O Dia
02/08/2014
Os funcionários dos Correios iniciam a primeira rodada de negociações de reajuste salarial com a empresa pública na próxima quarta-feira, em Brasília. Uma possível greve a partir de 18 de setembro não está descartada. Caso ocorra, no Estado do Rio seriam cerca de 20 mil trabalhadores de braços cruzados. Na terça-feira, às 18h, haverá a primeira assembleia de avaliação da campanha salarial, na Cidade Nova, Centro do Rio.Entre as reivindicações estão a reposição do índice de inflação no período de agosto de 2013 a agosto de 2014 (6,5%), reajuste linear de R$ 300 para todos os trabalhadores, aumento do vale refeição de R$ 28,29 para R$ 35 e melhores condições de trabalho.
No Estado de Rio, a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio de Janeiro (Sintect-RJ) solicita também a abertura de concurso público para uma carência de 1,3 mil funcionários.
“Esse número refere-se a falta de pelo menos 480 carteiros e a reposição de cerca de 800 funcionários aposentados que ainda estão trabalhando, mas começam a deixar a empresa neste segundo semestre pelo programa de demissão voluntária. Só no dia 28 deste mês está marcada a homologação de saída de 110 carteiros. Precisamos com urgência de concurso para cobrir a carência”, informou o secretário geral do Sintect-RJ, Anysio Gomes.
NEGOCIAÇÃO
Na última quarta-feira, dia 30, a Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) entregou ao presidente em exercício dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, a lista de reivindicações da categoria. “A exemplo do que reivindicamos no ano passado, queremos também medidas contra o Postal Saúde, porque nosso atendimento médico tem piorado sensivelmente.
Vários médicos se descredenciaram por falta de pagamentos — que deveriam ter sido feitos pela ECT. Além disso, demora-se muito para obter autorizações. Seja para uma simples obturação, seja para procedimentos cirúrgicos”, disse Magalhães.
Outra demanda apresentada pela federação é uma jornada de seis horas para atendente comercial e segurança nas agências, explica James Magalhães, diretor da Fentect. Ele informou também que já foi agendada uma assembleia nacional para o dia 17 de setembro para avaliar a negociação. “Há reais possibilidades de greve a partir do dia 18 de setembro. Para que isso não aconteça, esperamos que os Correios comecem o calendário para atender aos anseios de seus trabalhadores”, acrescentou o dirigente sindical.
Empresa diz que está aberta ao diálogo
Em nota, os Correios confirmaram que receberam a pauta de reivindicação do Acordo Coletivo de Trabalho da Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) e da Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect). A empresa informa que os referidos pontos serão analisados, “inclusive avaliando o impacto que geraria na folha de pagamento da empresa, com o intuito de verificar quais demandas podem ser atendidas”.
Os Correios informam também que as primeiras reuniões para negociações das pautas de reivindicações acontecerão nas próxima quarta e quinta-feira. “Vale ressaltar que os Correios estão sempre abertos ao diálogo com a representação dos trabalhadores, o que motivou a criação da mesa nacional de negociação permanente, onde foram firmados 16 Termos de Acordo, todos com conquistas e avanços aos funcionários da empresa”, destacou a nota.
ENTENDA
CONDIÇÕES
Melhores condições de trabalho fazem parte da pauta de reivindicações no Estado do Rio. Segundo o secretário geral do Sintect-RJ, Anysio Gomes, falta reposição de matéria de trabalho, como bolsas e uniformes, equipamentos de proteção e veículos da empresa em boas condições de uso. “Há também uma urgência na instalação de climatizadores em algumas unidades. No verão, funcionários enfrentam calor superior a 45º graus. Não há ventilador que alivie. Muitos trabalhadores passam mal na hora do expediente”, contou Gomes.
SEGURANÇA
O diretor do Sintect-RJ denuncia ainda a situação de insegurança que vivem os carteiros em função dos assaltos e da escalada da violência contra trabalhadores. Anysio Gomes conta que teve um significativo aumento do número de assaltos como também da violência aos carteiros vítimas dos bandidos.
“Infelizmente a Polícia Federal, responsável pelas ocorrências de crimes contra funcionários dos Correios, não está em sintonia com as polícias Militar e Civil do Rio. Ou seja, não informa a mancha criminal para que haja um combate mais amplo aos autores dos crimes”, comentou.
NACIONAL
No âmbito nacional, Fentect reivindica ainda o fim do Postal Saúde, a jornada de seis horas para atendente comercial e segurança nas agências, luta contra a privatização e terceirização, revogação de lei contrária a categoria, o piso salarial de R$ 3.079 (Dieese) e cesta básica de R$ 400. De acordo com o secretário-geral da Fentect, José Rodrigues, a categoria espera que, este ano, os Correios negociem com os representantes dos trabalhadores.
“Queremos que a empresa atenda aos anseios de mais de 125 mil ecetistas em todo o país”, ressalta o dirigente sindical, que reclama de a empresa nos últimos três anos só ter negociado via Tribunal Superior do Trabalho (TST).