Governo não descarta liquidação dos Correios
Mesmo considerada remota, medida está entre opções estudadas, que incluem privatização e abertura de capital
O Globo
14/01/2020
O governo não descarta a hipótese de liquidação total dos Correios, caso as demais possibilidades de privatização ou abertura de capital da estatal não se mostrem economicamente viáveis. A definição do futuro da instituição será dada por um parecer técnico que deverá estar pronto em outubro, quando será enviado para apreciação do presidente Jair Bolsonaro.
A liquidação é considerada mais remota, mas está entre as opções a serem estudadas. Apesar de Bolsonaro dizer que espera a privatização ainda neste ano, o governo estima que a empresa só entre no Plano Nacional de Desestatização (PND) em 2021.
Os estudos sobre o destino dos Correios, incluídos em agosto no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), ainda não começaram. O termo de referência para que o BNDES contrate uma empresa para fazer a consultoria deve ser assinado ainda este mês, segundo técnicos. Pelo cronograma, o trabalho deve começar até abril.
A avaliação fará um levantamento sobre o modelo de negócios dos Correios, o que inclui avaliação do ambiente global do setor postal, tendências de mercado de mensagens e encomendas, sugestões de propostas legislativas, além de modelos de privatização de outros países.
Receita anual de R$ 18 bi
Os Correios detêm o monopólio constitucional apenas das correspondências, ou seja, a entrega de cartas, mensagens e telegramas. Com o avanço da tecnologia e o uso de meios digitais para a comunicação, o serviço está em declínio.
Por outro lado, as compras pela internet aumentam a demanda por serviço de entrega de encomendas. Entretanto, neste nicho os Correios não têm o monopólio e, segundo técnicos do governo que defendem a desestatização, também não detém recursos para concorrer com empresas do setor. A avaliação é que até mesmo aplicativos de entrega por motocicleta ou bicicleta são concorrentes dos Correios.
A receita anual dos Correios é de R$ 18 bilhões, dos quais 62% são gastos com o quadro de funcionários, o que inclui salários, encargos trabalhistas e pagamento de benefícios estabelecidos em acordos.
Dentro do governo, a desestatização dos Correios é considerada um tema sensível, principalmente pela quantidade de funcionários. Ao todo, a estatal tem cem mil servidores contratados pelo regime de CLT. A avaliação é que um Programa de Demissão Voluntária (PDV) é inócuo, pois mais da metade dos funcionários são carteiros, com baixa escolaridade e pouca mobilidade no mercado de trabalho.
A estatal tem um prejuízo acumulado de R$ 3 bilhões. De acordo com fontes da empresa, em 2019, cerca de R$ 300 milhões foram usados para abater dívidas. Com isso, o argumento é que a empresa não dá lucro e apenas opera no positivo.
Na semana passada, Bolsonaro, ao voltar a falar que deseja o quanto antes a privatização dos Correios, mencionou preocupação com o quadro de funcionários:
‘Demanda longa discussão’
O vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), Marcos César Alves Silva, admite que o clima entre os funcionários não é bom e teme que o governo faça a desestatização de forma açodada. Ele lembra que são necessários estudos aprofundados e uma nova regulamentação do setor.
— Não dá para fazer de afogadilho. Esse processo demanda uma longa discussão.
Rodrigo Maia encomenda estudo para quebrar monopólio dos Correios
Estudo apontaria caminho para manter competitividade da estatal
O Globo
14/01/2020
Rodrigo Maia encomendou a consultores da Câmara um estudo para que seja analisado qual é o caminho mais adequado para quebrar o monopólio dos Correios e, assim, manter a competitividade da empresa sem privatizá-la.
Maia quer saber se basta um projeto de lei ou se é necessária alguma mudança constitucional.
Para reafirmar a posição da ADCAP nessas duas questões, distribuímos hoje o seguinte release:
“Privatização e Quebra de Monopólio”
Diante das notícias trazidas pela imprensa sobre o início dos estudos a respeito da intenção de privatização dos Correios e também sobre a quebra do monopólio postal, a ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios registra sua expectativa de que tais estudos ofereçam ao governo federal e ao legislativo os elementos necessários para descartar ambos os caminhos, por não trazerem benefícios para a sociedade.
A ADCAP tem se colocado à disposição do governo, do legislativo e da imprensa para demonstrar que o modelo postal brasileiro é exitoso e que o monopólio postal tem sua razão de ser e beneficia diretamente os cidadãos e empresas, especialmente os que se encontram nas regiões mais remotas do país e nas periferias de grandes cidades. A ADCAP também tem demonstrado que o correio brasileiro tem inúmeras oportunidades de desenvolvimento comercial, não fazendo nenhum sentido as declarações falaciosas de autoridades que tentam pintar um quadro falso de insustentabilidade, depreciando a empresa e seus ativos.
Decisões açodadas e ideologicamente enviesadas a respeito desses temas, se adotadas, colocarão em risco uma conquista consolidada dos brasileiros – um serviço postal universalizado, de qualidade e com preços módicos.
Além disso, importante frisar que tanto uma eventual privatização quanto a quebra do monopólio postal só beneficiarão os agentes econômicos envolvidos na operação – bancos de investimento, consultorias e intermediários, em detrimento da população e das empresas que dependem dos Correios para suas operações, as quais padecerão com a diminuição dos pontos de atendimento e com aumento de preços, como ocorre atualmente em Portugal.
A ADCAP permanece à disposição para detalhar seu posicionamento a respeito desses temas.
Maria Inês Capelli Fulginiti
Presidente da ADCAP
Bancos de Investimento, Consultorias, Intermediários, Agentes Públicos que facilitarem o “negócio” e a empresa que passar a dominar o mercado e submeter as demais vão ganhar muito dinheiro com a privatização.
E quem vai perder? Você, as empresas que dependem dos Correios para suas operações de comércio eletrônico e os municípios, pois os preços subirão e o atendimento será reduzido, como sempre acontece. É só ver o que está acontecendo em Portugal, onde os preços postais subiram quase 50% e muitos balcões foram desativados. Não se iluda com declarações falaciosas. Se privatizarem, quem vai pagar a conta é você.
#TodosPelosCorreios
www.todospeloscorreios.com.br
Direção Nacional da ADCAP.