestora, o banco, e os preços das ações de algumas grandes empresas brasileiras sem necessidade. Caso abale a solidez do banco, adivinhem o que acontece? O BNDES pertence ao governo, portanto, oô nu sé do próprio governo. T irono pé, ou avelha máxima: a pressa do co mecru.

Portanto, abaixo o bordão da caixa-preta. Viva a autêntica Marcha do Cordão do Bola Preta:

“Quem não chora não mama! Segura, meu bem, a chupeta Lugar quente é na cama

Ou então no Bola Preta”

Bolsonaro tem carta na manga após o #foraLevy

Notibras
19/06/2019

Bolsonaro acertou em demitir Joaquim Levy. Bolsonaro errou em nomear Joaquim Levy. Apoiadores dividem opiniões. Acertou ao demitir, tardiamente, por motivos claros e a participação direta dele em dois governos que promoveram assaltos sem precedentes aos cofres públicos. No do apenado centenário Sérgio Cabral e no da liberada ex-presidente da República Dilma Rousseff.

Nas duas funções, seu papel era cuidar das fazendas. Como assim? Levy foi secretário e ministro nos governos de duas notórias quadrilhas, ainda que não estivesse envolvido nelas. Ninguém havia entendido a nomeação de Levy e a sua capacidade de servir a dois senhores presidentes – Dilma e Bolsonaro – de orientações radicalmente opostas. E aí encontramos um paradoxo.

Se Joaquim Levy é um profissional ilibado, isento, correto, bom caráter, como acredita a maioria, então é pior para o programa de limpeza imposto por Bolsonaro. Só uma pessoa de caráter reto poderia respeitar pessoas de seu passado, independente da relação daqueles políticos com o Código Penal. Na melhor das hipóteses.

Ao contrário, acreditam observadores, se Bolsonaro tivesse mandado para a missão BNDES um esquerdopata arrependido – se é que existe -, mau caráter, traidor traído, seu primeiro ato na presidência teria sido abrir a caixa preta da instituição e gritar #dentroLula! (da cadeia). Mas é uma ideia não aceitável, embora possível, como uma espécie de “nomeação premiada”.

Buscando um caminho intermediário, então Levy pra lá foi. Então Levy de lá saiu, já vai tarde, após macular a sua biografia com tinta vermelha. E agora verde e amarela.

Chama atenção a resiliência de Bolsonaro, que correu o risco máximo de sua administração, ao levar um lobinho para o galinheiro dos ovos de ouro. Prova disso foi a defesa calorosa empreendida pelo filho tchutchuca do ex-terrorista (ex?) Zé Dirceu, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) nas redes sociais. Disse ele: “O formatado (sic) da demissão do presidente do #bnds (sic), prova que a única prioridade do governo é destruir o PT. Nenhuma decisão leva em conta, competência e resultados. Ignoram necessidades da população e agem só pela luta política. Nenhuma proposta para #emprego, #saúde e #educação.”

Segundo ativistas da nova era bolsonarista, “o filhote de meliante”, como é chamado nas mesmas redes sociais, não merece um segundo de atenção, mas sua declaração deixa explícito o descontentamento do PT ao perder um nome supostamente infiltrado no principal propinoduto da esquerda lalau.

Dos males, o menor. Serviu de experiência para outras decisões complexas, como a de privatizar os Correios. A empresa que surgiu há 356 anos está presente em quase 100% dos municípios brasileiros (cerca de 5.500), desempenhando um papel social em nosso território continental, que raras estruturas no mundo seriam capazes de cobrir.

Os mais antigos devem ainda imaginar que os Correios existem para entregar cartas e telegramas, serviços praticamente extintos. Mas não é. A partir de sua reestruturação, nos anos 80, a empresa ganhou funções com reflexos na logística nacional, como a distribuição de encomendas e renda – e-commerce e numerário onde inexistem agentes bancários.

Há uma certa confusão na avaliação açodada sobre a sua privatização. Se Bolsonaro, com a recente e amarga experiência do BNDES (muito atrasado em uma auditoria com lupa e relatório de crimes), decidir tratar o assunto Correios com a cautela necessária, a privatização pode ser descartada. Existem diversas opções para a sua recuperação. O problema em privatizar uma instituição estratégica será a interrupção dos serviços em localidades onde nenhuma empresa privada mundial terá interesse em comparecer.

Apenas 6% dos municípios atendidos são superavitários aos serviços postais. Empresas multinacionais de courier, como DHL ou FedEx, terceirizam suas entregas por meio do Sedex, acreditem, para os municípios brasileiros onde elas não têm filiais, ou seja, cerca de 5.150. Quem vai entregar o remédio urgente em Carutapera, no Pará, ou fazer chegar a mesada enviada pela diarista de São Paulo para a vovó Vavá em Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul?

A dimensão e infraestrutura dos Correios não poderão ser reproduzidas por nenhum grupo ou pool de empresas privadas. Elas não têm papel social, não atenderão um negócio onde 94% do mercado não dão lucro. Haverá um colapso no sistema postal. O governo vai cobrir essa mancha no mapa com o antigo CAN – Correio Aéreo Nacional, serviço antológico da Segunda Guerra Mundial?

Essa análise não é restrita aos discursos tendenciosos sindicalistas, apenas. Especialistas patriotas e sérios estão repletos de argumentos e alternativas de solução. É necessário afastar, portanto, os vermelhos que infestam os sindicatos e ouvir técnicos especializados.

A difamação sistemática dos Correios feita por revistas nacionais tendenciosas tem explicação: esses grupos editoriais criaram empresas postais e querem acabar com o monopólio, que é uma necessidade estratégica. Além disso, se os sindicalistas contribuíram com o assalto sofrido pela empresa, isso ocorreu de forma escancarada entre os anos 2013 e 2016, nos governos comunistas ou socialistas, como queiram, com mensalões pornográficos que feriram até o Postalis, fundo de pensão com quase 200 mil trabalhadores pendurados.

Paulo Guedes, o ministro que quer encontrar dinheiro até em enterro de petista, com razão, não deve contar com esses recursos em curto prazo. Já basta o equivocado caso Levy, indicado por ele. Será muito mais caro aos cofres públicos recriar o CAN como agente de integração nacional, do que reestruturar uma empresa que já mereceu o reconhecimento internacional pela sua pontualidade e utilidade pública.

O choque mais importante foi dado pela gestão atual com a interrupção da pilhagem empreendida na era da vergonha. Bolsonaro deve ignorar os sindicalistas terroristas, eles que se danem, e concluir o saneamento, devolvendo aos brasileiros um dos maiores e mais complexos sistemas de integração nacional em todo o mundo. Fazer é melhor que refazer.

Direção Nacional da ADCAP.

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