SÃO PAULO — Além da CPI do BNDES, a CPI dos Fundos de Pensão deve ganhar fôlego no Congresso com as investigações dos fundos de pensão Funcef e Petros feitas pela Lava-Jato. Na semana passada, o Ministério Público Federal se manifestou favorável ao compartilhamento dos dois inquéritos em ofício encaminhado ao juiz Sérgio Moro. O pedido havia sido feito pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB), que preside a CPI. A autorização final cabe ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava-jato.
Também serão compartilhadas com a CPI informações de quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e da empresa do ex-ministro José Dirceu, a JD Consultoria.
Terceiro maior fundo de pensão do país, atrás da Previ e do Petros, o Funcef acumulava R$ 54 bilhões em investimentos e 99.359 participantes ao fim de 2014. A pedido do então deputado federal André Vargas, um dos diretores do fundo recebeu o doleiro Alberto Youssef, que sugeriu que o fundo aplicasse em debêntures da Marsans, uma agência de viagens controlada pelo próprio doleiro.
O Funcef também investiu R$ 1,3 bilhão na Sete Brasil, empresa criada para a construção das sondas de exploração do pré-sal com investimentos de fundos. O BTG Pactual é o principal participante, com cerca de 25%. O Funcef e o Fi-FGTS, administrado pela Caixa, também estão entre os acionistas.
Desde 2011 a Funcef acumula déficits anuais, e o valor acumulado é de cerca de R$ 5 bilhões.
A Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, tem déficit de 5 bilhões de reais e vai apresentar em dezembro um plano para equacionar as contas. O plano prevê que o banco e os funcionários terão de colocar mais dinheiro no plano a partir de 2016. Segundo a Funcef, “serão contribuições extraordinárias devido ao encrudescimento na crise”. A Fapes, dos funcionários do BNDES, teve déficit de 1,2 bilhão de reais em 2014 – o banco deveria fazer um aporte no fundo neste ano, mas o valor está sendo questionado pelo Ministério do Planejamento, responsável pelo BNDES.
Em agosto passado o presidente da Funcef, Carlos Caser, afirmou na CPI ser amigo pessoal de João Vaccari Neto, mas disse que nunca tratou deste assunto com ele.
Funcef diz não fechou negócio com Youssef
A Funcef esclareceu, em nota, que Youssef apresentou, uma única vez, uma proposta de investimento à FUNCEF, que foi rejeitada sem mesmo ter sido analisada pela área técnica, por não se enquadrar no plano de investimentos da entidade. “O próprio Alberto Youssef, em depoimento à CPI dos Fundos de Pensão, afirmou que o negócio apresentado por ele foi recusado pela Funcef”, afirmou.
“Faz parte da rotina e atribuições dos Diretores, Gestores e Técnicos da Fundação atender gestores, empresários, consultores e técnicos de empresas e bancos para apresentarem seu portfólio de produtos e projetos para análises e possíveis parcerias com a Fundação. Este processo é disciplinado por normativos internos e legais que envolvem criteriosas avaliações econômico-financeiras, riscos, conformidade, jurídica, estratégia e governança, com emissão de pareceres técnicos das diversas áreas da Fundação e amplo processo negocial que suportam deliberação pelos órgãos estatutários da Funcef”, afirma a nota.
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