Folha SP
TENDÊNCIAS/DEBATES
Não é verdade que o TCU concluiu que os Correios agiram de forma irregular nas eleições. Não houve qualquer conclusão nesse sentido
Em 27 de outubro de 2014, este prestigioso jornal publicou o resultado do 24º Top of Mind 2014, realizado pela Folha em parceria com o Datafolha, no qual Correios e Sedex (serviço de entrega expressa da estatal) foram os primeiros colocados na categoria Serviços – Entrega de Encomendas.
Esse resultado reflete o profissionalismo de 120 mil trabalhadores e o processo de revitalização da estatal, implantado pelo governo federal desde 2011, para diversificar as atividades da empresa e garantir a sustentabilidade do serviço postal.
O fato de os Correios encabeçarem o ranking da pesquisa da Folha é significativo quando relembramos os ataques sofridos pela estatal no segundo semestre de 2014. A empresa respondeu às denúncias na imprensa e perante os órgãos de controle e comprovou sua lisura.
Mas algumas figuras do cenário político insistem em reprisar fatos já esclarecidos, tentando ludibriar a população com mentiras, em uma vergonhosa tentativa de modificar a derrota eleitoral sofrida em 2014. É esse o único objetivo da coluna “E os Correios?”, do senador Aécio Neves, publicado na última segunda-feira (27) por esta Folha.
Não é verdade que o Tribunal de Contas da União (TCU) teria concluído que os Correios agiram de forma irregular nas eleições. Não houve qualquer conclusão do TCU nesse sentido. O que há é um exame técnico de funcionários do TCU, que ainda será confrontado com o parecer dos Correios e submetido ao julgamento dos ministros do tribunal.
Aos fatos. Todos os serviços prestados pelos Correios nas eleições foram pagos, e os recibos, divulgados. A estatal prestou serviços para dezenas de partidos com a mesma eficiência. No caso que vem sendo motivo de reclamação do senador há meses, os Correios entregaram mais de 10 milhões de itens postados pelo PSDB em Minas Gerais e o partido apresentou 23 reclamações, que foram verificadas e solucionadas.
Também já houve esclarecimento a respeito do vídeo gravado em reunião ocorrida em Minas Gerais. Uma empresa com mais de 120 mil trabalhadores possui em seus quadros milhares de pessoas com filiação partidária –um direito democrático, garantido hoje graças à luta e às mortes daqueles que tiveram coragem de enfrentar a tenebrosa ditadura militar.
Assim, há petistas, como há também peessedebistas nos Correios, e não há irregularidade no fato de atuarem para a eleição de candidatos de sua preferência, desde que fora do horário de trabalho e das instalações da empresa, sem o uso de recursos públicos. Essa foi a participação de funcionários dos Correios na campanha.
Vídeos do mesmo evento divulgados na internet e propositalmente ignorados pelo senador mostram representantes dos Correios deixando claro que a legislação deve ser respeitada, que a participação política é direito do cidadão, mas que não pode haver uso de recursos públicos.
Quanto ao Postalis, o fundo de pensão dos Correios, o deficit técnico-atuarial decorre, em grande parte, de investimentos anteriores a 2011. Os Correios já tomaram as providências cabíveis e os gestores responsáveis estão sendo cobrados administrativa e judicialmente.
Por fim, cabe corrigir o maior erro da coluna do senador Aécio Neves: os Correios não têm prejuízo. Somente entre 2011 e 2014, a empresa pagou mais de R$ 2,9 bilhões em dividendos para a União.
Responsabilidade e transparência são marcas dos Correios reconhecidas pela população brasileira. Que sejam marca também de políticos remunerados com dinheiro público para atuar em nome do desenvolvimento do Brasil.
WAGNER PINHEIRO DE OLIVEIRA, economista, é presidente dos Correios