DESRESPEITO E INSENSIBILIDADE
A Nota “Equacionamento do déficit – Postalis”, publicada na edição do “Primeira Hora” de hoje (17/03), é mais uma demonstração inequívoca do desrespeito e da insensibilidade que a área de gestão de pessoas dedica aos empregados e aos ex-empregados da ECT.
O argumento do impacto médio sobre os salários é mais uma tentativa de dividir os profissionais da empresa e tentar reduzir a grave situação do Postalis a um problema de uma minoria dos trabalhadores.
A nova contribuição extraordinária decorre de suposta má gestão do Instituto, da suspeita de investimentos fraudulentos – conforme vem sendo fartamente noticiado na imprensa – e da suspensão do pagamento da RTSA por parte da ECT.
Ou seja, o déficit atuarial de mais de R$ 5 bilhões, acumulado nos últimos 4 (quatro) anos, decorre de ações e inações dos órgãos diretivos da Empresa, responsáveis pela indicação dos dirigentes do Instituto e que deveriam fiscalizar as suas atuações, o desempenho dos planos de benefícios, adotar as medidas necessárias para evitar os prejuízos causados e, em última instância, determinar a apuração das responsabilidades.
Portanto, nenhum desconto deveria incidir sobre a remuneração dos participantes e assistidos dos Postalis, em nenhum percentual.
Afirmar que “quase 62 mil participantes terão impacto de até 6% sobre o seu salário atual, o que representa 86,94% dos participantes” é uma tentativa de minimizar o impacto social do equacionamento do déficit, de forma que os empregados “entendam” que “apenas” 13,06% dos participantes terão impacto salarial maior do que 6%. Nesta mesma linha, podemos afirmar que 62 mil participantes contribuirão compulsória e obrigatoriamente, durante 15 anos e meio, com PELO MENOS R$ 11.550,00 cada um sem nenhum retorno futuro, ou seja, sem aumentar o valor do seu Beneficio Proporcional Saldado. Isto não pode ser considerado uma apropriação indébita?
Ora, de nenhum modo uma redução salarial de 6% é irrelevante, já que ela praticamente anula a correção salarial ocorrida no Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015, concedida por meio da aberração chamada “GIP”.
Quem recebe 2.000 reais e tem que pagar 120 reais para cobrir um rombo num dinheiro que já era dele e que foi “perdido” por outros é satisfatório?
E os demais empregados, com reduções salariais de 10, 15 ou 20%? O que dizer a eles?
O aposentado, um idoso de 70 anos ou mais, assistido pelo Postalis, vai pagar quase 35% dos seus rendimentos (ao invés de receber os 2 mil reais, ele vai receber apenas 1.300 reais). O que o impacto médio sobre os salários representa pra ele? É pouco?
Outro ponto que deve ser destacado é o desrespeito, talvez até a desonestidade praticada contra os colegas que saíram no PDIA. Eles fizeram os cálculos do quanto iriam receber do Postalis e a Empresa já sabia que viria um equacionamento. Por que a área de gestão de pessoas não alertou e orientou os colegas? Como eles ficarão agora?
A PUBLICAÇÃO DO PRIMEIRA HORA COM O “IMPACTO MÉDIO” SÓ PODE SER CONSIDERADO UM DESCASO E UMA GRANDE FALTA DE RESPEITO COM OS TRABALHADORES!
Diretoria Executiva ADCAP Nacional.