O Globo
30/03/14
Um beco em Manacapuru, a 93km de Manaus (AM), e a Ponte Rio-Niterói são unidas por um nome — Presidente Costa e Silva, o homem que editou o Ato Institucional nº 5. Além disso, estão envoltos numa polêmica: por que relembrar em ruas ditadores e agentes do regime?
A pedido do GLOBO, os Correios identificaram 727 CEPs de ruas, travessas, becos e praças que homenageiam tanto os cinco presidentes militares quanto o dia 31 de março, data do golpe de 1964. Há ainda ao menos dois municípios (Presidente Castelo Branco, no Paraná, e Presidente Figueiredo, no Amazonas) e seis bairros que homenageiam ex-presidentes da ditadura, um deles em Itaperuna, no Norte Fluminense.
Quem deseja a mudança diz que não se pode celebrar ainda hoje quem mandou matar e torturar. Quem é contra argumenta que ruas e monumentos ajudam a contar a História do país, seja boa ou ruim. O embate está em pauta em estados como Rio, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraíba e Amapá, por meio de comissões da verdade, assembleias legislativas e câmaras.
O marechal Humberto de Alencar Castello Branco é o mais lembrado e dá nome a 232 logradouros públicos e um município. Entre essas vias, há algumas que, embora sejam uma homenagem ao militar, são conhecidas de outra forma. Esse é o caso da Avenida Radial Oeste, ao lado do Estádio do Maracanã, que se chama Presidente Castello Branco.
Na capital paulista, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo identificou outros 13 logradouros com nomes de torturadores. Entre eles está a Rua Sérgio Fleury, na Vila Leopoldina. O órgão informa que encaminhará projetos para que a Câmara aprove mudanças. Mas a prefeitura quer primeiro envolver os moradores na discussão.