Projeto que põe fim ao monopólio postal dos Correios deve ser enviado nas próximas semanas
Informação foi dada pela secretária do PPI, Martha Seillier; segundo ela, medida é necessária para privatizar Correios. Funcionários da estatal entraram em greve e são contra privatização.
G1
18/08/2020
A secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Ministério da Economia, Martha Seillier, afirmou nesta terça-feira (18) que o governo federal deve encaminhar nas próximas semanas um projeto ao Congresso Nacional para acabar com o monopólio dos Correios nos serviços postais.
Martha Seillier deu a informação ao participar de uma videoconferência, organizada por uma instituição financeira. Segundo a secretária, o envio do projeto é um dos passos para o processo de privatização dos Correios.
“O governo está trabalhando junto o ministro Fábio Faria [Comunicações] e com o Ministério da Economia na finalização desse projeto de lei para encaminhar ao Congresso Nacional uma regulamentação de como esse serviço pode vir a ser prestado por um parceiro privado ou por alguns parceiros privados”, declarou.
“Esse projeto deve seguir [ao Legislativo], esperamos, nas próximas semanas”, acrescentou.
Os Correios estão na lista de estatais a serem privatizadas. O Ministério da Economia aponta como motivos para privatização: corrupção, interferências políticas na gestão da empresa, ineficiência, greves constantes e perda de mercado para empresas privadas na entrega de mercadorias vendidas pela internet.
Nos estudos para a venda da estatal, o Ministério da Economia aponta o rombo de R$ 11 bilhões no fundo de pensão dos funcionários, o Postalis.
Além disso, o Postal Saúde, o plano que atende aos funcionários, tem um rombo de R$ 3,9 bilhões.
Greve
Nesta segunda-feira (17), a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT) decidiu entrar em greve.
Segundo a entidade, não há prazo para o fim da paralisação. De acordo com a federação, os grevistas são contra a privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos.
Investimentos em infraestrutura
A secretária especial do PPI do Ministério da Economia também afirmou que o país, para continuar crescendo, precisa de investimentos em infraestrutura.
“E sabemos que eles não virão do lado público do orçamento. Mesmo antes da crise do coronavírus, o orçamento de infraestrutura total [da União] não ultrapassava R$ 20 bilhões para este ano”, acrescentou ela.
De acordo com Martha Seillier, como há “muita demanda” por investimentos em infraestrutura no país, o desafio “gigantesco” é realizar essa substituição por recursos privados.
Segundo ela, o trabalho para substituição dos investimentos públicos por privados não “supre” a pressão existente por mais recursos orçamentários. “Por isso a gente assiste todos os dias essas disputas na imprensa. É natural essa demanda da população por serviços e a dificuldade em avançar com parcerias em algumas áreas”, avaliou.
Nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo vai fazer remanejamento de recursos a fim de criar as condições para que sejam feitos investimentos públicos sem “furar” o teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas da União).
Para o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal, Felipe Salto, a manobra fiscal poderia abrir uma espécie de “caixa de pandora”, em referência ao artefato que, segundo a mitologia grega, continha todos os males do mundo. “Se você começa a fazer esse tipo de contabilidade, que pode até começar a ensejar discussões, como a gente teve no passado, de contabilidade criativa, isso começa a ser um caminho perigoso”, afirmou, em entrevista à GloboNews.
Entrega no prazo cai na pandemia e Correios têm alta em reclamações
Estatal pagou pelo menos R$ 782 milhões em indenizações por extravios desde 2016
Valor
19/08/2020
O principal indicador de qualidade dos Correios, que enfrentam greve desde ontem, sofreu um tombo desde o início da pandemia. A queda coincide com o crescimento do comércio eletrônico no período. O Índice de Entrega no Prazo (IEP), criado para medir atrasos e extravios nos serviços postais, estava em 97,16% em janeiro – perto dos níveis mais altos já atingidos – e foi diminuindo até chegar a 92,16% em junho.
Paralelamente, há uma aceleração das reclamações de clientes. O sistema nacional de defesa do consumidor do Ministério da Justiça, que reúne queixas protocoladas nos Procons estaduais, somava 5.457 atendimentos relacionados aos Correios até ontem. Esse número supera o que foi registrado ao longo de todo o ano passado (4.890) e, mantido o ritmo até dezembro, poderia se aproximar do recorde verificado em 2018 (10.120 reclamações).
Os dados foram obtidos pelo Valor em relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), por meio da Lei de Acesso à Informação e a partir de consultas à própria estatal. Eles demostram ainda que, nos últimos quatro anos e meio (desde 2016), houve
pagamentos de pelo menos R$ 782 milhões em indenização a clientes por extravio de objetos postados.
Os trabalhadores dos Correios entraram em greve, por tempo indeterminado, como protesto pelo corte de benefícios “extra-CLT”. Segundo a estatal, ontem houve adesão de cerca de 15% dos quase 100 mil empregados em todo o Brasil. A diretoria da estatal pretende economizar R$ 600 milhões anuais com a retirada de 70 cláusulas do acordo coletivo, incluindo adicional de 70% do salário nas férias, 180 dias de licença-maternidade, vale-peru (um tíquete de alimentação no valor aproximado de R$ 1 mil em dezembro) e até distribuição obrigatória de acessórios como joelheiras ou meias de compressão.
Com base na paralisação de 2017, que afetou 30% das áreas operacionais, os Correios estimam que cada dia de greve tem impacto financeiro da ordem de R$ 5 milhões, além de desgaste de imagem e potencial perda de contratos com clientes corporativos.
“É um tiro no pé”, afirma o deputado federal Vinicius Poit (Novo-SP), um dos mais engajados defensores, na Câmara, da privatização dos Correios. Ele lembra que, enquanto grandes grupos de comércio eletrônico e de logística investem bilhões de reais em frota própria e melhorias na capacidade de entrega das encomendas, a estatal enfrenta aumento das reclamações e sequências de prejuízos.
“Há alguma coisa de muito errado numa empresa que detém o monopólio de serviços postais e déficits na operação”, diz Poit. “É preciso derrubar o mito de que pequenos municípios vão ficar desatendidos se houver a privatização. Se chega até Coca-cola e papel higiênico em qualquer lugar do país, o mercado se ajusta.”
Para ele, a depender da extensão da greve, o controle privado dos Correios pode até angariar mais apoio no Congresso Nacional. “A resistência hoje está principalmente no Centrão, que faz o governo de refém”, acrescenta.
Os trabalhadores, que também protestam contra a proposta de reajuste salarial zero, discordam. “O governo Bolsonaro busca, a qualquer custo, vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros”, diz José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect, federação que congrega 31 sindicatos regionais e estima em 70% a adesão à greve nesta terça-feira.
A Fentect afirma que os Correios têm tido “ação negacionista” na pandemia, recusando-se a fornecer dados sobre funcionários contaminados e mortos pela covid-19, além de não garantir equipamentos de proteção e afastamento de empregados nos grupos de risco.
O sindicalista acredita que a retirada súbita de benefícios é uma tentativa de avançar na venda da empresa. “Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado e com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões do país, de Norte a Sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”, afirma José Rivaldo.
Os Correios garantem que estão implementando “medidas cada vez mais exigentes de sanitização” e destacam o fato de ter mantido eficácia superior a 90% nos prazos de entrega, além de queda de 40% nas reclamações recebidas por canais próprios no ano passado. “Os impactos sofridos pela empresa são comuns aos correios do mundo todo: a União Postal Universal relata que 124 países enfrentam problemas com entregas, suspensão na prestação de serviços, interrupção na aceitação de alguns serviços, redução na capacidade da força de trabalho, em razão da pandemia”, diz a empresa.
Gigantes como Mercado Livre e Magalu driblam a dependência dos Correios
A greve dos Correios pode afetar entregas no comércio eletrônico, mas as gigantes varejistas desenvolveram nos últimos anos sua própria estrutura logística
Exame
18/08/2020
A pandemia e o aumento do comércio eletrônico pressionaram toda a cadeia logística – incluindo os trabalhadores dos Correios. Com aumento da demanda e sem medidas adequadas de proteção e higiene, cerca de 100.000 funcionários da estatal acabaram de decretar greve.
A greve deve afetar as entregas no comércio eletrônico, já que a estatal é uma das maiores operadoras logísticas para as compras virtuais. As gigantes varejistas, no entanto, desenvolveram nos últimos anos sua própria estrutura logística, com integração com suas lojas físicas, dezenas de centros de distribuição em vários estados e até suas próprias startups e transportadoras. Como as empresas migraram para outras categorias de produtos além dos eletrodomésticos, como moda e alimentos e bebidas, ter uma estrutura ágil é essencial.
Mais recentemente, passaram a realizar essa logística também para seus parceiros de marketplace, serviço que se intensificou com a pandemia – afinal, dezenas de milhares de pequenos lojistas se voltaram às grandes plataformas para vender, com o fechamento temporário de suas lojas físicas. Essa estrutura aumenta a eficiência das varejistas e permite realizar entregas em uma fração do tempo.
Magazine Luiza
Em função dos novos hábitos de consumo durante a pandemia, o comércio eletrônico formal brasileiro cresceu 70,4% no segundo trimestre, segundo o E-bit. No Magazine Luiza, o comércio eletrônico cresceu 182%, atingindo 6,7 bilhões de reais e 78% das vendas totais no trimestre.
Com o fechamento do comércio, o Magazine Luiza reforçou sua estratégia de envios de produtos a partir das lojas. Com essa modalidade, cerca de 35% das entregas totais passaram a ser realizadas em até 24 horas. Para entregar os produtos de mercado, uma das categorias de maior destaque no trimestre, mais de 700 das 1.100 lojas físicas foram convertidas em pequenos estoques para essa categoria.
O parceiro de entrega, a startup Logbee adquirida há dois anos, recolhe então esses produtos nas lojas para levar às casas dos consumidores.A Malha Luiza cresceu e passou a reunir 4.000 micro transportadores e motoristas da Logbee.
Mercado Livre
O Mercado Livre, empresa mais valiosa da América Latina, chegou a 5 bilhões de dólares em produtos vendidos no segundo trimestre do ano. A rede gerenciada pela companhia em todos os países foi parte central para o crescimento do negócio de comércio eletrônico e para a capacidade de lidar com o aumento da demanda na pandemia, diz a empresa em sua divulgação de resultados. Dessa forma, o Mercado Envios enviou 157,5 milhões de itens no trimestre sem grandes problemas, alta de 124% em relação ao mesmo período do ano passado. No Brasil, a companhia abriu 18 centros de sortimento, totalizando mais de 35.
A maior parte dos itens são pagos pelo Mercado Envios, que tem uma ferramenta para cálculo e pagamento do frete e que no Brasil trabalha em parceria com os Correios. A participação do Envios é de 96% nas entregas por aqui – no total, a fatia é de 80%.
Mais do que fazer a logística de suas próprias entregas, as empresas estão oferecendo esse serviço também para os vendedores em suas plataformas de marketplace – gerenciando os estoques e envios a partir de seus próprios centros de distribuição. No Mercado Livre, empresa puramente voltada ao marketplace, esse serviço chegou a 17% do total de envios no Brasil – chegando a 20% até o final de junho. Como consequência, as entregas no mesmo dia e no dia seguinte melhoraram. Além das agências de Correio, o Mercado Livre tem 1.300 lugares em que os vendedores podem depositar as suas encomendas.
Via Varejo
A Via Varejo chegou a 5,1 bilhões de reais em vendas totais no comércio eletrônico. No segundo trimestre, as vendas online foram responsáveis por 70% do faturamento total. Para realizar essas entregas, a empresa passou de 60 para mais de 380 mini centros de logística, que reduzem o tempo de entrega e cortaram mais de 50% no custo do último braço da logística. O plano é chegar a mais de 500 até o próximo trimestre, com presença em todas as cidades em que a Via Varejo tem presença física.
A empresa passou a lidar com mais de 70.000 pedidos por dia no trimestre – mais de duas vezes o total de pedidos processados por dia no quarto trimestre do ano passado, mesmo com a Black Friday e o Natal. A Asap Log, startup de logística adquirida recentemente, não opera apenas as entregas da Via Varejo – 10% de suas entregas são feitas para terceiros.
A Via Varejo realizou uma oferta de ações para captar 4,4 bilhões de reais – um terço desses recursos serão destinados à tecnologia e à logística.
B2W
A Lets, plataforma de entrega da B2W, faz 30% das entregas no mesmo dia e 58% das entregas em até 48 horas, tanto para vendas próprias quanto para parceiros do comércio eletrônico. A empresa é dona da Americanas.com e Submarino.com.
Para entregas ainda mais rápidas, a empresa tem o ship from store para produtos de vendedores locais, que entrega em até 2 horas produtos a partir de 4.000 Lojas Americanas ou lojas de vendedores parceiros.
O consumidor também pode pedir para retirar seus produtos em 9.075 pontos em todo o Brasil. Essas parcerias incluem postos de conveniência da BR Distribuidora, shoppings da BR Malls e Multiplan e 1.000 restaurantes do McDonald’s.
A partir de sua divisão de logística, a Let’s, a B2W tem 17 centros de fulfillment em oito estados. Cerca de 908 vendedores tem seus estoques operados pela plataforma, através da qual todo o processo logístico, do estoque ao transporte e atendimento, é operado pela B2W. A B2W também tem um serviço de entregas no estilo Uber: a Ame Flash tem 20.000 entregadores independentes cadastrados em 700 cidades.
Greve dos Correios: mais de 85% dos pequenos lojistas dependem dos serviços
Mercado e Consumo
19/08/2020
Os funcionários dos Correios em todo o país entraram em greve na noite da última segunda-feira (17), por tempo indeterminado. Com a paralisação, pequenos e médios e-commerces podem ser afetados com o prazo do envio de seus produtos. De acordo com a Loja Integrada, plataforma de criação de lojas virtuais, cerca de 86% dos lojistas utilizam os Correios como forma principal de frete, mas também utilizam transportadoras (28%) e motoboy (24%).
Para Pedro Henrique Freitas, CEO da Loja Integrada, o ideal é o lojista garantir parceria com vários tipos de entregas. “A dependência de um só serviço pode prejudicar o sistema logístico do e-commerce. Hoje existem diversas transportadoras digitais com preços competitivos e qualidade de entrega. Minha dica é: tenha Correios, motoboy, transportadora, retirada em loja e quantas alternativas estiverem disponíveis”, explica o executivo.
O levantamento foi realizado com quase dois mil lojistas virtuais de todo o país durante os meses janeiro e fevereiro de 2020. O especialista listou algumas dicas para os empreendedores criarem um plano de ação:
- Avise aos clientes sobre a greve
Por conta da paralisação, provavelmente os últimos pedidos despachados ficarão aguardando o envio, segundo Freitas. “Escreva aos seus clientes informando sobre a greve e que o prazo de entrega será maior do que o combinado”.
- Aumente o prazo de entrega
Ainda não existe uma data para início e encerramento da greve, então o executivo recomenda que o lojista aumente o prazo de entrega em cerca de sete dias.
- Habilite forma alternativa de envio
Segundo Freitas, há alternativas que integram outras transportadoras à sua loja, como a Melhor Envio e a Uello (acima de 20 entregas por dia).
Com informações do portal E-commerce Brasil.
Greve dos Correios expõe dependência das empresas de comércio eletrônico
Mais de 150 mil lojas virtuais foram abertas durante a pandemia segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. Como não há e-commerce sem logística de entregas, empresas buscam alternativas
JC
18/08/2020
A greve dos funcionários dos Correios iniciada na segunda-feira (17), põe em xeque o comércio eletrônico, que vem apresentando um bom desempenho desde o início da quarentena. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ABComm, foram abertas mais de 150 mil lojas virtuais desde o início do isolamento social, por conta da pandemia do coronavírus. Ainda de acordo com a associação, seis milhões de brasileiros zeram sua primeira compra online durante o confinamento. E como não existe comércio eletrônico sem logística de entrega, as empresas vão encontrando soluções alternativas para substituir a grande capilaridade dos Correios.
O casal Caetano Dias e Adriana Souza Melo montou há menos de um mês a Juventus Calçados, uma loja virtual para vender sapatos masculinos pelas redes sociais. O produto vem direto da fábrica, em São Paulo, para a casa do casal, em Olinda, que serve de depósito. As vendas já começaram e são para todo o País, mas a logística de entrega ainda representa um calo para a empresa.
“Vimos que não dá para depender apenas dos Correios. Agora mesmo, segundo o rastreio, estou com uma mercadoria parada, provavelmente por conta da greve”, disse Caetano.
A saída para que a empresa não morra no nascedouro é buscar alternativas. “Teremos que fazer um contrato com os Correios par a baratear os custos e, talvez, já incluir um seguro que cubra possíveis extravios”. Outro caminho, diz o empresário, é oferecer ao cliente vários tipos de remessa. “O cliente vai decidir se quer receber pelos Correios, transportadora, ou até empresa aérea. Ele escolhe e paga o frete”, pensa Caetano.
ESTRUTURA
Stefan Rehm, CEO da Intelipost, empresa de gestão de fretes que diz Stefan. Ele reconhece que os Correios são a única organização que tem abrangência em todos os mais de cinco mil municípios do Brasil, coisa que nenhuma transportadora tem. “Na Europa e nos Estados Unidos um e-commerce grande trabalha com duas ou três transportadoras para entregar no País inteiro. No Brasil, uma empresa de mesmo porte precisa trabalhar com 20 transportadoras para prestar o mesmo tipo de serviço”.
As dimensões continentais do Brasil e a infra-estrutura precária, faz com que aqui tudo seja mais complexo, analisou Stefan Rehm. O executivo fala que outros players locais e nacionais estão surgindo e já são cerca de 100 transportadoras trabalhando diretamente com e-commerce no Brasil.
O Mercado Livre, um dos maiores market places da América Latina, informou através de nota que vem investindo na ampliação de sua malha logística própria. “No período de abril a junho deste ano, a penetração na rede gerenciada pelo Mercado Livre ultrapassou pela primeira vez os 50%, atingindo 51,6%”, informou a nota. A empresa armou ainda que, através do Mercado Envios, conseguiu entregar 157,5 milhões de itens durante o trimestre (abril a junho de 2020), representando um crescimento de 124,2% em relação ao ano anterior. No site da empresa, há um aviso para o consumidor para alertar quando a entrega não é feita pela rede própria: ” O envio deste produto é pelos Correios e, no momento, eles estão em greve. Por isso, a data de entrega é mais longa do que de costume. Desculpe”, diz o aviso.
Já os Correios informaram através de nota que a paralisação de seus empregados é parcial e não vem afetando os serviços de atendimento da estatal. “Levantamento parcial, realizado na manhã desta terça-feira (18), mostra que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente”, cita a nota. A empresa diz ainda que já colocou em prática medidas para minimizar os impactos à população como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação; remanejamento de veículos e a realização de mutirões. “A rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC [de entrega de produtos], continuam sendo postados e entregues em todos os municípios”, informou a empresa.
FT Postalis: apreensões da Operação Rebate elucidarão crimes contra fundo de pensão
Investigações que levaram à operação contaram com duas delações, relatórios de inteligência financeira e quebras de sigilos bancário e telemático
MPF
18/08/2020
A Operação Rebate, deflagrada pela Força-Tarefa Postalis, do Ministério Público Federal, na terça-feira passada (11), realizou buscas em seis endereços no Rio de Janeiro. O objetivo era reunir mais elementos que esclarecessem o conjunto de irregularidades cometidas contra o fundo de pensão dos Correios, tais como crimes contra o sistema financeiro e lavagem de capitais. Foram alvo das buscas José Carlos Oliveira – conhecido como Zeca-, sua irmã, Beatriz Oliveira, mãe, Myriam Oliveira, a sede da empresa de Myriam, Mercatto Assessoria Empresarial, e também Marcus Vinícius Innocêncio. Os policiais apreenderam documentos, celulares, tablets e notebooks nos locais. Na casa da mãe de Zeca, foram encontrados R$50 mil em espécie.
Além das medidas aplicadas durante as diligências, a Força-Tarefa havia solicitado a prisão de Zeca Oliveira. Principal alvo do esquema investigado, segundo os procuradores, a conduta era necessária por entenderem haver risco concreto de reiteração criminosa, bem como da prática de mais lavagem de dinheiro. O MPF também desejava impedir a evasão de Zeca Oliveira do país, já que ele possui cidadania portuguesa. A Justiça discordou e indeferiu o pedido.
As informações que conduziram os procuradores até a Operação Rebate foram obtidas a partir de duas delações premiadas. Além disso, quebras telemáticas, bancárias e relatórios de inteligência financeira apontaram a ocorrência das irregularidades.
Os detalhes da operação, como os nomes dos alvos e o pedido feito à Justiça pelo MPF, estavam em sigilo. O juiz da 12 ª Vara de Justiça federal, Marcus Vinícius Reis Bastos, autorizou a divulgação dos dados na última quinta-feira (13).
Entenda o caso – José Carlos Lopes Xavier de Oliveira, mais conhecido como Zeca Oliveira, foi diretor-presidente no BNY Mellon, no período em que aconteceram os investimentos irregulares aplicados pelo Postalis. O BNY era a instituição financeira que realizava a gestão das aplicações do fundo. Zeca foi alvo da Operação Pausare, em 2018, bem como denunciado em dois outros casos ajuizados pela FT Postalis.
Quando os procuradores analisavam as quebras de sigilo bancário do ex-executivo, verificaram o registro de vultosas transferências e depósitos realizados por duas fontes: Mercatto Assessoria Empresarial e Marcus Vinícius Domingues Inocêncio. Somente dessas duas origens, Zeca recebeu, entre 2010 e 2014, mais de R$4,3 milhões em valores históricos.
Diante da singularidade dos fatos, os investigadores identificaram que a Mercatto Assessoria pertence atualmente à mãe de Zeca, mas também já foi registrada em nome dos seus irmãos. Para os procuradores, a empresa era utilizada para ocultação patrimonial e movimentação de recursos de origem ilícita. Marcus Vinícius, por sua vez, é pessoa do mercado financeiro e proprietário da Solução Investimentos, que realizou depósitos para o ex-presidente do banco e que recebeu mais de R$68 milhões de instituições financeiras e fundos de investimento entre 2010 e 2015.
Estava desenhada a suspeita que batizou o nome da operação: Zeca, na função de presidente do BNY – instituição contratada pelo Postalis como administradora e controladora fiduciária do fundo – aplicava recursos da instituição cliente em fundos que também eram geridos pelo BNY. Os fundos pagavam, de volta para o banco e para outras empresas que tivessem atraído o investimento, taxas com natureza de comissão. Por fim, era realizada de volta a transferência para Zeca ou para a Mercatto Assessoria. A empresa de Marcus Vinícius – Solução Investimentos – era uma dessas intermediadoras dos desvios e se beneficiava do esquema.
Conforme as investigações avançaram e a partir do cruzamento de informações com dados revelados pelos colaboradores, a Força-Tarefa teve autorização para fazer novas quebras, inclusive telemáticas. Nesse contexto, os procuradores apuraram e-mails e movimentações financeiras que atestaram os vínculos entre Zeca e a Soluções Investimentos, empresa de Marcus Vinícius. Também entre a Mercatto Assessoria e a Soluções, bem como transações bancárias envolvendo o sócio de um dos delatores: Arthur Machado, denunciado pela Postalis em junho.
As investigações revelaram a grande proximidade que Zeca Oliveira tinha com os participantes do esquema. Os vínculos do investigado serviam para a prática de ilícitos diversos, dos quais se beneficiava financeiramente. Como exemplo, foi detectado que o ex-executivo recebeu várias benesses de Arthur Machado, tais como relógios, viagens, pagamentos de vantagens financeiras por meio de off shore, custeio de mais de R$320 mil para contratação de advogados de defesa e inclusive um empréstimo de R$635 mil para a aquisição de um Porshe Cayenne, em 2011. Essa cifra retornou para Machado em 2012, por meio de pagamento feito pela Mercatto Assessoria. Por outro lado, o ex-presidente também beneficiou os outros participantes do plano. Somente em 2010, Zeca repassou mais de R$100 milhões para Martin Cohen, Lyra e Arthur Machado, a pretexto de estar investindo no FIP ETB.
Nessas relações próximas entre os investigados, a Força-Tarefa também encontrou e-mail mostrando os meandros de um patrocínio fechado entre a Soluções Investimentos – empresa de Marcus Vinícius – e o Fluminense Football Club. Ficou provado que, apesar de o contrato e a responsabilidade pelos pagamentos serem em nome da Soluções, a logomarca a ser divulgada pelos atletas aquáticos do clube era do banco BNY. É que Zeca é torcedor e foi também jogador de polo aquático pelo time tricolor.
Quanto à lavagem de dinheiro, os procuradores tiveram acesso a um Relatório de Inteligência Financeira referente ao primeiro semestre de 2019. O documento informa que, somente nesse período, Zeca Oliveira adquiriu joias, pedras ou metais preciosos que custaram mais de R$45 milhões e foram pagos em espécie. A própria joalheria comunicou a movimentação atípica. Para o MPF, esse tipo de aquisição é um forte indicativo de ocultação e lavagem de capitais. As joias não foram localizadas.
A partir dos documentos apreendidos na operação, a FT espera esclarecer o modo como as irregularidades foram praticadas, os papéis de cada envolvido, bem como o tamanho dos prejuízos provocados ao Postalis. O objetivo é responsabilizar penal e civilmente cada um dos envolvidos.
O processo tramita na Justiça sob o número 1030599-21.2020.4.01.3400.
Íntegra do pedido principal
Entrevista do Vice-Presidente da ADCAP à Rádio 94 FM de Bauru
Clique AQUI para ouvir.
Correios entram em greve
SBT Interior
18/08/2020
Assista a matéria AQUI.
Direção Nacional da ADCAP.