CDH vai analisar sugestão que visa impedir privatização dos Correios
Agência Senado
16/03/2020
Está pronta para ser votada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) a Sugestão (SUG) 1/2020, que tem por objetivo impedir a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
A sugestão teve origem na Ideia Legislativa n° 127.741, enviada pelo cidadão Afonso Henrique Muniz Nascimento ao Portal e-Cidadania do Senado Federal.
De acordo com as regras do portal, se a ideia obtém o apoiamento de pelo menos 20 mil internautas em quatro meses, ela é transformada em sugestão legislativa e tem que ser debatida pela CDH. A comissão, então, decide se a sugestão será transformada em uma proposição legislativa tradicional, como um projeto de lei (PL) ou uma proposta de emenda à Constituição (PEC).
Morador do estado do Ceará, Afonso Henrique escreveu em sua ideia legislativa que os Correios têm grande capilaridade em todo o território nacional e, por isso, conseguem atender a todos os municípios do país, “prestando serviços que vão desde o envio e o recebimento de cartas e encomendas à logística integrada, serviços financeiros e de conveniência”.
Para ele, vender os Correios para empresas estrangeiras, por exemplo, “seria desastroso”, porque a empresa — conforme argumente Afonso — é estratégica, eficiente, tem importante papel social, vasta rede de atendimento e ampla capacidade logística.
A ideia legislativa foi publicada no e-Cidadania em 20 de setembro, alcançando 20 mil apoiamentos em 3 de janeiro deste ano.
A SUG 1/2020 já tem voto favorável de seu relator na CDH, o senador Paulo Paim (PT-RS), que preside o colegiado. Em seu relatório, Paim afirma que o e-Cidadania vem provando que “é um importante instrumento de estímulo à participação popular nas atividades desta Casa Legislativa”.
Paim afirma ser “inteiramente favorável” à sugestão por entender que os Correios desempenham papel de extrema relevância na sociedade brasileira, “garantindo que os cidadãos de todas as classes sociais e de qualquer parte do território nacional tenham a possibilidade de acesso ao serviço postal”.
“Não é exagero dizer que os Correios representam um fator de integração nacional, que dá aos brasileiros, mesmo nos rincões mais remotos do país, a oportunidade de ampliar seus horizontes, pelos serviços de envio e recebimento de correspondências, encomendas e valores”, acrescenta o relator.
Em seu voto, Paim propõe que a SUG passe a tramitar como PEC, para alterar o inciso X do artigo 21 da Constituição Federal, que determina que compete à União “manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”.
Paim quer que o inciso passe a ter o seguinte texto: “manter o serviço postal, prestado por meio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e o correio aéreo nacional”. Isso, em sua avaliação, impediria que a ECT fosse privatizada por determinação do Executivo ou por projeto de lei ordinária.
Presidente e vice-presidente da Câmara cobram mobilização para reverter transferência da Superintendência dos Correios
José Roberto Segalla e Coronel Meira advertem que decisão de levar a estrutura de Bauru para Indaiatuba já foi tomada, colocando 500 empregos em xeque; parlamentares pedem que o ministro bauruense, que responde pelas Comunicações, o prefeito e deputados federais tomem providências
Câmara Municipal de Bauru
16/03/2020
Presidente e vice-presidente da Câmara Municipal, os vereadores José Roberto Segalla (DEM) e Coronel Meira (PSB) cobraram, nesta segunda-feira (16/03), mobilização de agentes políticos para que seja revertida a transferência da Superintendência dos Correios do Interior de São Paulo, sediada em Bauru, para a cidade de Indaiatuba.
A medida, de acordo com parlamentares, afetará 500 trabalhadores que, caso não aceitem a transferência, perderão seus empregos.
Coronel Meira cobrou responsabilidade do ministro Marcos Pontes, o astronauta brasileiro, que dirige a pasta a qual está submetida a empresa.
“Não é reestruturação; é transferência. Vou fazer um apelo para que ele, que vem a Bauru uma vez por ano para o Arraiá Aéreo, mude essa postura e essa proposição. Isso é um absurdo”, criticou o parlamentar.
Presidente da Casa, Segalla assegurou que não se trata de boato ou balão de ensaio.
“É uma decisão. Esteve aqui em Bauru e fez uma reunião, no dia 12 de março, um general representando a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para avisar que, a partir de 1º de janeiro de 2021, a Superintendência estará funcionando em Indaiatuba. Isso é motivo para que o prefeito se instale em Brasília até reverter isso”, advertiu.
Segalla também destacou que os deputados que dizem representar a cidade também devem se movimentar.
Sobre o Fechamento dos Correios em Bauru assista AQUI. Ouça nota AQUI também.
Bem traçadas linhas
Para quebrar a rotina de mensagens curtas e com expressões abreviadas, que marcam a era digital, milhares de jovens no País retomam o antigo comportamento de escrever cartas à mão e colocá-las nos Correios
IstoÉ
13/03/2020
Nos tempos atuais, em que reinam de forma absoluta as redes sociais, eis que muitos jovens dizem ter descoberto uma forma criativa de quebrar a rotina: escrever cartas como se fazia no passado. Isso significa que eles abandonaram de vez as conexões tecnológicas? Deram um solene adeus às plataformas digitais? Não, a coisa também não é bem assim, não chega a esse ponto — até porque muitos deles, em todo o País, postam as correspondências, que escrevem e recebem, em seus respectivos canais.
Mais: valem-se da internet para reunir orientações de como se deve escrever uma carta. Ou seja, como é o padrão dessa tendência: é de bom tom, em primeiro lugar, cumprimentar educadamente o destinatário, e, imediatamente, apresentar-se sem esquecer de colocar idade, endereço, ocupação principal na vida e quais as atividades nos momentos de descanso e descontração. A internet ajuda também a descobrir quem está disposto a receber e a escrever. Apesar do auxílio das ferramentas tecnológicas, é inegável, no entanto, que há algo de inovador transitando no território brasileiro. E inspirado numa das mais antigas formas de comunicação.
Quem sabe a juventude tenha se cansado do oco kkk. Escrever uma carta envolve mais sentimentos. É de fato um tempo dedicado para outra pessoa
Ida ao correio
No Brasil já milhares de adeptos, e a mestranda em literatura, Carolina Santiago, 23 anos, pontua de forma objetiva e inteligente esse ato de escrever: “É uma forma de se desligar do ambiente veloz. É bom parar, sentar e escrever para produzir uma coisa à mão. Depois, é preciso sair, ir aos Correios e esperar pela resposta”. Ela conclui: “Sai do contexto atual em que tudo é correria”. Não deixa de ser surpreendente alguém tão jovem falar em “ir aos Correios” em vez de tocar no comando que envia mensagens pelo Whatsapp. Há quem já tivesse o costume de trocar correspondências, abandonou-o, e, agora, até estimulado pela possibilidade de exercer um hobby, retornou à caneta e ao papel. Lygea de Souza Ramos, 36 anos, compõe esse perfil. Cartas na adolescência, tecnologia e só tecnologia na juventude e início da vida adulta, até que em 2017 bateu a saudade das missivas. “Telefone, e-mail, é tudo muito imediatista. Não tem aquele tempo de elaboração como a carta possui”, diz ela. “Escrever cartas é uma forma de demonstrar carinho”.
A antropologia social e a sociologia ensinam que, no campo do comportamento, nada se joga fora definitivamente — muito menos a internet, é claro. Ela vai crescer cada vez mais. Tanto é assim que absorveu a tendência e já existem sites especializados no incentivo ao retorno à letra à mão. É o caso do Envelope de Papel (o nome é culto, original e romântico), montado pela publicitária Mariana Loureiro, 23 anos. “Comecei um grupo de cartas, passei a receber algumas e a me identificar com esse mundo”, diz ela. Com certeza, até recentemente, se um jovem encontrasse na rua um amigo, também jovem, e lhe perguntasse onde estava indo, ficaria incrédulo se a resposta fosse: “até os Correios para enviar uma carta”. Hoje, grupos deles se reúnem e vão juntos postar as suas mensagens. É óbvio que não haveria muita graça, nem sentido, se a juventude voltasse a escrever como nos tempos de seus bisavós – ou seja, nada de “espero que essa lhe encontre bem” ou “escrevo essas mal traçadas linhas…”. Em qualquer atividade cria-se novidades, e um fato que traduz alegria é que muitas dessas cartas são escritas com letras coloridas de diversas cores, combinam-se letras cursivas com letras de forma, e vale enfeitar o papel com adesivos e desenhos.
Como toda tendência sempre contempla o mercado, já são vistas papelarias, cujos proprietários assistiam aos seus negócios minguarem no dia a dia, especializando-se na venda de material — e muitos apostam que o negócio crescerá cada vez mais. “É uma boa resposta para essa época de fake news. Os jovens são espertos e sempre do bem. Ninguém vai espalhar notícias falsas ou ofensas numa carta”, diz o comerciante Joaquim Cohen. Não há a menor dúvida de que ele tem razão. Escrever uma carta é dar um tempo maior de si mesmo para outra pessoa. Existem sentimentos de verdade nessa retomada de comunicação. Além disso, talvez a juventude tenha finalmente se cansado do oco kkk.
Direção Nacional da ADCAP.