Valor
27/05/2014
O segmento de entregas expressas no Brasil é um dos mais competitivos do mundo e dos que mais crescem. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Transportadoras de Carga, Newton Gibson, o Brasil é o maior gerador de entregas expressas no hemisfério sul. Segundo os Correios, o segmento cresceu em média 10% ao ano na última década.
As empresas especializadas nesse segmento também apresentam taxas de crescimento acima de dois dígitos. Mesmo assim, elas se queixam da atuação dos Correios. Segundo informam, a estatal, com seus mais de 300 anos de experiência é um competidor difícil de ser batido.
A Total Express, recentemente adquirida pelo Grupo Abril, é uma dessas que apresentam altas taxas de crescimento. De acordo com o CEO da empresa, Vitor Chiarella, a empresa em 2014 apresenta um crescimento de faturamento de 15%, mas a expectativa é maior. “Queremos crescer neste ano 20% em volume transportado”, diz.
A empresa atualmente realiza entregas em 1100 municípios, mas espera até o fim do ano atingir a marca de 2500 cidades. Com essa malha de entregas a empresa acredita já ser possível incomodar o maior player desse mercado, os Correios.
“Competir com os Correios é difícil porque eles contam com facilidades que nós não dispomos, como descontos em pedágios. Sem falar na experiência de mais de 300 anos”, diz.
A aposta da empresa nessa disputa, diz Chiarella, é a flexibilidade, agilidade e até mesmo preço. “As empresas que decidiram entrar nesse segmento tiveram que se diferenciar. Uma forma foi a relação com o cliente prestando um serviço melhor, estando mais perto do cliente e sendo flexível com preço. A eficiência da empresa privada e com preço e serviço melhor”, diz.
Os Correios se defendem dizendo que essas reclamações são naturais quando se enfrenta um concorrente do porte dos Correios, com a experiência e reconhecimento da população. Além disso, os Correios lembram que nas grandes cidades, a concorrência dificulta a vida da estatal.
Em comunicado, a empresa lembra que nesses locais, ao contrário do que se pensa, a participação dos Correios é menor e há forte competição por preços. Os Correios são utilizados pela concorrência quando operam em regiões de menor demanda ou com restrições de entrega. A estatal destaca seu viés social ao alcançar municípios onde nenhum concorrente tem interesse econômico de atuar.
Segundo os Correios, a decisão da concorrência de reduzir seus preços e tornar seus serviços mais competitivos é uma indicação de que suas as reclamações não procedem. A estatal desde 2011 promove uma série de mudanças internas de modo a se tornar mais ágil para poder competir nesse ambiente de concorrência.
Cristiano Koga, da TNT Mercúrio, também aposta no segmento expresso. Segundo o executivo, 10% do faturamento da empresa tem origem nas entregas expressas. Para ele, a concorrência dos Correio é normal. “Concorremos com os Correios locais nos diversos países em que atuamos. Acreditamos que a concorrência perde força, quando se tratam de encomendas com mais de cinco quilos.”