Postalis tem prejuízo com papéis atrelados à dívida da Venezuela

Valor
08/01/2015

 

Após perder dinheiro com papéis atrelados à dívida argentina, o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, agora tem prejuízo com títulos lastreados a papéis da Venezuela.

 

O BNY Mellon, administrador do fundo que detém os papéis, informou em comunicado que o “relevante aumento do risco Venezuela” – que serve como lastro para determinados papéis – e a atualização de parâmetros de avaliação de outra aplicação levaram a um impacto negativo de 14,41% no patrimônio líquido do fundo.

 

O recuo nos preços do petróleo tem levado investidores a questionar a capacidade da Venezuela de pagar suas dívidas e gerado preocupações sobre a saúde econômica do país, que já sofre com alta inflação, elevado déficit fiscal e desabastecimento.

 

O BNY Mellon ressaltou que o impacto negativo de 14% não representa um prejuízo realizado – ou seja, os títulos não foram vendidos, o que concretizaria a perda. “Vale ressaltar que as decisões de investimento relacionadas ao Fidex são de exclusiva responsabilidade da gestora escolhida pelo cotista, a Atlântica Administração de Recursos Ltda”, informou o administrador do fundo.

 

De acordo com o dado mais recente na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o fundo “Brasil Sovereign II” tinha patrimônio de R$ 125 milhões em 6 de janeiro. A baixa no valor dos ativos foi feita em 31 de dezembro, quando o patrimônio caiu de R$ 144,3 milhões para R$ 123,8 milhões.

 

O fundo, que tem o Postalis como único cotista, já havia registrou em agosto do ano passado prejuízo de R$ 200 milhões com investimento em títulos emitidos por instituições financeiras no exterior, lastreados na dívida argentina. A aplicação foi feita de forma irregular, já que, pelo regulamento, o fundo deveria manter ao menos 80% do patrimônio em papéis do Tesouro brasileiro.

 

Procurado, o Postalis informou, via assessoria de imprensa, que esses investimentos foram feito a sua revelia e que move ação na Justiça contra a Atlântica e o BNY Mellon. “Até o momento temos bloqueados R$ 240 milhões [dos réus] e um novo pedido de reforço de garantia será protocolado na Justiça para contemplar a perda comunicada no último fato relevante”, disse.

 

O BNY Mellon destacou, em nota, que como administrador do fundo não tomou a decisão de investimento e, por isso, não é responsável pelo desempenho das aplicações. “A decisão de investimento foi tomada pelo ex-gestor.”

Outras Notícias