Desmontando Fake News nº 7 – A Privatização dos Correios: quase 100 mil funcionários podem ganhar 2 anos de estabilidade

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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A PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS: QUASE 100

MIL FUNCIONÁRIOS PODEM GANHAR

2 ANOS DE ESTABILIDADE

O Poder 360 trouxe na edição desta quarta-feira (21/10/2020) um artigo intitulado “A Privatização dos Correios: quase 100 mil funcionários podem ganhar 2 anos de estabilidade” (Leia AQUI).

Comentaremos algumas partes do artigo, para oferecer informações mais completas sobre o tema:

Após mencionar uma ideia que estaria sendo cogitada em reuniões internas da estatal, de assegurar estabilidade por dois anos aos funcionários da estatal após a privatização, a matéria prossegue afirmando que “Com o quadro de funcionários considerado inchado – há 99.003 funcionários na empresa – a ideia seria manter pouco mais de 30 mil, quantidade considerada suficiente pelos possíveis compradores”.

Sobre essas afirmações da matéria, a ADCAP pondera o seguinte:

  1. Com presença em todo o país, incluindo agências, centros de distribuição e centros de tratamento de carga, entre outros, a Empresa precisa ter um quadro de pessoal apropriado. Ilações a respeito de possível redução de efetivo são apenas isso – meras ilações, completamente desprovidas de qualquer base técnica. Além disso, quais seriam os “possíveis compradores” que fizeram essa afirmação e com base em que? Ou será que apenas repetem argumentos proferidos irresponsavelmente por autoridades do próprio governo para tentar justificar seu intento? Importante destacar, também, que os Correios não realizam concurso público desde 2011 e enfrentam, na verdade, graves problemas de falta de pessoal em diversas unidades, o que tem sido coberto, em caráter precário, com a contratação de mão-de-obra terceirizada. Empresas de correios em todo o mundo dependem intensivamente de mão-de-obra, sendo grandes empregadoras de pessoal; isso é natural e necessário, em função das especificidades do próprio serviço, que emprega 5,26 milhões de trabalhadores no mundo todo, de acordo com a União Postal Universal.
  2. Por outro lado, é importante que se destaque que um operador privado sempre busca caminhos curtos para redução de custos e a demissão de pessoal é um desses caminhos. Foi assim em diversas situações de privatização, como em Portugal, onde, para economizar custos e ampliar dividendos aos acionistas privados, o operador privado do CTT demitiu pessoal, fechou agências e piorou a qualidade das entregas, prejudicando severamente a população, que agora clama pela reestatização do seu serviço postal.

Quanto aos resultados financeiros dos Correios, a matéria reproduz apenas informações a partir de 2015, período sempre usado pelo governo para tentar emplacar a ideia de que os Correios são uma empresa deficitária, em função dos resultados negativos de 2015 e 2016. Acrescentemos os resultados de um período maior, informações sobre as causas dos prejuízos e o resultado parcial de 2020 e teremos um quadro real da situação da Empresa, que é bem diferente do que tenta apresentar o governo:

Resultados dos Correios nos últimos 10 anos, de acordo com os demonstrativos financeiros disponíveis no site dos Correios ( Veja AQUI):

AnoResultado
2010818.966
2011882.747
20121.113.287
2013325.278
20149.913
2015-2.121.238
2016-1.489.505
2017667.308
2018161.049
2019102.121
2010-2019469.926

Resultado em 2020: R$ 770 milhões de lucro até agosto.

Principais causas dos prejuízos havidos nos Correios: retirada excessiva de dividendos (em valores atuais, cerca de R$ 6 bilhões; muito mais que os lucros da Empresa no período); congelamento tarifário por dois anos em época de eleições, ocasionando prejuízo de cerca de R$ 1,2 bilhões; implantação de nova norma contábil (CPC-33) que exigiu a contabilização antecipada de despesas que as empresas poderiam ter no futuro com verbas de pós-emprego (previdência, assistência médica etc).

Assim, a inversão de resultados havida a partir de 2013 e acentuada em 2015 e 2016 não se deveu, portanto, a problemas de mercado ou de gestão da Empresa, os Correios acumularam em 10 anos 469 milhões de lucro, apesar do excessivo recolhimento de dividendos e do indevido congelamento tarifário havidos no período e os resultados dos últimos exercícios apontam que a organização não só sobreviveu a essas situações do passado mas também já ostenta resultados positivos nos últimos três anos e também em 2020, apesar da pandemia.

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

Direção Nacional da ADCAP.

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