O Estado de S. Paulo
14/10/2013
No Twitter, presidente diz que Brasil vai desenvolver mecanismo de mensagens criptografas para garantir maior segurança online
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que o governo vai criar um sistema nacional de e-mail criptografado para evitar que autoridades nacionais sejam alvo de espionagem. A determinação foi dada ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda.
“Esta é a primeira medida para ampliar a privacidade e a inviolabilidade de mensagens oficiais”, afirmou a presidente, em sua conta oficial no Twitter. “É preciso mais segurança nas mensagens para prevenir uma possível espionagem.”
O sistema será desenvolvido pela Serpro em parceria com os Correios e terá uso obrigatório no governo. O Ministério das Comunicações deve começar a testá-lo ainda neste mês.
A Serpro e os Correios também estudam o lançamento de um serviço público e gratuito de e-mail seguro para a população.
Outras medidas para dar segurança às informações têm sido desenvolvidas em sintonia com o Planalto. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) criou e está agora aprimorando telefones fixos e celulares que transmitem sinal criptografado e dificultam a decodificação de conversas sigilosas. Apesar da dificuldade de usá-los, mais assessores e ministros pediram à agência para receber os aparelhos.
A Abin também apresentou ao Palácio do Planalto uma espécie de pen drive que cria áreas seguras em computadores, dispositivos e sistemas.
Os documentos criados nesse ambiente são automaticamente criptografados e podem ser enviados pela internet com segurança.
O governo também quer comprar um satélite geo estacionário próprio, por meio da Telebrás. Hoje, dados, telefonia, sinais de TV paga e comunicações militares passam pelo satélite da Embratel, privatizada em 1997 e, atualmente, nas mãos da Claro, do empresário mexicano Carlos Slim.
O satélite e a tecnologia serão fornecidos pelo grupo franco-italiano Thales Alenia Space. A Visiona, uma joint venture entre a Telebrás e a Embraer, será a responsável pela montagem do satélite. A tecnologia ficará a cargo da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ao custo de cerca de US$ 600 milhões, ele deve entrar em órbita em 2016.
No mês passado, reportagens do jornalista Glenn Greenwald mostraram que apresidente Dilma foi monitorada pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).
O órgão invadiu telefonemas e e-mails enviados por Dilma a seus assessores, além de mensagens trocadas entre ela e o atual presidente mexicano, Enrique Pena Nieto. O repórter se baseou em documentos revelados pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden.
Dilma cobrou esclarecimentos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Insatisfeita com as explicações, ela decidiu cancelar a visita oficial que faria ao país neste mês.