Correios quer criar uma loteria própria para levantar recursos
Games Magazine
30 de março de 2017
Segundo Guilherme Campos, os Correios tem presença nacional, capilaridade e apesar do monopólio da Caixa para as loterias, existe uma possibilidade na legislação para que os Correios possam explorar uma outra loteria.
Atualmente a empresa de Correios do Brasil passa por uma grave crise financeira com possibilidade de demissão em massa de funcionários, muitas reclamações de atraso e demora nas entregas postais e um prejuízo de cerca de R$ 2 Bilhões em 2016. De acordo com o ministro das Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, a empresa chegou nessa situação devido a má gestão do governo anterior que “em algum momento retirou mais recursos do que a prudência recomendava, como dividendos”.
Em reestruturação, Correios têm valor de mercado que chega a R$ 5 bi
CORREIO BRAZILIENSE
30/3/17
A privatização da estatal, que detém o monopólio de correspondências, pode atrair investidores do porte das americanas Fedex e DHL, gigantes em remessas e logística Os Correios passam por um processo de reestruturação que prevê cortes de gastos e até privatização. Analistas avaliam que o preço de mercado da estatal oscila entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões. “As estimativas levam em conta inclusive passivos, como o rombo de R$ 1,5 bilhão do Banco Postal. Mas o montante pode variar muito, a depender do apetite do governo, que vai definir o tamanho da ingerência política”, destacou o economista Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest.
Da receita dos Correios, 54,3% são com serviços exclusivos (carta, telegrama e correspondência agrupada). A quebra do monopólio, segundo Bergo, atrairá investidores internacionais do porte das americanas Fedex e DHL (as maiores do mundo em remessas e logística). “O negócio é bom. Se for gerido com eficiência, o retorno é certo. O mercado está de olho”, destacou. A privatização é uma estratégia a ser levada a sério para a sustentabilidade dos Correios, no entender do economista Gil Castello Branco, presidente da Consultoria Contas Abertas. Segundo ele, a companhia investiu apenas R$ 309,5 milhões em 2016, quando a dotação prevista era de R$ 800 milhões. Ou seja, apenas 38,7%. “Além disso, o valor representa menos da metade do investido em 2013, de R$ 724,7 milhões. De lá para cá, os investimentos foram caindo ano a ano”, calculou. O presidente dos Correios, Guilherme Campos, foi incisivo: “Ou a empresa entra no azul este ano, ou fecha”. Por meio de nota, os Correios informaram que o corte de despesas tem como objetivo uma economia de, pelo menos, R$ 1,6 bilhão este ano. “O Plano de Desligamento Incentivado (PDI) — com a adesão de 5,5 mil trabalhadores — prevê economia anual com a folha de pagamento de aproximadamente R$ 800 milhões”, informou. Hoje, os Correios têm 111 mil funcionários, mas 250 agências serão fechadas no país, em municípios acima de 50 mil habitantes, oito no Distrito Federal.
Surpresa
O fechamento de agências pegou de surpresa alguns clientes. Vaneise Nogueira, 49 anos, secretária de um escritório de advocacia, vai todo dia à agência do Setor de Autarquia Sul protocolar processos. “Vai ser um horror. As lojas vão ficar sobrecarregadas. É mais perda de tempo”, reclamou.
Para Wellington Nunes, 20, estagiário, seu serviço vai ficar complicado. “Hoje, vim enviar uma cartilha sobre Previdência. São três mil cartas. Não dá para imaginar como conviver com a mudança”. Já Paulo Amaral, 46, assistente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), disse não entender o fechamento da agência. “Essas mudanças repentinas são só para fazer a gente andar mais”, assinalou. Ontem, os trabalhadores dos Correios tiveram uma reunião com o presidente da companhia. Segundo Suzy Cristiny da Costa, secretária de comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os funcionários preparam uma greve, por tempo indeterminado, a partir de 26 de abril. “Os funcionários não são culpados. A empresa repassou para a União R$ 6 bilhões nos últimos dois anos. E pagou R$ 2 bilhões ao Banco do Brasil pelo distrato do Banco Postal, um erro de gestão”, lamentou.
Presidente dos Correios prevê 90 dias cruciais
VALOR ECONÔMICO
30/3/17
Os próximos 90 dias serão “cruciais” para a definição do futuro dos Correios. O presidente da estatal, Guilherme Campos, disse ontem que após esses três meses será possível avaliar os resultados das medidas de restruturação da companhia e corte de despesas, que incluem a revisão de benefícios oferecidos aos funcionários. Campos considera que a questão mais urgente para a superação da crise financeira dos Correios é a revisão do plano de saúde dos empregados, em que 93% dos custos ficam com a estatal e outros 7% com o corpo funcional. Segundo ele, o benefício representou R$ 1,8 bilhão do total de R$ 2 bilhões de prejuízo registrado em 2015.
Em audiência pública no Senado, o presidente da estatal disse que a discussão sobre o plano de saúde poderá ser levada à Justiça se as negociações não avançarem essa semana. Ontem, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, voltou a dizer que a empresa pode ser privatizada se não superar as dificuldades financeiras. Apesar de admitir a gravidade da crise, Campos preferiu não comentar a possibilidade de transferir o controle para o setor privado.
Com o desafio de sanear as finanças, a estatal já acionou o departamento jurídico para avaliar a viabilidade de promover “demissões motivadas”, apesar de os empregados contarem com um plano de estabilidade, conforme informou o Valor na segunda-feira. O levantamento preliminar indicou a necessidade de desligar até 25 mil funcionários. Campos informou que os Correios têm buscado diferentes saídas para equilibrar as contas da companhia. No ano passado, uma consultoria com experiência na restruturação de empresas de serviços postais foi contratada. “Se isso não for feito rápido, eu temo pela descontinuidade da empresa. Por isso, estamos num esforço muito grande de implementar neste ano tudo que não foi feito nos últimos dez”, disse. Os Correios negociam contratos com órgãos federais para obter remuneração por meio do compartilhamento dos pontos de atendimento. O presidente da estatal disse que já se reuniu com representantes da Caixa para discutir possíveis parcerias. “Por que não ter uma loteria postal? É uma alternativa que aproveita a nossa capilaridade e abrangência nacional”, afirmou.
Retornos na ponte para o futuro engarrafam o governo
FOLHA DE S. PAULO
30/3/17
Um ministro ressurge afirmando que talvez os Correios sejam privatizados. Ou seja, virar do avesso uma empresa de mais de 100 mil empregados, dito assim como quem não quer nada —aliás, ele não quer nada mesmo, pois fala que, na verdade, não gostaria de privatizar.
Outro ministro acenou com taxação para fechar as contas. O mesmo que no ano passado disse não precisaria aumentar impostos se o teto de gastos fosse aprovado (e foi).
Nesse gosto-disso-mas-farei-aquilo, difícil saber o que vale. É recuando que o governo avança. A maioria legislativa assegura ao Planalto a aprovação de mudanças importantes. Essa onda, porém, segue adiante no meio de um turbilhão revolto de ideias, colocadas e retiradas de cena num ritmo frenético.
Fica evidente que o corredor polonês de uma campanha eleitoral faz falta a Michel Temer, e isso não tem nada a ver com legitimidade.
Foi a superação desse funil que deu ao prefeito João Doria esteio para aumentar a velocidade nas marginais paulistanas mesmo contra a opinião de tanta gente da dita elite.
Coisa parecida acontece com Donald Trump nos EUA. Era promessa de campanha combater o Obacamare e o legado ambiental do antecessor, objetivos que buscou —sucesso e fracasso são outro capítulo.
No caso de Temer, a ponte para o futuro tem muitos retornos. Isso fica claro na Previdência. Numa surpreendente entrevista, o presidente retirou da reforma os Estados e municípios e mandou para o espaço o princípio de equalizar as regras para todos.
Logo depois, o recuo ficou em suspenso, pois encontrou-se atalho para reinserir esses servidores.
A péssima comunicação do governo na reforma das aposentadorias não brota apenas do caldo da realpolitik. Essa falta de clareza tem custo alto. Dá volume à voz de quem joga na confusão, como aqueles que desafiam a aritmética e declaram que não existe déficit na Previdência.
Crise dos Correios compromete serviços oferecidos na Bahia
Correio 24h
30/03/2017
Correspondências que antes eram entregues em dois dias e que agora demoram até duas semanas para chegar no destino. Essa é a realidade do serviço dos Correios oferecido na Bahia e que deve piorar, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos no Estado da Bahia (Sincotelba), Josué Canto, com os cortes de gastos anunciados pelo governo.
“A entrega tem sido comprometida por falta de efetivo pessoal. De 2015 para cá, pelo menos dois mil funcionários se aposentaram e o último concurso aconteceu em 2011. Os cortes anunciados só vão precarizar ainda mais o serviço oferecido”, afirma Canto.
Na última terça (28), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que a será preciso fazer “cortes radicais” de gastos nos Correios para evitar a privatização. Em dezembro do ano passado, o presidente da estatal já havia anunciado um plano de demissão voluntária para aliviar os cofres da empresa.Embora se dizendo contra a privatização, integral ou parcial dos Correios, o ministro não descartou a adoção da medida, caso a companhia não consiga equacionar o rombo, que no ano passado ficou em torno de R$ 2 bilhões, mesma cifra de 2015. “Todo o esforço deve ser feito para evitar a privatização dos Correios ou de partes dele”, afirmou. “Eu reconheço os cortes de despesas que já foram feitos, mas é preciso cortar mais. Caso contrário, a empresa vai rumar para a privatização.”
Segundo o presidente dos Correios, Guilherme Campos, cerca de R$ 1,6 bilhão foi gasto, em 2015, com o plano de saúde dos empregados. Nos moldes atuais, os Correios arcam com 93% do custo e os trabalhadores, com 7%. “É impossível manter isso no orçamento da empresa. A direção não quer acabar com o plano, mas é preciso mudar. O plano de saúde dos funcionários dos Correios está matando dos Correios”, disse Campos em audiência pública realizada no Senado.
O presidente do Sincotelba rebate às afirmações de Campos. “O plano de saúde não custa nem 7% da receita da empresa. O problema dos Correios está na má gestão, em como o dinheiro está sendo empregado. A despesa com saúde custava muito menos quando era administrado pelo próprio RH da empresa. Desde que foi repassado para uma terceirizada, o valor dobrou”, reforça.
Segundo a Assessoria de Comunicação dos Correios, até o momento, apenas duas agências estão sendo fechadas no estado: a do Shopping Conquista Sul, em Vitória da Conquista, encerrada no último dia 20, e a da Base Naval de Aratu, em Salvador, encerrará suas atividades no dia 31 de maio.
Plano de saúde dos servidores ‘está matando’ os Correios, diz presidente da estatal
O Globo
29/03/2017
O presidente dos Correios, Guilherme Campos, disse nesta quarta-feira que o plano de saúde oferecido aos servidores “está matando” a estatal. Conforme publicado na edição de hoje do GLOBO, dentro de um processo de reestruturação da empresa está uma negociação com os sindicatos para revisão do plano de saúde. Campos ameaçou que, se a negociação não avançar até esta sexta-feira, procurará “as vias judiciais”, levando a questão ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
— Com certeza teremos de fazer esse movimento em função da sobrevivência dos Correios — disse Campos em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal.
Segundo ele, em números ainda preliminares, do total de prejuízo apurado pelos Correios em 2016 de cerca de R$ 2 bilhões, R$ 1,8 bilhão se referem diretamente ao plano de saúde. Do total de custos do plano de saúde, a estatal paga 93% e os funcionários, 7%.
— A empresa não quer acabar com o plano de saúde, mas nos moldes que está hoje, é impossível de ser mantido.
Campos confirmou diante dos senadores as intenções da empresa, antecipadas pelo GLOBO, de reformar a estratégia comercial do Sedex e de transformar as agências dos Correios em um posto de relacionamento mais abrangente entre os órgãos públicos e a população, oferecendo outros tipos de serviços públicos.
O presidente disse ainda que a venda de linhas de celulares dos Correios em São Paulo tem obtido sucesso e que, em breve, as vendas avançarão para Brasília, Belo Horizonte e o interior de São Paulo. Até o fim do ano, disse Campos, as linhas deverão ser oferecidas em 3 mil cidades do país.
REESTRUTURAÇÃO
Guilherme Campos disse também que, dentro do pacote de reestruturação da empresa que será apresentado em até 90 dias consta uma solicitação à Caixa Econômica Federal para os Correios oferecerem em suas agências uma espécie de loteria. Hoje, as loterias são monopólio da Caixa, mas já existe uma discussão em âmbito federal para abertura do mercado para novas empresas, inclusive pela privatização da Lotex.
— É uma alternativa, aproveitando a capilaridade e a abrangência nacional dos Correios — disse Campos.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que é preciso achar um caminho para a crise dos Correios e reafirmou que, caso contrário, não vê caminho possível que não seja a privatização da empresa. Ele negou, porém, que o processo de venda da empresa esteja em discussão dentro do governo do presidente Michel Temer.
— Nenhum de nós brasileiros gostaria de ver a empresa Correios privatizada, mas essa será a única solução, caso os Correios não encontrem o seu caminho — disse Kassab.
Presidente dos Correios defende ampliação de serviços para manter estatal
EBC
29/03/2017
O presidente dos Correios, Guilherme Campos, disse hoje 29) que a empresa precisa encontrar uma nova fórmula de sobrevivência para além dos serviços postais. Na avaliação de Campos, a estatal demorou a se preparar para as mudanças no mercado geradas pelo avanço tecnológico.
“No passado a comunicação entre as empresas, pessoas, instituições, era feita através da correspondência. É uma época que não existe mais. Hoje passamos por uma revolução tecnológica e esse impacto vem diretamente às empresas postais, no Brasil e no mundo. A grande diferença entre os correios brasileiro e os de outros países é que a percepção e a atuação para encarar essa nova realidade lá fora começou há muito mais tempo, há pelo menos dez anos. Aqui, esse movimento não acorreu”, disse Campos em audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.
Segundo Campos, outros países encontraram soluções como a oferta de serviços financeiros e a atuação em logística. Para o presidente da estatal brasileira, o caminho natural para os Correios é a migração para a logística de encomendas, em função do comércio eletrônico. “Os Correios estão focados firmemente nesse mercado.”
Plano de saúde
Sobre as contas da instituição, Campos disse que o atual modelo de plano de saúde dos funcionários, que atende aos servidores, pais, cônjuges e dependentes, é inviável e não cabe no orçamento da estatal. Segundo ele, os Correios arcam com 93% do custo e os trabalhadores, com 7%. Em 2015, a empresa fechou o ano com prejuízo de R$ 2,1 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão causado, segundo Campos, pelo plano de saúde dos empregados.“É impossível manter isso no orçamento da empresa. A direção não quer acabar com o plano, mas é preciso mudar. O plano de saúde dos funcionários dos Correios está matando dos Correios”. Segundo o presidente da estatal, mudanças no sistema de saúde dos servidores estão sendo negociadas com sindicatos da categoria.
Ontem (29), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que a será preciso fazer “cortes radicais” de gastos nos Correios para evitar a privatização. Em dezembro do ano passado, o presidente da estatal já havia anunciado um plano de demissão voluntária para aliviar os cofres da empresa.
Banda larga
Na audiência pública desta quarta-feira, Kassab confirmou que o primeiro satélite geoestacionário brasileiro será lançado até o fim da primeira quinzena de abril, o que permitirá a cobertura de banda larga em 100% do território nacional.
“A banda larga vai alcançar qualquer distrito ou cidade do país, levando inclusão social e digital aos brasileiros. Além disso, o Ministério da Defesa terá banda larga para monitorar nossas fronteiras, além de haver disponibilidade para oferecer melhorias da qualidade dos serviços nos setores de educação e saúde”, disse o ministro.
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) deveria ter sido enviado ao espaço na semana passada, mas uma greve geral na Guiana Francesa, de onde partiria o foguete, levou ao adiamento da operação.
*Com informações da Agência Senado
Comissão quer ouvir ministro Gilberto Kassab sobre demissões nos Correios
Jornal Floripa
29/03/2017
O deputado Leo de Brito, autor do requerimento para ouvir o ministro Kassab
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle aprovou nesta quarta-feira (29) requerimento do deputado Leo de Brito (PT-AC) que pede ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, informações sobre possíveis demissões nos Correios.
Kassab já disse que é contrário à privatização da empresa, mas afirmou que a situação é crítica. Os Correios têm um plano de desligamento voluntário em curso e está fechando agências em várias localidades. Para o ministro, o déficit de R$ 2 bilhões existente hoje é resultado de má gestão.
Esta também é a opinião do deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que contestou as críticas da oposição. “[São] R$ 5 bilhões em dívidas deixadas por uma gestão equivocada, que levou os Correios a praticamente falir”, disse.
Mais explicações
O deputado Angelim (PT-AC) afirmou que algumas iniciativas nos Correios estão mal explicadas. Ele citou o repasse de R$ 4 bilhões de reservas financeiras para a União; a devolução de R$ 2 bilhões para o Banco do Brasil em operação relacionada ao Banco Postal; o gasto de R$ 300 milhões na criação da subsidiária Correiospar; e a despesa de R$ 300 milhões em patrocínios na Olimpíada do Rio de Janeiro.
“Isso dá a entender que estamos, a exemplo dos bancos públicos, diante de uma operação de desmonte de uma empresa de mais de 350 anos”, afirmou Angelim, para quem o governo deveria ouvir os funcionários. Eles apresentaram sugestões para melhorar o desempenho dos Correios.
Correios farão ampla reestruturação, com corte de funcionários
O GLOBO
29/3/17
Os Correios passarão este ano por um amplo processo de reestruturação para voltar ao lucro. As mudanças são consideradas necessárias no governo para evitar que os serviços sejam concedidos à iniciativa privada. O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou ontem que os Correios poderão ser privatizados, se não ocorrer um processo que rapidamente traga de volta o equilíbrio financeiro à empresa. No ano passado, o prejuízo da estatal se aproximou dos R$ 2 bilhões (o balanço oficial ainda não foi publicado), pouco menor que o registrado em 2015. — Ou rapidamente os Correios cortam gastos além dos que já estão sendo cortados ou vamos caminhar para a privatização — disse Kassab. Indagado sobre os motivos que levaram os Correios a essa situação, Kassab afirmou que foi uma combinação de fatores e destacou que a União não pretende sustentar os prejuízos da estatal.
— Má gestão é corrupção, loteamento, não ter capacidade de recursos adicionais, não fazer os cortes necessários para manter o equilíbrio. (…) A empresa está correndo contra o relógio, porque o governo não tem recursos — afirmou Kassab a jornalistas.
‘Uu entra no azul este ano ou fecha’ Em entrevista ao GLOBO, o presidente da estatal, Guilherme Campos, disse que os Correios vão passar por uma profunda transformação nos próximos meses. As reformas vão incluir desde a periodicidade com que os carteiros passam pelas ruas do país — que vai diminuir —, até novidades em gestão. A reestruturação deve incluir corte de benefícios e de pessoal, considerando o quadro de 111 mil servidores da empresa, com o objetivo de voltar ao lucro.
— Ou entra no azul este ano ou fecha. O Brasil suporta uma empresa estatal por mais de três anos consecutivos no vermelho, com prejuízos bilionários? — ressaltou Campos. A mudança mais sensível para a sociedade em geral na atuação dos Correios será a chamada Distribuição Diária Alternada (DDA). Os carteiros não passarão mais todos os dias nas localidades. Os profissionais seguirão um calendário com algumas passagens por semana, em linha com a redução do número de correspondências enviadas onde existe monopólio dos Correios. — As pessoas não precisam mais da frequência diária dos carteiros. Com uma queda expressiva da atividade postal, você (não pode) querer manter o mesmo nível de serviço do passado — explicou Campos.
Segundo o presidente da estatal, o calendário vai ser distribuído a cada localidade para haver previsibilidade sobre as entregas, que também deverão ocorrer mais cedo. Bancos e prestadores de serviços, que encaminham faturas com maior frequência, terão de ser procurados para debater um novo cenário com maior previsibilidade, diz o executivo:
— A DDA vai permitir incluir áreas que não são cobertas atualmente, como novos bairros.
O aperto de cintos inclui suspensão de férias de funcionários até abril de 2018 e suspensão de horas extras para cortar despesas. Além disso, para estancar o que responde por cerca de dois terços do prejuízo anual, os Correios vão enxugar o plano de saúde, que hoje inclui cobertura para famílias e pais dos servidores. Os Correios pagam 93% do custo per capita do plano. Mas, diante de um conflito com o sindicato, a discussão pode acabar na Justiça. — Não quero acabar com o plano de saúde, nem o ministro Gilberto Kassab, mas, se não houver acordo entre nós, vai vir (da Justiça e do governo) uma decisão dura nesse sentido, por causa da lei do teto de gastos. Não virá dinheiro do Tesouro para cobrir esse tipo de coisa — afirmou Campos.
‘Rentabilizar a presença nacional’
Depois de um plano de demissão incentivada que vai afastar 5.500 servidores, a estatal discute a adoção de meios juridicamente viáveis para reduzir ainda mais o número de funcionários nos próximos meses, principalmente os mais antigos e de maiores salários. Embora as agências dos Correios estejam em reavaliação para evitar sobreposições, a empresa quer manter a presença em todo o país para prestar mais serviços públicos, como entrega de passaportes e carteiras de trabalho e retirada de CPFs — na linha do que ocorre no PoupaTempo.
— Não quero perder a presença nacional, que é um grande ativo da empresa. Temos de achar uma solução para rentabilizar essa presença nacional, que antes era custeada pela atividade postal, hoje em decadência no Brasil e no mundo — explicou Campos.
Para setores em que existe o monopólio de envio de cartas, Campos diz que deverá ser aplicado este ano um aumento de 6% nas tarifas, para repor aquilo que tinha sido represado no passado. A partir de então, permaneceriam apenas os reajustes para repor inflação. Em 2016, as tarifas já subiram mais de 18%.
Campos apontou, ainda, o resultado dos primeiros dias de vendas de celulares em doze agências. Nos primeiros nove dias, foram 1.173 unidades vendidas, resultado mais de três vezes superior ao que se previa. Só são comercializados chips pré-pagos e de baixo custo nessas agências, inicialmente.
A reestruturação prevê política mais agressiva para o Sedex, a fim de baixar o preço, melhorar a qualidade da entrega e concorrer com empresas de logística. A política de patrocínios foi revista e caiu a 25% do valor anterior, deixando algumas confederações esportivas e incluindo outras, como rúgbi. autorização.
Operadoras virtuais disputam nichos
VALOR ECONÔMICO
29/3/17
As operadoras móveis virtuais, ou mobile virtual network operators (MVNOs), em inglês, começam a ganhar espaço no Brasil, sete anos após a Anatel ter regulamentado o setor.
Ao todo, o Brasil conta com 11 MVNOs, entre as que já vendem seus serviços e as que receberam sinal verde da agência reguladora, mas ainda não iniciaram operações. Cinco dessas licenças foram outorgadas apenas em 2016.
Trata-se de empresas que não têm espectro nem infraestrutura de rede próprios. Em vez disso, elas compram voz e dados no atacado, de grandes operadoras móveis, e os revendem aos próprios clientes. O foco são grupos de consumidores que, em geral, não são abordados diretamente pelas operadoras tradicionais. Podem ser jovens, grupos étnicos, imigrantes, clientes de determinada rede varejista ou usuários de negócios específicos, só para citar alguns exemplos.
Como priorizam nichos e têm custos menores – muitas atuam exclusivamente no ambiente virtual e outras aproveitam a estrutura de distribuição e atendimento de sua atividade principal -, as MVNOs conseguem fornecer serviços mais dirigidos a preços competitivos. O portfólio pode incluir desde planos de voz e dados até conteúdos exclusivos e serviços de valor agregado, além de chips, aparelhos e acessórios.
Um exemplo é a Porto Seguro Conecta, pioneira no país. Usando a estrutura da TIM, a operadora virtual oferece a consumidores de seguros e corretores serviços de celular e rastreamento de automóveis, via M2M (máquina a máquina), uma tecnologia de internet das coisas (IoT).
Outro exemplo é a Mais AD, que usa a capacidade de rede da Vivo e foi criada pela Igreja Assembleia de Deus para oferecer aos fiéis serviços de voz, dados e conteúdos de interesse do público evangélico.
O modelo de MVNOs é um sucesso na Europa e Estados Unidos, mas ainda incipiente no Brasil. “Há mais interesse do mercado local, mas o crescimento ainda é lento”, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. A participação dos usuários de MVNOs na base total de assinantes móveis do Brasil, segundo a Teleco, é pouco mais de 0,2%, a maioria usuária de M2M.
A expectativa do mercado é que a chegada de prestadoras virtuais focadas no consumidor final impulsione o segmento. É o caso da Veek, que deverá entrar em operação no fim de maio, e da Correios Celular, lançada no começo de março. Elas priorizam, respectivamente, o público jovem e a população de baixa renda, com planos pré-pagos. Ambas são parceiras da EUTV (Surf Telecom é o nome fantasia), MVNO que se especializou em habilitar outras MVNOs e que opera com as frequências da TIM. Um dos trunfos da Correios é sua malha de lojas físicas, que cobre todo o território nacional. Estão a serviço da nova operadora todo esse canal de distribuição e de atendimento presencial, call center e rede corporativa de dados já instalados na estatal. “Não houve investimento extra além da preparação de força de atendimento e de ajustes em alguns sistemas”, diz Cristiano Morbach, vice-presidente da rede de agências e varejo dos Correios. O Correios começou a operar em 12 agências na cidade de São Paulo. “O público tem demonstrado boa aceitação. Em poucos dias, vendemos mais de 1.000 chips do nosso plano pré-pago”, diz Morbach. Por R$ 30 mensais, o serviço inclui 100 minutos de ligações de voz ou 100 SMS para qualquer celular e fixo de qualquer operadora, 30 dias de internet em alta velocidade e WhatsApp grátis, entre vários outros recursos.
A meta da prestadora virtual é obter lucro com escala o mais rapidamente possível. Até setembro, o serviço deverá estar em todos os Estados, em cerca de 4.500 agências. “A expectativa é alcançar até 8 milhões de clientes ao final de cinco anos”, diz Morbach. Enquanto a Correios Celular aposta em sua rede de lojas físicas, a Veek centrará foco no ciberespaço para chegar ao seu público de interesse: jovens indicados por influenciadores, familiarizados com internet, smartphones e tablets, que gostem de interagir por meio de aplicativos e que estejam e dispostos a gastar, ao menos, R$ 30 por mês em serviço pré-pago. “Não queremos aquele cliente que fica 80 a 180 dias sem fazer recarga, praticamente inativo”, diz Alberto Blanco, CEO e fundador da Veek.
A Veek terá tarifa única para os serviços, seja Megabyte trafegado ou SMS enviado, seja ligação para móvel, fixo, local ou de longa distância. A compra on-line do chip vai requerer a posse de um código fornecido pelos promotores da marca, ou “veekers”. Estes ganharão dinheiro a cada novo usuário indicado.
“Já temos 20 mil ‘veekers” pré-cadastrados”, diz Blanco. A meta é atingir 250 mil clientes até maio de 2018. “Só preciso mostrar que sou uma boa opção para os milhões de clientes insatisfeitos que trocam de operadora todo ano”, diz.
Correios anuncia fechamento de agências em Juiz de Fora e Barbacena
G1
29/03/2017
Os Correios anunciaram o fechamento de aproximadamente 250 unidades em todo o Brasil, como parte de um projeto de fusão de agências. Uma agência em Juiz de Fora, na Zona da Mata e outra em Barbacena, no Campo das Vertentes, estão na lista e serão fechadas.
Em todo o estado, 27 unidades vão encerrar as atividades ainda em 2017. No entanto, não haverá corte de efetivo, já que os funcionários serão relacionados para outras agências.
Em Correia de Almeida, distrito de Barbacena, será fechada a agência que fica na Rua Expedicionário José Leite Furtado, no Bairro Caminho Novo. Já em Juiz de Fora, a agência da Rua Marechal Teodoro, no Centro, não vai mais funcionar. Ela é uma das filatélicas, que são responsáveis pela distribuição de selos institucionais.
No distrito de Barbacena, os moradores estão preocupados com o fechamento. A notícia pegou de surpresa todos que vão até o local para resolver diversas pendências diárias. É o caso da professora, Vivian Carvalho, que usa a unidade para recebe dinheiro, pagar contas e fazer depósitos bancários.
“Eu faço tudo na agência e fica complicado pra gente se deslocar para Barbacena para fazer algo que poderíamos estar fazendo dentro do nosso próprio distrito”, disse.
Além da população de Correia de Almeida, moradores de outras comunidades rurais da região utilizam o estabelecimento. A preocupação deles é ainda maior, porque não há casa lotérica nem caixa eletrônico nos locais. A comerciante, Maria José Barbosa, viaja quase 25 Km para pagar contas e o custo da viagem vai ficar ainda maior.
“Às vezes, a gente tem contas de R$70 e vai ter que gastar R$ 20 com gasolina, R$ 10 com pedágio para pagar em Barbacena. Vai dificultar demais, até porque aqui nós trabalhamos até 16 horas e podemos usar o dinheiro do dia para pagar as contas. Tendo que sair daqui para pagar em Barbacena, vamos ter que sair às 13h”, afirmou.
Medidas
De acordo com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a medida pretende tornar rede de atendimento mais eficiente e melhorar a prestação de serviços à população. Atualmente, são mais de 6.500 agências dos Correios pelo país, além de mil franqueadas.
Segundo a instituição, as mudanças serão feitas de maneira gradual e apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes. Desde o início do projeto, cerca de 60 agências já foram incorporadas a outras unidades.
Kassab diz que Correios precisam cortar gastos ou empresa será privatizada
EBC
28/03/2017
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse hoje que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) terá que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização. A estatal teve prejuízos de R$ 2,1 bilhões em 2015 e R$ 2 bilhões no ano passado. O ministro disse ainda que o governo não socorrerá a empresa financeiramente.
“O governo não tem recursos. Não haverá injeção de recursos do governo nos Correios. Isso é uma definição de governo, que conta com nosso apoio. Ou rapidamente os Correios cortam gastos, além daqueles que foram feitos, devemos continuar cortando mais. Não há saída, senão vamos rumar para a privatização”, disse Kassab, após cerimônia de sanção da Lei de Revisão do Marco Regulatório da Radiodifusão, no Palácio do Planalto.
Em dezembro do ano passado, o presidente da estatal, Guilherme Campos, já havia anunciado um plano de demissão voluntária para aliviar os cofres da empresa. Kassab disse que é contra a privatização e que a empresa e ele próprio farão todo o esforço para evitá-la. “Eu, pessoalmente, sou contra a privatização e trabalho como ministro para que não aconteça. Mas não há caminho. Ou cortamos o gasto e conseguimos mais receitas com serviços adicionais, ou vamos caminhar para a privatização, no todo ou em parte dos Correios”.
Para o ministro, os Correios sofreram com má gestão e corrupção – em referência ao esquema do Mensalão, que envolveu dirigentes da empresa indicados pelo PTB – em anos anteriores, mas elogiou o trabalho do atual presidente, a quem chamou de “figura inatacável”. “Concordo que houve má gestão. Má gestão é corrupção, é loteamento, é não ter capacidade de encontrar receitas adicionais e não fazer os cortes se não encontra mais receita. A empresa está correndo contra o relógio”.